LENDO A VIDA. É
tarde, supus que faz parte da rotina deles,  enquanto o sol se põe, fazer um a caminhada à margem do Prata. 
Atravessam rapidamente a grande avenida, aproveitando a parada dos
carros ordenada pelo farol. No calçadão, a caminhada se inicia em bom e bem cadenciado passo,  mas não
sem antes, ela ter o cuidado de dar o braço a ele e lá se foram até que se
esgotou minha contemplação. 
Montevidéu, 31 de
agosto de 2012 – por volta das 17. 
ELE E ELA
No princípio era
ele 
quem  dava o braço a ela.
Se estavam de mãos
dadas,
quase um passo a
frente, 
Era ele quem a
guiava.
Foi ele quem
determinou
onde a família foi
morar
de onde seria
natural a prole
de quase tudo
cuidava. 
Depois, um a um os
filhos 
tomavam seus
destinos
e se repetia com
pequenas mudanças
a velha história. 
Hoje, ambos têm
Significativamente,
diminuídas as forças.
Ele está menos
vigoroso,
diversamente, não
se dirá dela. 
Mas é ela que como
se o tempo não tivesse passado, 
mãos ao leme,
conduz o barco.
Gerencia a casa, as
contas, os negócios, 
as próprias vidas
dos dois. 
Finalmente, e
ainda, 
contrariamente, a
como era no princípio, 
quando caminham, 
quem dá o braço a
ele é ela.
 
 
