Tyndall
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Tyndall, esposo de Elza Cunha |
Quando
um grande amor falece,
embota
o estro, a poesia.
A
saudade fortalece
sob
o véu da nostalgia.
Tenho
o coração aquecido
pelas
saudades sem fim.
Ao
lembra-te meu querido,
que
tristeza vem a mim.
Agora
que já partiste,
não
tenho inspiração.
Meu
viver é sempre triste.
Saudades
no coração.
O
Que me Restou
(
Em memória de meu esposo José Tyndall
Pires )
O
que me resta da vida?
Pergunto
ao espaço afora.
De
tua visão encanecida
resta
a dor, que sinto agora.
O
que me resta da vida
Se
quero escutar-te -Em vão.
De
tua voz estremecida.
,o
que me resta? - Solidão.
O
que me resta da vida?
-
Sinto do inverno a estação.
Já
não me sinto aquecida
juntinha
ao teu coração.
O
que me resta da vida?
Da
nossa felicidade?
De
tua imagem querida?
O
que me resta - Saudade...
Dos
longos anos vividos,
um
consolo me restou:
Bondosos
filhos queridos,
sendo
que, tu, Deus levou.
Lamento
(I)
(
A meu esposo )
Irrequieta,
tristonha, coração opresso,
vislumbro
nos lares música e alegria,
enquanto
eu, à passos a solidão meço,
possuída
de tédio e dura nostalgia.
Ano-Velho,
adeus!... Ano-Novo te peço:
-dá-me
tuas mãos, livra-me desta agonia!
Reconduza
o júbilo de mim egresso,
que,
tento deter e mais se distancia...
Amargurada,
em vão procuro esquecer
o
teu ser ausente, à noite da esperança!
Uma
página que se vira, lembrança.
Plena
de alegria, também o sofrer,
este,
o companheiro errante que não cansa
de
se fazer presente, e a todos alcança.
Frustração
(III)
A
infelicidade que em mim existe
com
as lágrimas sempre a tremular,
são
filhas da desilusão, que insiste
em
dominar meu ser, estrangular.
Em
torno de mim, é tudo tão vazio
de
estímulo, idealização e carinho.
A
alegria do viver me distancio,
arruinando
o que é belo em meu caminho.
Muitas
vezes, desejo a paz na morte.
Triste,
mas, solução definitiva,
pondo
término à minha infeliz sorte.
A
máscara do riso, tombaria
para
sempre. Esta, arma caritativa
que,
com a dor, comigo finaria.
Retalhos
da Alma (IV)
(
A meu esposo)
Se
meu coração cansado do amargor,
marcar
o compasso da vida que se vai,
desejo
calma, não quero pranto, a dor,
que
esta alma parte, qual perfume que se esvai.
Acenando
adeus, a lágrima da agonia
deslizará
suave, conduzindo a paz,
iluminando
por momento a face fria
liberta
da vida que, lhe foi falaz.
Peço
a Deus que no meu sono derradeiro
encontre
a ventura, que sonhei acordada.
Almejo
a quietude da eterna morada.
No
silêncio da campa, quisera o cheiro
das
flores, ouvir os pássaros cantores,
risos
de crianças, tríduo de meus amores!
Tarde
Sombria
( A meu esposo José Tyndall Pires )
Numa
tarde tristonha e sombria,
vendo
teu corpo baixar à campa,
as
lágrimas o meu rosto cobria
em
sulcos, que só na dor se estampa.
Surpresos,
amigos e parentes
passo
a passo sufocam os seus ais.
Tudo
consumado... Entrementes,
punhados
de terra, dor, nada mais.
O
véu da noite cai. A tarde encobriu.
Da
solidão me fiz companheira.
Eras
meu tudo, a morte destruiu.
Conturbada
pela dor, olho o céu,
e
vejo a lua de certa maneira.
Ela
também chorava, e se escondeu.