A
Áurea Maria Pirola Santos Silva
No
dia em que Deus a chamou, todos ficamos imensamente tristes, ninguém queria que
acontecesse, mas Ele não faz consulta, muito menos pesquisa para saber o que
queremos, quando se trata de cumprir o que desde toda a eternidade está escrito.
Perplexos,
passamos aqueles últimos instantes ao seu lado, rezando e até cantando, em
homenagem a você, dizendo bis ao que você também gostava. A morte foi o único obstáculo que aconteceu em
sua vida e que pela garra com que sempre se houve, você não conseguiu vencer.
E
como muitas vezes me aconteceu, inclusive em nossas conversas, lembrei-me de que “somos galinhas de Deus”. Esta
expressão ouvi de você no dia em que velávamos seu querido irmão Agilson. Com
ela, e era ainda muito jovem, resumiu sua dor e desabafou. Quis dizer que Deus pega e leva quem Ele
quiser.
Era
muito próprio de você arroubos de tal natureza. Digamos, você sabia ser
engraçada.
Estivemos
juntas nos dois últimos encontros das “Meninas de São Mateus”, quando apesar dos pesares, você se mostrava
exuberante, movida de uma esperança admirável, esperançosa quem sabe, de um
milagre de Deus, verdadeiramente o que se pode dizer, é que você era capaz de
esperar contra toda esperança.
Sua
alegria que unanimemente todos os que a conheceram decantam, valia a pena. Filha
dos seus pais, irmã-mãe de seus irmãos, atenciosa com todos, a mamãe amorosa de
Nanando, Bício e Sansandro.
No
dia das mães passado, eu a vi na Igreja de São Francisco assistindo a Missa com
os três. São meninos de ouro que com seu jeito singular, habilidade, muito amor, resultou na belezinha que são os três.
Ao
seu lado inerte, lá estavam eles. Um perto do outro, mudos, olhares quase
incompreensíveis, talvez indagassem por quê? Pelo tanto que era presente em
suas vidas, pelo tanto que os sufragaste em todos os instantes, por tudo que
mãe de tanto quilate como você foi, era
inevitável não perceber o quanto a dor de perdê-la neles doía.
Fazer
o quê? Como você gostava de cantar, tem-se que continuar vivendo sem
ter a vergonha de ser feliz, tem-se que prosseguir e mesmo se o pranto
rolar, caminhando e cantando, seguindo a canção.
Tudo
passa, nós também. Afinal de contas, o
que lhe aconteceu, a nós acontecerá, é só questão de tempo.
Há
um mês de sua partida, pedimos a Deus que a tenha em seus braços. Está bem,
quem nos braços de Deus está.
Inté, Aurinha!
Inté, Aurinha!
Marlusse Pestana Daher
3 de setembro de 2016 14:33