Em 1980, no ABC paulista,
fundou-se o Partido dos Trabalhadores, que hasteou as bandeiras da ética e da
moralidade, além de forma diferente de governar: transparência, honestidade e
eficiência, ideário que seduzia quem almejasse mudanças substanciais, sérias e
justas. Ledo engano!
Confesso que não ingressei
no PT por duas razões: não me convidaram e não sou de me oferecer: “peixe
oferecido, está podre ou moído”!
Esperava, como milhões, que
o PT, no Poder, efetivando a bandeira da “ética” e da “moralidade”, e adotando
“forma
diferente de governar”, resolveria, em tempo razoável, os principais
problemas do País, sobretudo os centrados na Educação, na Saúde e na Segurança
Pública.
Infelizmente, o PT, apoiado
na chamada “base aliada”, desde logo revelou seu DNA patrimonialista: conduta
promíscua, que não distingue interesse público de interesse privado, de que é
parte integrante a expressão sui generis - “eu não sabia” – que tem
sido muito usada inclusive por Lula e Dilma, segundo o doleiro Alberto Youssef.
Senão, vejamos:
Luiz Inácio Lula da Silva,
ainda na Presidência da República, disse que “não sabia” do “Mensalão”
e que foi “traído”, para, depois, admitir que dele soube através do ex
Deputado Roberto Jéferson (PTB-RJ).
A Presidente Dilma
Rousseff, como aluna aplicada, também disse que “não sabia” que o parecer
alusivo à compra da refinaria Pasadena era “técnica
e juridicamente falho”, razão do
prejuízo de U$ 1.18 bilhão à Petrobras.
A Presidente da Petrobras, Graça
Foster, também disse que “não sabia” que desde 2006 havia comitê
interno na refinaria Pasadena, nem
que, nela, a Petrobras era representada por seu ex-diretor, o “Paulinho”,
íntimo de Lula.
O Vice-Presidente da Câmara,
André
Vargas (PT-PR), usou jato fretado (R$ 100.000,00) pelo
supracitado doleiro para ir, com a família, de Londrina (PR) a João Pessoa
(Pb). Censurado, disse que “não sabia” que a PF investigava Alberto,
seu amigo e “irmão” há 20 anos e chefe de esquema criminoso. Mas admitiu ter
sido "imprudente", ao aceitar o “verdadeiro presente de irmão”!
Concluindo, indago: a
expressão “eu não sabia”, causadora de danos morais e matérias
irreparáveis, é reflexo da cultura de um “modo diferente de governar”, ou é
parte integrante da mentalidade patrimonialista, que herdamos dos colonizadores? Deixo a resposta para
quem, por acaso, vier a ler este modesto artigo!
Salvador Bonomo
Ex Deputado Estadual e
Promotor de Justiça aposentado
Vitória, ES, 24.10.2014.