A Constituição de 1988 proporcionou a criação das condições necessárias para 
a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
 afastando-se da doutrina da situação irregular para se vincular 
à doutrina da proteção integral, pela qual toda criança ou adolescente é considerado
 sujeito de direitos e por se encontrar em fase especial de desenvolvimento, 
necessita, portanto, da proteção do Estado. 
Adv Everton André Luçardo Borges
Não sou contra a redução
da maioridade penal, sou a favor de que os direitos fundamentais de todas as
pessoas sejam indistintamente reconhecidos, dando a cada uma os meios de
gozá-los e cumpri-los. 
 Sempre se disse que o Congresso
Nacional é movido à ocasião, que o
legislador não usa da acuidade necessária no sentido de que no destino, a norma
seja eficaz. Porque dizer: “as leis são como salsichas, se soubéssemos como são
feitas não as comeríamos”.
Sempre se disse que o Congresso
Nacional é movido à ocasião, que o
legislador não usa da acuidade necessária no sentido de que no destino, a norma
seja eficaz. Porque dizer: “as leis são como salsichas, se soubéssemos como são
feitas não as comeríamos”. É ruidosa a grita por implantação de políticas públicas, na direção da educação e da saúde. Entretanto, ainda não se viu determinação necessária ou vontade de realizar, por parte dos que recebem o poder que emana do povo, mas o esquece e age em vista de seus interesses, da consecução do próximo mandato, mesmo com o sacrífico dos interesses do Estado como um todo.
Quer-se reduzir a maioridade penal.
Preparemo-nos para ver adolescentes de idade inferior serem usados com o mesmo
fim. 
 Tendo atuado na Vara da Infância e
adolescência credencio-me a falar por experiência vivida. Atendi mãe pedindo
que o filho fosse “preso”; mãe fingindo que era manca com pano na boca como se
babasse, pedindo entrega do filho; adolescente que matara cinco pessoas, a
última reduzida a pedaços, posta em saco e jogada num rio. Praticamente, todas,
famílias uni parental, sem emprego, sem salário, habitando guetos, quem sabe,
vivendo do resultado da prática dos atos infracionais perpetrados por esses
mesmos filhos.
Tendo atuado na Vara da Infância e
adolescência credencio-me a falar por experiência vivida. Atendi mãe pedindo
que o filho fosse “preso”; mãe fingindo que era manca com pano na boca como se
babasse, pedindo entrega do filho; adolescente que matara cinco pessoas, a
última reduzida a pedaços, posta em saco e jogada num rio. Praticamente, todas,
famílias uni parental, sem emprego, sem salário, habitando guetos, quem sabe,
vivendo do resultado da prática dos atos infracionais perpetrados por esses
mesmos filhos. 
O delinquente é produto da desordem
na qual foi gerado, foi criado e vive. É produto do meio sim, porquanto,
suscetível de receber influências de toda parte, desde o glamour do estrelato,
à opulência do poder, ao encantamento do aplauso, à ganância do ter. Se não
alcança, toma outro rumo no qual, ao menos aparentemente, encontra o que
procura. 
Não se vai ao alto pelo último
degrau da escada. Não nos faltam leis. Ignoramos o que ditam. Nenhuma, por si,
alcança o próprio fim.  Não será a
segregação em prisões que reduzirá a criminalidade. Ali, se  formam doutores nela. 
Antes, importa que se proceda ao
reconhecimento da condição de pessoa da pessoa humana, a cada uma seja dado o
que é seu. Coloquemos esse contingente de crianças na escola, propugnemos no
sentido de que pela educação sejam despertadas suas virtudes, o potencial de
dotes em tantos sentidos e áreas que com certeza todas têm. Façamos com que
ouçam nossos aplausos. 
A Nação que não educa suas crianças deve-se
envergonhar de puni-las na idade adulta. 
 
 
