Todos nos devemos manter atualizados, saber o que se passa ao nosso lado, além de nós, e até em outras fronteiras.
O meio destinado à promoção desta possibilidade é a mídia: jornais, televisão, rádios e revistas. Entretanto, já há pessoas que se recusam a ler jornais. Uma expressão comum entre muitas é a de que, “se torcermos o jornal, sai sangue”, traduz-se em dizer que as notícias estampadas em suas páginas são sempre de desastres, crimes de toda sorte, morte.
De fato, os jornais optaram preferencialmente por anunciar o mal, as coisas ruins que acontecem. Dizem que é disto que o povo gosta e se não usarem de tal expediente, o jornal não é comprado. É claro, que como empresas que são, devem dar lucro. Daí ser este o principal objetivo deles.
Antes de escrever, examinei ao menos seis edições de um determinado jornal e a constatação não foi outra.
Entretanto, os que cremos em Deus não nos podemos incluir entre os arautos do caos. Importa crer que “Jesus Cristo é o Senhor”, (Fil. 2,11) que são muito mais os que creem nele, do que os que o renegam e que, numa “nação, cujo Deus é o Senhor”, (Sl 143,15) não obstante as aparências, devemos continuar acreditando, que nem tudo está perdido.
Podemos ter desviado o rumo de muitas coisas, muitas mesmo. Perdemos o sentido da grandeza de Deus, deixamo-nos levar por outros deuses e seguimos ao invés dos verdadeiros pastores, lobos vorazes.
Perdemos o rumo da família que “recebeu a missão divina de ser a primeira célula vital da sociedade... se torna uma espécie de santuário doméstico da Igreja, quando a piedade de seus membros os reune na oração comum, ... pratica a hospitalidade, promove a justiça e se põe a serviço dos que passam necessidade”. (Vat II 955). Somos levados a não levar a sério a voz da consciência e, mesmo, quando sentimos os apelos que nos são feitos de forma categórica, achamos que o destinatário pode ser “um outro”.
A Palavra de Deus é ouvida, mas pouco posta em prática. Abdicamos do nosso potencial de cidadãos e não nos posicionamos de forma mais categórica ante os representantes que elegemos, que não cumprem o que prometem, e ainda assim, levados por falsos cantos de sereia, os discursos de palanque, acabamos por reconduzi-los aos cargos dos quais se valem, somente, para a própria promoção.
Marginalizamos ou não conhecemos nossos direitos, ao invés, somos capazes de criar, inexistentes.
Formamos a comunidade humana que só será bem definida, só será plena e conduzirá todos a serem efetivamente iguais perante a lei, se todos, neste sentido, se empenharem.
Nós também formamos o que na natureza se chama de ecossistema, comunidade de seres vivos que se entrosam, colaboram uns com os outros e ainda servem ao homem, por acréscimo. Já dissera Raul Folereau: “ninguém tem o direito de ser feliz sozinho”.
É preciso buscar o bem e saber contrapô-lo ao mal. É preciso não comprar o jornal puro sangue. É preciso proclamar pelas ruas e praças que o bem existe.
O bem é de Deus e assim é discreto, age silenciosamente, persistentemente, dá sem nada pedir em troca, é fermento que leveda a massa e a faz crescer. O mau precisa de palco e dá espetáculo para ser visto.
Não é verdade que tudo vai de mal a pior. Ou o sacrifício redentor do Cristo, Filho de Deus, de nada teria valido.
Talvez precisemos mudar as cores das lentes dos óculos através dos quais contemplamos as coisas e acabaremos por constatar que como o bem não faz barulho, o barulho não faz bem.