Ficar em casa,
simplesmente, me agrada de montão. Mas não posso, porque não cozinho, devo sempre
sair, ao menos para o almoço. Tenho ainda obrigações que derivam do coração, ir
sempre ao encontro de alguém, assim, embora possa ficar muito tempo em casa, não
posso ficar todo o tempo.
Mas nem desgosto, quando
saio encontro pessoas, outras apenas vejo, são as que não me conhecem e eu
também não. Assim, seguimos paralelamente por ai, cada uma pro seu destino.
Por que há sempre alguém
pedindo? Sou meio avessa a dar esmolas, menos que mais atendo a tais pedidos, a
não ser que olhe bem e o íntimo me diga: esse
ai precisa ajudar.
Incomodam-me ainda as tais
“estátuas vivas”, os “acrobatas de plantão”. Quando elegem um semáforo, ali
permanecem dias a fio, estendendo seus chapéus para as mesmas
pessoas, pois são sempre as mesmas de manhã, de tarde ou à noite as que passam
por ali.
Estacionei o carro e inevitavelmente,
tive que passar por um homem que estava sentado na calçada, abordando todos que
passavam. Pedia um real para completar não sei o quê. De volta do meu destino, tornei a passar por
ele, agora queria dinheiro para tomar café amanhã de manhã. Neste segundo
momento, reparei que não estava só, uma mulher já se encolhera todinha no vão
de uma porta, de costas para quem passava, dormia(?).
Quando o movimento de
pessoas cessar, certamente, ele também vai-se encolher por ali de qualquer jeito,
para, se dormir, não sei, mas a espera do amanhã.
O que pretenderá fazer? Continuar
perambulando e quando a noite voltar, voltar a pedir ajuda para tomar café no
outro amanhã...
Não é vítima das
enchentes, as vítimas são pessoas que perderam tudo, portanto que tinham uma
casa e um mínimo de utensílios domésticos e outros adornos da mesma.
Trabalhadores que, esses sim, merecem ser ajudados com tudo que pudermos com
eles repartir, o que lhes pudermos dar, para que sejam suavizadas as dores que
provam e possam reconstruir suas vidas.
2014! Já se passaram 2013
anos desde que o Galileu pisou essa terra e os problemas só se avolumam, não se
consegue debelar a fome, não se é sensato bastante para cuidar e evitar
catástrofes que se mostram mais violentas em relação a uma única pessoa do que
o foi esta em seu confronto.
Temo que haja pouco a
fazer enquanto todos não decidirem que o rumo de todos é único, que importa que
todos caminhemos na mesma direção, em busca de objetivo comum e ao encalço da
mesma sorte.
Entrementes, sem
preocupação de que se o outro faz ou deixa de fazer o que tem de fazer, façamos
nós, não deixemos de fazer o que nos compete fazer.
Vitoria, 05 de janeiro de
2014
22:05