Os que pedimos a saída de Dilma Rousseff podemos dizer
que nosso objetivo foi colimado. A ex-presidente perdeu o comando do governo, mergulhou
o país numa crise econômica sem precedentes, contribuiu para o desemprego, foi
generosa com quem não devia ser, conquistou a hostilidade do congresso, não
esteve atenta ao que acontecia nos bastidores, não ouso dizer o motivo, enfim,
enveredou por um caminho sem volta, ou melhor, sem alternativa ou possibilidade
de encontro por outros, por onde se pudesse buscar melhor sorte.
Por três quartos dos senadores votantes, foi afastada do
mais alto posto da República Brasileira, ainda que tenha sido poupada da perda
dos direitos políticos por alguns considerada consequência inseparável, mas não
pegou.
Os que a ela se opunham, "juram de pé junto" que
cumpriram os ditames constitucionais.
Mas sobre o que eu quero comentar é mais exatamente,
sobre o cuidado que se impõe de não nos pautarmos pelo ufanismo, como se o histórico fato deste 31 de agosto de 2016
seja/fosse a solução dos nossos problemas ou a redenção do povo brasileiro com
a chegada do nosso país aos píncaros entre as nações prósperas e como num toque
de mágica todos os nossos graves problemas tivessem sido resolvidos.
Ainda não desfrutamos dos direitos fundamentais, dos
direitos sociais que a constituição prevê.
Podemos estar às portas do agravamento da crise hídrica, porque se atravessa
o Rio Doce a pé, porque o Cricaré vira córrego em diversos pontos além de ser
invadido pelo mar que salga suas águas, coitado do Santa Maria, não é diferente
a situação de outros mananciais. Ainda contamos com doze milhões de
desempregados, a fome ronda. A criminalidade não tem freios, continua
desafiando as medidas de segurança adotadas. O tráfico campeia. Crianças
crescem sem a assistência que a lei lhes garante. Por tantas irregularidades,
que do alto do seu pedestal ele pratica, foi pedido até o impeachment do
Governador.
Se no caminho encontramos uma pedra nos impedindo
prosseguir em frente, a solução é removê-la e assim se faz. Mas ninguém fica
brigando com a pedra, ou querendo mais é que ela se dane. Prossegue-se.
Dos atletas olímpicos vencedores nas olimpíadas do Rio,
ouvimos com frequência que se prepararam
para o momento, dando o melhor de si, cada dia, não esmorecendo, acreditando. Já não foi dito que “todos somos olímpicos”?
Mais que como assistentes ou meros torcedores, impõe-se já, mais do quanto
possamos imaginar ser preciso, que todos deveras, sejamos olímpicos.
Não tripudiemos os vencidos, conquistemos nosso “Ouro”
com bravura, o ouro da moralidade, da honestidade, com disposição para o
trabalho, convencidos que a redenção da Pátria não depende só de medidas
políticas e econômicas, mas do cumprimento do dever por parte de cada um, onde
quer que deva atuar, sem esmorecimento, sem se omitir ou deixar para depois.
Se um só esmorecer ou fizer por menos, aumenta o peso
sobre os ombros do outro e desacelera o passo.
O Brasil não são eles, somos todos e tudo que
desejamos, tudo de que precisamos, como nação que formamos, depende de nós.
Marlusse Pestana Daher
31 de agosto de 2016
22:12