Além daquelas ameaças que sempre rondaram nossas vidas, hoje se acresce uma incerteza: a de saber, se quando saímos de casa iremos voltar.
Todos os dias jornais e TV nos proporcionam avalanches de notícias tristes. Enchentes, deslizamento de barreiras aqui, vendavais ali, terremoto acolá e como se não bastasse humanos se voltam contra seus semelhantes, fazem reféns, colocam sob mira de revólveres, assaltam, matam.
Foi um entre tantos, o caso daquela moça que passava casualmente pela calçada de um estabelecimento comercial que acabara de ser assaltado.
O bandido, tem-se que usar este termo, o bandido em fuga rouba-lhe o celular, prossegue correndo, não sem voltar-se para trás, disparar contra ela e a pobrezinha morre ali mesmo, na hora, antes que tenha tido tempo de refazer-se do trauma sofrido. É mais uma vítima indefesa a perder a vida.
Não foi a primeira, não será a última, malgrado nosso.
A tudo assistimos atônitos, sentindo-nos impotentes. É verdade que não nos falta consciência de que importa proceder a uma mudança real de paradigmas; importa crer que somos todos responsáveis e como tal devemos procurar saber o que é que devíamos fazer e não estamos fazendo, como devemos agir e não estamos agindo, nos omitimos.
A maioria de nós está inerte, a maioria aboletou-se no banquinho de sua comodidade e não assumimos nosso lugar no grande espetáculo da vida, não desempenhamos nosso papel na luta em que tantos pessoas cotidianamente se cansam e se consomem buscando transformar as situações de injustiça que existem, procurando despertar nossos governantes que dormem, enfim tudo fazendo até porque, como está todos acabam perdendo.
Há crianças vindo ao mundo de forma irresponsável, seus direitos, apesar do slogan “criança prioridade absoluta”, não são respeitados. Suas mães não teem como proporcinar-lhes um ambiente sadio onde se desenvolverem, alimento suficiente, as vezes ainda que o mínimo do mínimo indispensável.
Comem mal, vestem-se mal, não estudam porque acabam desestimuladas e abandonam a escola, trocam a casa pela rua, mas há sempre uma forma que acaba por lhes permitir saber que existe um mundo mais atraente do que aquele em que vivem.. Descobrem também que é com dinheiro que se compra “tudo”.
E porque são frágeis, acabam por se tornar presas fáceis dos chefões de poderosas quadrilhas e ainda adolescentes enveredam pelos caminhos pedregosos do tráfico, do assalto à mão armada, dos homicídios, etc, etc. Muitos morrem antes da vida amanhecer.
Viver sob o temor do que nos pode acontecer de um momento para o outro, pois ninguém está livre, é certo não é a solução.
Existem muitas pessoas vigorosas e capazes que sob o pretexto de se terem aposentado, entregam-se a dolce far niente, mesmo sendo capazes de contribuir para que as coisas mudem.
Conclama-se todos a arregaçarem as mangas. É preciso querer e querer é poder.