Mesmo
quem é cego, “desde que se entende por
gente” ouviu e ouve comentários desastrosos sobre a política brasileira, sobre
a corrupção que grassa, sobre o pouco caso que se faz da sorte dos brasileiros,
a grande maioria, despossuídos dos bens da terra.
As
denúncias do que falta, dos grandes problemas sociais que nos afligem brotam aos
nossos olhos, tantas vezes lacrimosos, todos os dias. Todo mundo sabe, mas vou
repetir: das filas que se formam nas unidades de saúde, nos pronto atendimento,
os padecimentos de todos e de crianças, atendidas em apenas uma cadeira, senão
no colo da mãe, sentada no chão.
Não
nos faltam profetas a nos advertirem em nome de Deus, a proclamarem que somos
feitos à imagem e semelhança Dele, que devemos reivindicar nossos direitos, que
não se pode tolerar o menosprezo pela pessoa e a violação aos direitos humanos.
Hoje,
governa a Igreja Católica, um Papa sensível e atento a todas as formas de
sofrimento. Fala alto e em bom som de tudo que deve ser reprovado, sai a campo,
fazendo pessoalmente o que aos demais recomenda, é o caso de suas visitas a
países em conflito, do seu acolher refugiados, do seu pensar nos pobres de rua
das cercanias vaticanas para os quais providenciou, por exemplo, uma lavanderia
que lhes permite vestir roupas limpas. Multiplicam-se os bons exemplos de
caridade, de grande amor ao próximo, que ele todo dia dá.
Quantos
o estão seguindo com tais gestos? Fala-se bem do Papa Francisco, afirma-se que
é diferente dos outros neste aspecto, muitos aplausos lhe são dirigidos, mas
continua-se a viver no comodismo de nossas casas, indiferentes ao frio que faz
lá fora, com a sorte de tantos e tantos filhos de Deus, nossos irmãos.
No
dia 8 deste mês, provei a sensação do que é ser assaltada, tive sorte porque
não me levaram, ordenaram que saísse. No outro dia, fechado, o carro foi
encontrado. Tudo que estava dentro foi levado. Inclusive o livreto das revisões
periódicas e os demais. Quanto mais da minha bolsa.
Ainda
bem que tive uma serenidade
imensa. É assim, este considerável número de inimigos da lei, amigos do alheio,
vingadores ou justiceiros sociais, movidos pelo desprezo que provam por quem
não pertence à turma deles, (se bem que não se amam tampouco, (entre si) o carro
mostra a marca de um tiro), julgam-se no direito de matar, assaltar, espalhar o
terror, encarcerar nas próprias casas as demais pessoas.
E
a solução deste problema é de todos. Cada um deve começar a ser honesto em todo
momento, a não se admitir o mínimo deslize, nem prensar em se aproveitar da
conta errada para pagar menos pelo que compra ou em momento semelhante. O lápis
da repartição não é seu. Aquele rolo de fita crepe que sobrou no dia da eleição
não é seu. Acho que não pararia se
continuasse a citar casos deste tipo. A honestidade não concede descontos, nem
parcelamento.
Ainda
é tempo, vamos começar?
Marlusse Pestana Daher
23 de maio de 2017 17:58m