Escrevi ainda em 207.
Quando
são publicados dados e notícias alarmantes sobre a situação ambiental que
ronda, há quem diga que tudo não passa de terrorismo de ambientalistas cri-cris. Há quem continue acreditando
que a natureza é tão, mas tão poderosa
que não finda nunca. Há quem não decide entender que a hora já chegou, aliás,
já passa, de optar por uma ética do cuidado em relação ao meio ambiente com
tudo que o compõe, se não, por dever para com as futuras gerações porque talvez
se pense que descenderão somente de outros, ou achando que fatalmente não
teremos descendentes, por amor a esses pequeninos que hoje, nos enchem de
alegria com suas gracinhas, com os sorrisos, com as surpresas de quem vai pouco
a pouco descobrindo o mundo.
Já não se pode continuar ignorando
que o desmatamento desenfreado está a conclamar que é preciso correr atrás dos
danos causados. Partir com seriedade no sentido de revitalizar nascentes, de
repor florestas, ao menos, a reserva legal, de refazer os corredores
ecológicos, de fazer retornar o verde que canta
salmos mil à vida.
Talvez poucos saibam que o oxigênio
que respiramos foi colocado na atmosfera mediante um longo processo de
atividade das plantas. Sem esta ação nenhum ser humano povoaria hoje esta
terra. Ao contrário, a exploração desmedida do ambiente, também ao longo dos
tempos, foi libertando grandes quantidades de gases que, ao provocarem o efeito
estufa, evitaram que a Terra tivesse entrado num período glacial, com as
conseqüências inerentes para a vida do mesmo homem. Por sua vez, a atividade
solar que, se até agora foi compensada pelo biossistema através da absorção do
CO2 e da diminuição do efeito de estufa, poderá atingir os limites de
compensação num horizonte temporal inferior ao que até há bem pouco tempo era
previsível.
É aqui que entra, para ficar, a adoção de uma ética do cuidado. Ética esta
que é a mesma que faz resplandecer um contexto perfeito de harmonia e paz nos
relacionamentos e na convivência entre os humanos, entre estes e o mundo
criado, de todos para com o meio ambiente. Cuidado com o rio, cuidado com a
floresta, cuidado com o mangue, cuidado com as inumeráveis vidas que nos fazem
ser por causa delas, o país megadiverso do mundo.
Implica também deitar um olhar sobre
a história e verificar que nossos antepassados já temiam pelo que hoje acontece. Foi o caso do Patriarca Bonifácio de Andrada
e Silva que em 1823, na luta pela libertação dos escravos, advertiu: “A
Natureza fez tudo a nosso favor, nós, porém pouco ou nada temos feito por ela? ...
com o andar do tempo, faltarão as chuvas fecundantes que favorecem a vegetação
e alimentam nossas fontes e rios, sem o que nosso Brasil, em menos de 200 anos,
ficará reduzido aos páramos e desertos áridos da Líbia ... virá este dia (dia terrível e fatal), em
que a ultrajada natureza se ache vingada
de tantos erros e crimes cometidos”.
Façam-se as contas...
A hora do ambiente é agora, um
ambiente sadio é direito e dever de todos. Não vale pensar que deve passar
muito tempo até que uma árvore ou palmeira cresça. É preciso ter a
sensibilidade de Martin, que afirmou: “apesar de o mundo acabar amanhã, ainda
assim, gostaria de plantar uma macieirinha”.