Com certeza, a luta “é para ser lutada”, não se pode nem se deve esmorecer, obter
êxito em todos os projetos, porque serão sempre lícitos e honestos, é irrenunciável. É mister vigiar, pois, como desde sempre alertam as
Escrituras, “os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz”.
Neste final de semana, em
grupo-de-estudo alguém exemplificou o que disse com a “teoria das brechas”, isto
é, aquele momento em que o lutador prepara o golpe e é exatamente, naquela
fração de segundo em que se prepara para tanto que pode ser surpreendido e
projetado inexoravelmente ao solo. Logo, agilidade e esperteza cidadãs são
componentes que devem integrar qualquer currículo.
Por outro lado, não pode ser
desconhecido que a luta cidadã pode cansar e se prostrar, se quem luta estiver
sozinho, se os que estiverem ao seu lado e sofrerem a mesma consequência, mas
porque naquela particular hipótese, não se sentem atingidos na pele, então
cruzam os braços e optam por serem meros expectadores; a tocarem na
banda, preferem apenas, assisti-la passar.
Estive na ESCELSA, exatamente na sala,
onde as pessoas ameaçadas pela sobretaxa ou pelo corte de energia estão sendo
recepcionadas e pseudo atendidas. Ali, pude constatar por exemplo, que se
alguém levar os requerimentos de toda a família para que seja excluída das
respectivas contas a cobrança da taxa de
“iluminação pública”, mesmo com
contra-fé, não serão recebidos, se não tiver levado o documento de identidade
de todos, pois segundo regras “tais” internas, foi vedado. Se for pedido para
falar com o chefe da sessão, diante do absurdo que se configura, pode ser que
uma funcionária um pouco mais esperta se lembre de conferir ao menos os nomes
de família e então recebe, mas só destes. Se for de outro familiar, mas se não
tiver tal nome, nem pensar. Tem que voltar.
Que regras são estas que produzem
efeitos contra tudo e contra todos e que apesar de serem inferiores à lei,
sequer estão sujeitas como a lei sempre está, ao princípio da publicidade, para
que ninguém a ignore?
Mas há cenas ainda mais
dramáticas! A estimativa para
estabelecimento do limite, para que você não pague pela incompetência alheia,
pode originar-se de meses em que efetivamente seu gasto foi menor, por motivo
de viagem ou porque no ano passado, você não tinha em casa, a família de um
filho ou de uma filha que por qualquer motivo, mesmo temporário, foi
acolhido/a, exatamente neste tempo de “vacas magras” e que no entanto
significará mais gasto de energia.
Pode contar com “dias de Getsemani”.
Sua palavra cidadã não vale, você não é culpado, mas vigora um pressuposto
geral: todos são mentirosos! Tem que provar que tem mais gente em casa,
com documento, tem que voltar depois, com tudo certinho, se não, não tem jeito,
“tem que pagar e não se fala mais nisto, porque são normas internas”.
E naquela sala, as cadeiras simples
para serem usadas por breves instantes de um atendimento, se tornam autênticos
divãs de analistas, onde as pessoas extenuadas por tantos obstáculos, aflitas e
ameaçadas, começam a desfiar o rosário das angústias que provam pelas ameaças
que coisas como “apagão etc e tal” passam a representar em suas vidas.
Estou querendo saber qual a
interpretação que vem sendo dada ao preceito constitucional que por sinal se
constitui em objetivo nada menos que fundamental, da República Federativa do
Brasil, o de promover o bem de todos
sem restrições de qualquer sorte ou em virtude do que quer que seja.
Está complicando cada vez mais!
Quando o cidadão pensa que resolveu sua vida, que pode desfrutar da paz que construiu
para seu desfrute, lá veem “apagão e congêneres”, provocando-lhe, não bastasse
outros problemas que já tem como falta de segurança e tudo o mais que todo
mundo sabe, mais uma causa de angústia que certamente, refletirá na sua saúde
que já pode “não andar assim tão bem” e
consequentemente, no seu orçamento.
“Reclamar com o Bispo” não dá jeito,
mas o povo pode salvar o povo. Vamos querer?
02/07/01