Homilia no XXI Domingo do
Tempo Comum A 2011
1. O sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI, está em Madrid, desde o dia 18 e até ao final do dia, deste Domingo. O venerável ancião, de cabelos brancos, veio até à capital espanhola, encontrar-se com jovens do mundo inteiro, para os confirmar na fé em Cristo, «num momento em que a própria Europa tem grande necessidade de reencontrar as suas raízes cristãs» (cf. Mensagem para a JMJ 2011)! Desde há muito tempo, e por estes dias, os jovens preparam esta Jornada Mundial, tendo como ponto de reflexão uma interessante frase de São Paulo: «Enraizados e edificados em Cristo... firmes na fé» (cf. Col. 2, 7).
Jornada Mundial da Juventude - Madri - Espanha |
2. O Evangelho deste domingo permite-nos, aliás, com grande oportunidade e actualidade, e até em continuidade com o dos domingos anteriores, desenvolver a nossa reflexão, em torno da fé, que se quer «enraizada, edificada e firme».
2.1. Comecemos então pela primeira pergunta de Jesus aos seus discípulos: «Quem dizem os homens, que é o Filho do Homem»? É uma espécie de sondagem à opinião pública, sobre Jesus. E pelo eco das respostas, vemos que Jesus era tido em boa conta, na galeria dos grandes da história do seu Povo. Mas faltava ainda conhecer e reconhecer a sua verdadeira identidade, enquanto Messias e Filho de Deus! Naquele tempo, como agora, “o acesso a Jesus tornou-se difícil. Circulam tantas imagens de Jesus que se fazem passar por científicas e O privam da sua grandeza, da singularidade da Sua pessoa”(cf. Mensagem). E, nesse contexto, o Papa desafiou os jovens, a enraizar o conhecimento pessoal e vital de Cristo, a partir das verdadeiras fontes, «tal como a árvore plantada, perto da água, que estende as raízes para a corrente» (cf. Jr 17, 7-8). E enuncia as fontes onde a fé se enraíza: «Abri e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Entrai em diálogo com Cristo, na oração, dai-lhe a vossa confiança: ele nunca a trairá! Conhecei-o mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica. Aprendei a «ver», a «encontrar» Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo. No Sacramento da Penitência, encontrai o seu perdão. Reconhecei e servi Jesus também nos pobres, nos doentes, nos irmãos que estão em dificuldade e precisam de ajuda». Só assim se alcança uma fé madura, sólida, que não estará unicamente fundada, num sentimento religioso, ou numa vaga recordação da catequese da vossa infância(cf. Mensagem para a JMJ 2011).
2.2. Só assim é possível responder, pessoalmente, à segunda pergunta, a mais difícil: «E vós quem dizeis que eu sou»? Agora, já não basta uma fé de «ouvir dizer», uma fé herdada, aprendida, porventura estudada! Porque «a fé cristã não é tanto crer em verdades, mas é acima de tudo uma relação pessoal com Jesus Cristo, é o encontro com o Filho de Deus, que dá a toda a existência um novo dinamismo» (cf. Mensagem para a JMJ 2011)«um novo horizonte e deste modo um rumo decisivo» (DCE 1)! Para chegar à fé, é preciso tocar a Cristo, topar com Ele e confessar, com Pedro e como Pedro: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Ou dito de outro modo, é preciso chegar a dizer, do mais fundo da alma: “Tu, ó Cristo, és o verdadeiro tesouro, pelo qual vale a pena sacrificar tudo! Tu, ó Cristo, és o amigo que nunca nos abandona, porque conhece as expectativas mais íntimas do nosso coração! Jesus, Tu é o Filho de Deus vivo, o Messias prometido, que veio à terra oferecer à humanidade a salvação e satisfazer a sede de vida e de amor que habita dentro de mim”.
2.3. A esta profissão de fé da parte de Pedro, Jesus responde: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Pedro torna-se então a pedra, aquele de quem Cristo se serve, na Igreja, para confirmar a fé dos irmãos! Vede: Cristo quer tornar-nos firmes na fé, através da Igreja! Assim, a nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está ligada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas, pelo Baptismo, somos membros desta grande família! É a fé professada pela Igreja que dá segurança à nossa fé pessoal! O credo que proclamamos na Missa Dominical protege-nos precisamente do perigo de crer num Deus que não é o que Jesus nos revelou: «Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sozinho, sem ser motivado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para guiar os outros na fé» (Catecismo da Igreja Católica, n. 166). Não acreditemos em quantos nos dizem que não temos necessidade dos outros, para chegar a fé ou para construir a nossa vida! Ao contrário, diz o Papa aos jovens e digo-vos eu também: «apoiai-vos na fé dos vossos familiares, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por a terdes recebido e feito vossa»!
3. Queridos irmãos e irmãs:
A opção de crer em Cristo e de O seguir não é fácil; é dificultada pelas nossas infidelidades pessoais, e por tantas vozes que indicam caminhos mais fáceis. Não nos deixemos desencorajar! Procuremos antes o apoio da comunidade cristã, o apoio da Igreja. E, sobretudo, agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela faz-nos progredir com segurança na fé, que nos dá a vida verdadeira (cf. Jo 20, 31). Queira Deus, que, para todos os jovens (e para todos os homens), que desejam professar a sua fé pessoal em Cristo e torná-la firme, na fé da Igreja, o Papa Bento XVI se torne aquela “pedra” sobre a qual todos se possam apoiar com segurança!
Disponível em ABC da Catequese