
Por todos os lados, águas, às vezes menos, outras, mais revoltas, a certo ponto, cooperando generosamente com a vida existente em outros ecossistemas contíguos, marulham em acordes únicos produzindo sempre sinfonias inacabadas ou desenham na superfície, traços sempre novos que não permanecem, tocadas, momentaneamente se espalham e em seguida, retornam ao conjunto inseparável. Beijam-lhe em rito permanente as extremidades, sem afetar-lhe as bordas.

Por uma rua, você vai, por
outra poderá vir, para chegar às extremidades. Se ao norte, dará de frente com
o que foi o mais charmoso bairro da cidade, de casas que quase totalmente se
foram, onde uma rua já não evoca a lembrança de Maria Antonieta Tatagiba, a
poetisa de São Pedro de Itabapoana, onde se pegava um bonde que levava quem
quisesse até a prainha no sopé do Convento da Penha – Vila Velha. Se ao sul,
encontrará o bairro de Santo Antônio, onde está o grande dormitório no qual
apesar de dor tirana, muitos ainda depõem os entes queridos que nos precedem,
no aguardo do dia da eternidade.

O poeta a incrusta no seu
verso inspirado, o compositor a amalgama nas notas melodiosas do seu canto,
todos se apossam de ambos para externar o amor que lhe devotam.
E se é para falar de
sabores capixabas, nem se olvide a frase mais célebre vazada da inspiração de
Cacau Minijardim que definindo o que com peixes em toda parte se faz, saiu-se
com esta: “moqueca só a capixaba, o resto é peixada”.

É uma cidade ilha esta
Vitória! Pequenina, vestiu trajes de gente grande, abriga mais gente do que o
recomendável para a tal qualidade de vida.
É berço de gentes de todo
porte, de toda expressão, de qualquer sorte. É tudo e de tudo tem para quem a
escolheu como morada. Viu-se constrangida pelo que já não detém, porque a
modernidade roubou, ou em nome do desenvolvimento se fez.
Nem assim perdeu qualquer daqueles
atributos, tal qual eternizada nos versos de Pedro Caetano: Cidade Sol, com o céu sempre azul / Tu és um
sonho de luz norte a sul / Meu coração te namora e te quer / Tu és Vitória um
sorriso de mulher / Do Espírito Santo, és a devoção / Mas para os olhos do
mundo, és uma tentação / Milhões te adoram, e sem favor algum / Entre os
milhões, eis aqui mais um.
Marlusse Pestana
Daher 21
de novembro de 2015 17:00