sábado, 10 de setembro de 2011

DIA DO ANIVERSÁRIO

O dia do aniversário é uma ocorrência que produz muitos e diferentes sentimentos. Para as crianças é uma delícia, estão sempre na expectativa dos presentes. Mesmo que acabem por ganhar coisas que já tenham, é sempre prazeroso, rasgar aquele pacote feito com papel colorido, imagens de animais ou coisas que lhes são familiares, frutos de sua imaginação. Preferem os brinquedos às roupas, recebem, mas não é que festejam.
Os adolescentes não diferem muito o comportamento, ainda que os interesses já se concentrem em ornamentos e outros objetos ou utensílios mais comuns aos jovens, é que têm pressa de crescer.
Para os jovens, aniversário é curtição, caretice se comemorado em casa com convidados que se juntarão em torno do bolo de velas para aquele tradicional Parabéns, podem até aceitar, mas já é expressivo o número dos que preferem substituir a festa dos 15 anos, por uma viagem, por exemplo.
De acordo com o tempo de vida o aniversário vai assumindo outras conotações. Estar rodeado dos familiares e amigos é agradável, até faz-se questão de propiciar o encontro e tudo ainda corre com muita naturalidade.
Mas quando chega lá pelos... Bem difere de pessoa para pessoa, pode ser que a primeira ruga seja descoberta e a sensação é que lhe acrescenta certo charme. Os exames ante um bom espelho passam a ser fequentes, ainda que nem para todos, mas em geral, todos ante a constatação de que elas (as rugas) agora se vão multiplicando, não deixam de provocar uma sensação de desconforto, próprio da certeza implacável do significado que têm: a juventude se vai ou já se foi.
Depois, pode ser que os anos já não contem tanto. E o vivente se aboleta na tranquilidade do tempo e o vai deixando passar, ora na sensação daquele friozinho indiscreto... estou cada vez mais chegando lá... Faço 60 anos, cheguei a melhor idade!
           Eu na melhor idade? Faço 70 anos... pronto! Cheguei ao ápice... sim? Não? O que ainda representa viver? Ora, e não é bom, deixando vergar os ombros, resignar-se à lentidão dos passos e buscar em remédios a solução para o mínimo desconforto que sente, entregue à certeza de que só lhe resta  sentar na “cadeira do  papai” ou naquela de balanço, ler o jornal, assistir televisão, pensar naquele tempo, ou simplesmente, ver a banda passar.
Não são os anos que importam o que importa é a vida e ela traz, em cada uma das suas fases, novidades que só descobrem os que a concebem como um dom.  Importa, pois conceber a vida como uma caminhada. O percurso é o mesmo, nem mais curto, nem mais longo.
Se o passo é lento ou arrastado, atrasa-se mediante o risco de não fazer todo o percurso e ter que sucumbir em qualquer lugar, o que vai acontecer com perdas significativas, desavisadamente. Toda viagem tem sua beleza, o caminho é cheio de surpresas, de alegrias, de encontros, de desencontros, de superação e de calmaria, há sempre uma paisagem na beira do caminho, a cada dia resplandece a aurora e é indizível o entardecer.
É preciso não arrefecer, crer que no final está o mais bonito. Tão mais bonito quanto maior for nossa curiosidade ou capacidade de compreender com que, principalmente com Quem nos deparamos e que desde toda a eternidade permaneceu a nossa espera.
Ai terá valido a pena viver!