Depois de
seis anos da edição da lei que "previne" a violência doméstica, os
números desmentem sua eficácia e atesta que o alarde promovido apenas comprova
que não é o barulho que faz bem. Modestamente, reitero o equívoco do legislador
na interpretação do § 8º, art. 226 da Constituição ao pensar que com aquela lei
estaria criando mecanismos e coibindo a violência no âmbito das relações
familiares.
Violência
não tem recorte de gênero, mesmo que exercida predominantemente por quem tem
mais força e necessita expor sua fragilidade: "você tem que me servir
quando eu quero, senão te prendo e não vai mais nem à Igreja" (assistam a
Gabriela). Não é só resultado de bebedeira, de cultura, ou congêneres.
Violência nasce, cresce e prolifera no espírito deformado por causas.
Jens Hoffmann, psicólogo alemão, da Universidade Técnica de Darmstadt, especialista em casos de adolescentes que cometeram massacres em escolas, desenvolveu um software para a identificação preventiva de jovens com tendências homicidas e teria encontrado 32 fatores típicos de risco.
Jens Hoffmann, psicólogo alemão, da Universidade Técnica de Darmstadt, especialista em casos de adolescentes que cometeram massacres em escolas, desenvolveu um software para a identificação preventiva de jovens com tendências homicidas e teria encontrado 32 fatores típicos de risco.
Esforço-me
para entender, fui assaltada pelo temor de estarmos voltando, mediante
equipagem moderna, à adoção de vetusta tese lombrosiana, mas subscrevo sua
afirmação em entrevista à revista "Reader’s Digest; “um crime tão grave é
sempre o final de um longo caminho que começa com humilhações, rupturas sociais
e experiências de perda. Com frequência, ainda ocorrem conflitos no colégio”.
Convivemos numa sociedade de diferenças flagrantes, de desatenção para com os pequenos seres de qualquer espécie, de descaso para com necessidades humanas vitais, fazemos de conta que não vemos o olhar triste de muitas crianças, o choro que brota forte de sensibilidades feridas, o clamor pela ausência daquele cuidado que tem o condão de aconchegar mais que corpos, almas em busca de atenção, porque falta ética.
Convivemos numa sociedade de diferenças flagrantes, de desatenção para com os pequenos seres de qualquer espécie, de descaso para com necessidades humanas vitais, fazemos de conta que não vemos o olhar triste de muitas crianças, o choro que brota forte de sensibilidades feridas, o clamor pela ausência daquele cuidado que tem o condão de aconchegar mais que corpos, almas em busca de atenção, porque falta ética.
Vacilamos
na tomada de decisões definitivas por políticas públicas que valham, que
cumpram suas finalidades, sobretudo, que saiam do papel. Ao invés, fazemos de
conta que estamos combatendo a violência doméstica, apenas uma entre as tantas
manifestações de violência que existem.
Não
precisamos de mais leis, precisamos de advogados que mediante pedidos bem
fundamentados façam estremecer os tribunais, precisamos de juízes que decidam
mediante as fontes de todos os gêneros já existentes e respondam ao apelo dos
seus jurisdicionados com brevidade e eficiência. Violência é erva daninha que
se espalha: “acabe-se com a violência que a violência doméstica acabará”.
(Diana Morán).
Em A GAZETA do dia 18-06-2012