segunda-feira, 22 de agosto de 2016

CONCURSO LITERÁRIO ELZA CUNHA

  Como as fontes   

                             
ACADEMIA MATEENSE DE LETRAS      ANO LITERÁRIO ELZA CUNHA

EDITAL 01/2016

A Academia Mateense de Letras – Amaletras – São Mateus – ES – Brasil) comemorando o Ano Literário 2016, em homenagem a  “ELZA CUNHA”, a poetisa de São Mateus, torna público que se encontram abertas até o dia 31 de outubro do corrente ano, concurso de prosa (conto ou crônica) e poesia. Tema livre, não preconceituoso, obedecidos princípios morais.

Poderão concorrer pessoas de todo o Brasil ou do exterior desde que falem português.

Uma comissão qualificada fará avaliação dos trabalhos. Não haverá recurso dos resultados.

Os textos deverão ser apresentados em fonte Verdana, espaço 1,5, folha A4 e podem ser enviados para o e-mail  dahermp@hotmail.com, identificados apenas por pseudônimo.

Alunos do ensino médio e fundamental devem colocar ao lado do respectivo pseudônimo, idade e ano que cursa.

Em envelope será remetido via postal, nome completo, endereço e pseudônimo do concorrente para: Ano Literário “Elza Cunha”  - Rua Afonso Cláudio 244/901 – Praia do Canto – Vitória – ES 29055-570. Anexo ainda deverá constar comprovação de que o concorrente buscou conhecer  nossa homenageada o que será facilitado pelas nossas publicações.

Serão classificados três trabalhos em cada gênero. Os primeiros classificados receberão a Comenda “Elza Cunha” com respectivo diploma, além do Certificado de participação. Os segundos, receberão uma medalha de mérito e Certificado de participação. Os terceiros lugares receberão Certificados de participação. Todos terão seus trabalhos publicados na Amaletras – Antologia II, ano 2016. Receberão ainda respectivamente: quatro, três e dois exemplares da antologia.

São Mateus, 31 de julho de 2016

Marlusse Pestana Daher                                                                                      Presidente






ESTAÇÕES DA VIDA


Adriana Gusmão Antunes

Houve um tempo em que eu não computava as estações.
Horas, dias, meses e anos eram duvidosos crepúsculos em minha existência.
Vivia eu, sem tempo, sem pressa, numa solidão de gêneses!
E nesse tempo, só o ouvir e o sentir eram suficientes para existir!
Mesmo estando só, crescia feliz, contentava-me com o maná materno de cada dia.
Cresci por demais e, um dia, já sem espaço, quis ir mais além...
Fui expelido para longe do meu mundo pueril, navegante.
Pela primeira vez, chorei, senti a dor da perda, o frio do inverno...

Houve um tempo em que contavam os meus dias,
Marcavam as horas, os meses, os anos e até meus centímetros!
Vivia eu, todo o tempo, cerceado por uma atenção familiar...
E, nesse tempo, descobri que além do ouvir, o sentir era mais intenso.
Senti as primeiras: dores, sensação de fome, de saciedade,
O prazer da alegria, da afetuosidade, aprendi a ouvir e ser ouvido...
Foram para mim dias, noites e tempos a fio a atenção dos meus amantes...
Pela primeira vez, percebi toda a profundidade e ternura de um olhar...

Houve um tempo em que precisei aprender a contar os meus dias,
Em que esperei ansioso pela volta à habitação para abraçar meus amados...
Não entendia o porquê deixavam-me só, aos cuidados de outros olhares.
Olhares rasos, frios, desprovidos de familiaridade em plena primavera!
Por anos a fio fizeram-me conhecedor de símbolos, signos, números, palavras...
Aprendi a ser só, mesmo estando junto; conheci a solidão para aprender ouvir os pássaros!
Cresci por demais e, um dia, caminhante entre uma estranha multidão,
Fui expelido para longe do meu mundo infanto-juvenil, para o calor do verão.
Houve um tempo em que o tempo fugia de mim... corria, corríamos!
Nesse tempo, nasceu em tão bucólico peito a persistência de um perene amor...
Pela primeira vez, aprendi a olhar para dizer sem palavras, signos e símbolos.
Evoquei poesia, aprendi também a sentir e evocar o amar,
Aprendi a buscar meu lugar ao sol, que juntos havia completude, satisfação, paixão.
Fiz-me conhecedor de corpos, toques, afagos, afetos, um amante!
Dividir, compartilhar, renunciar, entender foram árduas lições de outono!
Produtividade, responsabilidade, família e foco, estandartes conflitantes...

Houve uma estação em que uma forte tempestade fez-me parar durante uma longa temporada...
E, quando o meu amor partiu, entendi que fora enganado pelo tempo...
Já sem ele, sem ela, me detive no caminho, questionei a razão da jornada!
Só então percebi que houvera ocasiões em que as pessoas não se lembravam de mim.
Sucessivos aniversários sem presentes, sem presenças, sem a ternura de um olhar;
E foi nesse tempo que descobri que a vida era: ou colheita ou profunda lembrança!
Negligenciara a semeadura, não cultivara herança, agora, homem sem frutos!
Amadureci com o peso da solidão, do abandono, a dor da perda, o passar dos anos!

Agora, vivo uma temporada em que eu mesmo conto o meu tempo!
Dias sucessivos sem a presença de amados ou de uma amante, sinto o inverno nos ossos.
O sol esqueceu-se de me aquecer, a brisa já não balança meus grisalhos cabelos...
A chuva temporã não mais ensopava minhas vestes em meios às estações.
Sinto-me novamente sem espaço, querendo esticar-me um pouco mais...
Não, já não cresço. Nessa solidão pereço, penso, escrevo, espero!
Pressinto que aos poucos sou expelido para longe do meu mundo varonil...

E, pela ultima vez, prantearei, sentindo a felicidade de renascer para uma nova 

estação da vida...


Adriana Gusmão Antunes, professora,
                                                                                                    é coordenadora da área de Língua Portuguesa; Coordenadora Municipal da OLP/2016. 
Compõe a Academia Mateense de Letras.