MARIA LUCIA GROSSI ZUNTI lança seu livro de poesias NO ABRAÇO DAS ÁGUAS, dia 18 de junho 2013, na Biblioteca Municipal "Antonio Azevedo Lima" em Linhares, a partir das 19 h 30 m. Fui distinguida com seu convite para proceder à APRESENTAÇÃO.
Permito-me publicar, visto que com isto, divulgo a obra.
É fácil nos desincumbirmos de uma tarefa, quando quem a
ordena oferece o veículo com o qual proceder a travessia.
Foi o que fez Maria Lucia ao distinguir-me no sentido de que apresentasse
este seu livro. Já me antecipara que versejara sobre águas, do Rio Doce, da
Lagoa Juparanã que lhe são tão familiares e caros.
Assim, assomo o pequeno barco que diviso a minha frente e
adentro em terno enlace as águas da
Juparanã. Voo, com o pensamento se pode, até Sete Lagoas e encontro uma mulher
ligada às suas raízes, ela será mãe e vai
parir cinco filhos. Sábia, entende a linguagem
das águas falantes, capta seus murmúrios, envereda em noite escura a ponto de ter
visões.
Enternece-se e faz vida com a vida de um pé de ingá que até sorri.
Extasia-se com a prata
que se faz no espelho das águas e na imagem do seu cotidiano, encontra-se no colo de Deus. Nessa intimidade, aprende
que, quando é madrugada a vida que nasce
se entrega à falação.
Também pensa em partir
o que fará em busca de alguém com quem
quer-se encontrar, mas queda-se impotente
ante a impossibilidade de dois
amores juntar.
Faz tempo para ter tempo de deliciar-se devorando jabuticabas, para entregar-se à beleza de orquídeas que
formam o banquete de Deus, tem o corpo inteiro banhado.
À lembrança de um sonho realizado evoca noites indormidas, a
FANORTE, exceção no tom em que evoluem seus versos, trepida, mas se consola: não acabou, mudou para continuar.
Também anseia por conservar pequenos mimos ao mesmo tempo em
que tenta expulsar a saudade, em
contraposição, no entanto, rende celebração à
memória.
São todos apelos que lhe brotam da alma, evoca pessoas,
cores, lamenta vidas perdidas.
Nessa divagação, percebo que meu barco singrou as águas dos
poemas de Maria Lúcia e trouxe-me de volta ao ponto de onde parti. Enquanto
navegava, a sensação era de estar possuída de grande intimidade com cada
personagem da poetisa, de tal forma, que foi embalada pela música emanada dos
versos, que fazia eco com o marulhar das águas, a forma com que se ressentiam,
espalhavam-se, desenhavam rastros, mas voltavam para continuar a ser uma só,
que entrevi uma tônica.
Mas quem disse que abandono logo o barco, deixo-me ficar ali,
aboletada no banco do meio, na margem, saboreando os momentos vividos, enquanto
releio cada poema. De repente, explode a síntese que traduz o porquê de tanta
minha interioridade: ah isso mesmo, dos versos de Maria Lucia emana um halo que
ao se propagar, produz aconchego.
Eis, é o que o leitor vai sentir, quando ler estas poesias,
aconchego, portanto, não hesite, chega mais, chega!