O
clamor por justiça brota não só da ocorrência de um fato delituoso: homicídio,
assalto, seqüestro ou qualquer outra conduta socialmente reprovável, já
prevista em lei, mas da constatação arregaçada de como não somos todos livres e
iguais, como há diferenças a nos dividir em classes e quanto são mentirosas as
políticas que fingem resolver problemas, quando não passam de meros paliativos,
momentâneos e escravizadores, que resultam em reverência servil e dependência
eterna de quem recebe a esmola em relação a quem a dá.
Não
tive a menor dúvida, muito antes da campanha eleitoral, de que o Sr. Luiz
Inácio Lula da Silva se reelegeria como Presidente da República. É praticamente
impossível, vencer alguém que passa quatro anos, (tudo bem, três anos e meio)
no mais alto topo da mídia, proclamando as próprias virtudes, (mesmo que pseudo
sejam), divulgando seus feitos, sem que entre na cabeça da maioria que o ouve e
vê, que realmente é formidável.
Isto
também explica a reeleição do Governador Paulo Hartung.
O
que não deve haver, portanto, é reeleição, pois a força do poder atrai e muito,
faz invencível quem o detém.
Diante
do fato consumado, a opção mais lúcida é sobrepor a cidadania a tudo e fazer
com que sua alma, sustentáculo da democracia, dite as iniciativas e atos, a
forma com que nos devemos doravante comportar, pois já não somos (gregos), petisgregos
ou (troianos) alkiminianos, todos somos brasileiros!
E como brasileiros, devemos querer uma Pátria sempre
mais engrandecida e orgulhosa dos feitos – ainda que custe heroísmo – dos seus
filhos, de sua gente, de quem a elegeu para transcorrer os dias de sua vida, os
que a escolheram, como segunda mãe.
O
discurso da igualdade, a miséria, a pobreza, o exílio de tantos da própria
terra, ainda que continue vivendo nela, todas as formas de discriminação
fizeram nascer no ânimo de muita gente, uma suposta luta em busca de justiça
social.
Esta
muita gente projetou-se então em direção de quem é por ela vista como
responsável pela injustiça, os que não padecem desigualdade, estão distantes da
miséria, são ricos e vivem como senhores da terra, não sabem o que é
discriminação.
Já
afirmara Rousseau (Discours sur l´Origine de l´Inégalité – 1754): “a natureza estabeleceu igualdade entre os homens e eles estabeleceram
a desigualdade”. Malgrado nosso, “este
mito virou um dogma falso”.

Nem
se olvide que a inveja pode ser a principal mola propulsora associada a tal
pseudo vontade de fazer justiça. Como afirma Eduardo O. C. Chaves: “A inveja
tem sido associada, historicamente, tanto ao sentimento de tristeza que a
felicidade dos outros causa ao invejoso, como ao sentimento de alegria que este
sente ao ver a infelicidade, o infortúnio, a miséria, daqueles que inveja.... O
sentimento de inveja, não importa sua variante, jamais é admitido como tal: é
sempre ocultado, dissimulado, mascarado de algum outro sentimento”.
No
seio da própria Igreja Universal-Católica e Apostólica, ventos de mau agouro,
vozes estridentes se encarregam de não somar e até de dispersar forças. O “quem
não recolhe comigo dispersa” é aplicado
ao inverso.
Tudo
acarretando como conseqüência o distanciamento daquele dia em que “todos verão
brilhar a igualdade na terra”, para que sejamos “um só rebanho sob a batuta de
um só Pastor”.