domingo, 19 de novembro de 2017

FÁBULAS, FANTASIAS FANTÁSTICAS

O Prof. Doutor Francisco Aurélio Ribeiro escreveu “as orelhas”  do livro ESTORIAS DE BICHOS CONTADAS PELO POVO. Eis o texto que depois de ler saberá muito mais sobre lendas e tradições, a transmissão das coisas pela oralidade.


Prof. Francisco Aurelio
A Cultura ocidental sempre se marcou por duas maneiras básicas de pensar a realidade social: uma, nivelada pela escola, pela educação formal, nacional, intelectualista e diretamente associada a uma elite, ao poder econômico, a uma minoria, numa sociedade de classe; outra, primitiva, rica, múltipla e multifacetada, tem suas origens nas tradições populares, no folclore, na grande massa, muitas vezes  ágrafa, e cuja transmissão  cultural se faz pelo oralismo, de pai para filho.

Apesar de todo convencionalismo, de toda imposição acadêmica como a escola, principalmente, como aparelho reprodutor da ideologia do Estado na célebre fala de Althusser, procura determinar a “cultura”, o que a história da civilização tem demonstrado é que a cultura vinda diretamente das massas populares acaba sempre ocupando o seu espaço e perpetuando-se, à margem do poder, mas dentro do sistema.

Hermógenes, o grande poeta popular, pesquisador do folclores, não por mera ‘curtição acadêmico-universitária’, mas por ser e viver junto com o  povo, do qual nunca se desligou, representante das raças índia e negra, tão discriminadas pelo poder letrado, branco, cestão e e luso, nesses longos anos de colonialismo, apresenta-nos, agora, o seu “Estórias de bichos contadas pelo povo”, co-edição da FCAA e da SEDU, para o projeto “Salas de Leitura” com apoio da FAE-MEC.       

A fábula gênero antiquíssimo, é uma narrativa curta, caracterizada pela presença de animais irracionais como personagens, e que encerra um sentido moral, quase sempre em alusão aos seres humanos. Desde a antiguidade greco-latina foi cultivada, superiormente por Esopo, escravo grego do século VI a.C. e por Fedro, escritor latino do século I da nossa era. Modernamente, La Fontaine destacou-se como o mais importante dos fabulistas, ao final do século XVII.

Na literatura luso-brasileira, foi cultivada pelos árcades portugueses e, posteriormente, por Garrett, João de Deus e Cabral do Nascimento. Entre nós, a fábula começou a circular no Romantismo, com Anastácio Luís Bonsucesso e, depois, com Coelho Neto, Monteiro Lobato e Maximiano Gonçalves.
Hoje em dia em nosso país, cultivam-na brilhantemente com um fundo de crítica social e politica, Millôr Fernandes, Carlos Eduardo Novaes e Luz Fernando Veríssimo.

Ao lado dos contos de fadas, o gênero até hoje, mais preferido pelas crianças, a fábula é um dos gêneros mais apreciados pelos infantes. Apesar de moralista, ela não escamoteia a verdade, mas transforma simbólica e conotativamente.
Talvez seu grande sucesso esteja no fato de não silenciar as questões relativas a sexualidade, à luta pelo poder, ao racismo, à segregação e desprezo pelos mais fracos, à luta de  classes, tornando-se assim, um gênero duradouro e sempre apreciado.


Hermógenes, ao nos trazer de volta as tradicionais estórias, “festa no céu”, ressuscitando personagens brasileiríssimos o urubu, o jabuti, o macaco, o sapo, o jacaré, a raposa, o boi, o coelho, cada qual com suas características e seus simbolismo relacionado ao comportamento dos homens em sociedade, faz-nos recuar ao passado, aos nossos avós, tias velhas e amas de leite, recuperando-nos toda a magia da literatura oral, contada o pé das fogueiras e à boca da noite.

Tanto melhor! Só assim nossas crianças poderão ter outras opções mais nacionais e populares, enriquecedoras e coloridas que os  eternos  estereotipados e chatíssimo He-Man, Tom e Jerry, o debiloide Pato Donald, e tantos outros personagens dos enlatados americanos que tanto têm, enchido as manhãs e tardes de nossos filhos e tanto os têm colonizado e empobrecido culturalmente.
Francisco Aurélio Ribeiro      (Professor de Literatura Brasileira no Departamento de Línguas e Letras da UFES)





Crenças Populares Brasileiras

·         Comer uvas e romãs no Ano Novo para ter sorte e fortuna durante o decorrer do ano que inicia.
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·         Ferradura detrás da porta para espantar o mau-olhado.
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·         Aquela que pega o buquê da noiva será a próxima a se casar.
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·         Quando a grávida fica com vontade, a criança nasce lesada ou com mania daquilo que foi negado à gestante.
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·         Quebrar espelho dá sete anos de azar.
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·         Apontar para as “Três Marias” (estrelas) faz nascer verrugas no dedo indicador.
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·         Cruzar com um gato preto dá azar, assim como atravessar por debaixo de uma escada.
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·         Trevo de quatro folhas trás sorte, assim como o pé de coelho.
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·         Sexta-feira 13 é dia de acontecimentos estranhos e desgraças.
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·         Bater três vezes em madeira afasta coisas ruins.



LITERATURA DE CORDEL




A principal linguagem folclórica é a Literatura de Cordel, que consiste num livreto de poesia, por vezes ilustrado, escrito em linguagem informal.
Originária da região nordeste, estas obras recebem o nome de "cordel" porque são expostas numa corda para apreciação.
Outra forma comum de literatura popular são as adivinhações, ou seja, perguntas com conteúdo ambíguo. Os provérbios são ditados que contêm ensinamentos (muitas vezes religiosos).
Piadas ou anedotas são pequenas narrativas com desfechos engraçados.
Os trava-línguas são frases, em geral rimadas, que dificilmente são pronunciadas; enquanto as parlendas ou parlengas são as rimas infantis populares.
Você Sabia?
O Dia do Folclore é comemorado dia 22 de Agosto.


Por: Daniela Diana