domingo, 17 de novembro de 2013

SIMBORA PRO SHOPPING

Tarde de sábado, mas que delícia! Trabalhou-se durante a semana, hora certa de entrada de saída, de refeição, tudo para no final do mês ter nas mãos, e viva, um salário mínimo, alguns, um pouco mais.


Logo, é mais que compreensível que se juntem os familiares que puderem, alguns amigos de galera e a palavra de ordem è: simbora pro shopping. Adentram pela porta principal, vieram de ônibus, o ponto fica nessa direção.
Riem e brincam o tempo todo. Cada um traz na mão um celular e embora conversem, ninguém desgruda da emissão de mensagens, de falar com outrem, assunto sem importância, absolutamente nada que não pudesse ficar para depois, ou deixar para a oportunidade do primeiro encontro.  Mas, ora bolas! Celular é para usar! Tá certo... 

Na proximidade de algum restaurante, juntam mesas e deixam outras desprovidas de cadeiras, sentam-se e o papo rola solto... Boas gargalhadas, o invariável tom de gozação de alguém do grupo que se safa como pode. Não faltam alguns petelecos na careca de quem a tem.  Até que comem alguma coisa, um prato grande de batatinha frita que fica no centro, é acessado por todos.

Quem precisar de uma mesa para sua refeição se vire em procurar cadeira ou, saiba que na parte externa, sob o toque do vento que traz maresia, quem sabe ainda poderá encontrar um lugar.

A turma encontrou o seu, para jogar conversa fora e só quando alguém começar a denotar enfado, passará a sensação a todos que se levantarão um a um e vão ver vitrines ou exposição de quase tudo.

Continuam a não pensar em compras. O salário não permite aventuras de consumo. Há sempre quem já vivenciou a experiência de comprar à prestação, do ter-se endividado acima das próprias possibilidades, ou ter esticado as pernas além de onde o lençol poderia chegar e mesmo que a experiência de um homem não empreste suas asas a outra homem, conforme escreveu Gibran, também é verdade que convêm colocar a barba de molho, quando vir a do vizinho arder.

Ir ao shopping é mesmo só curtição. Formar um grupo que tenha o mesmo gosto, sair, conversar, rir, passear, ver, depois voltar para casa. De ônibus, é claro. Pensando bem, significa não ter que pagar estacionamento, caríssimo, só isto faz a fortuna de quem recebe.

E agora?  eu que  coloquei no fundo da bolsa a cena, ávida de transformá-la em crônica me pergunto: como terminar?

Aprendi que se pode ser feliz e rir com pouca coisa, e me vem a mente aquela frase antiga usada por um forrozeiro para cantar: o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada.  

Marlusse Pestana Daher

Vitória, 17 de novembro de 2013

13:37