segunda-feira, 13 de junho de 2016

O SANTO CASAMENTEIRO

Santo Antônio
Cresci ouvindo dizer que Santo Antônio é um santo casamenteiro, ou seja, que moças desejosas de se casar rogam a ele que as faça encontrar um marido.  Opa! acho que devo colocar os verbos no passado. Penso que nos dias que correm tal prática caiu em desuso. Ou não?

Mas voltando àquele tempo, coitado do Santo, se não realizasse o prodígio, levava castigo. É que as donzelas que sempre tinham uma imagem dele, diante da qual faziam seus rogos e até acendiam velas, quando não eram atendidas, colocavam Toninho de cabeça para baixo.

Não dava em nada, porque afinal de contas, se Santo Antônio santo já é, goza da plenitude dos que deram a vida por Jesus, não se afeta com as vendetas contra seu silêncio ou inação, mas as “santicidas” sentiam-se vingadas.

O dia 13 de junho sempre foi comemorado. Por exemplo, seguindo uma devoção do pai, S. Djalma Gonçalves, um vizinho (lá da Rua do Alecrim onde morávamos) todos os anos, realizava em sua casa a Ladainha de Santo Antônio. Fazia uma grande fogueira, comiam-se bolos e batata assada na brasa da mesma fogueira, e, claro, rezava-se a ladainha.

Podia-se fazer promessa de ser comadre/compadre. O ritual consistia em rodar a fogueira três vezes, a cada encontro estendia-se a mão para o outro e se dizia:

- Bom dia, comadre!

- Bom dia, compadre,

- Santo Antônio mandou dizer para nós sermos compadres pro resto da vida.

Já sequer me lembro de quem me tornei comadre, mas era uma promessa que se  levava a sério. O costume, ao menos pelas bandas da Rainha do Cricaré se perdeu, talvez lá pelo Nordeste, algum lugarejo conserve essa e outras belíssimas práticas lúdico-juninas.

Arca de Santo Antonio
Mas Santo Antônio não é só folclore. Foi tão bom pregador da Palavra de Deus, que os Céus permitem que sua língua, não obstante os anos que distam de sua morte (1231), permaneça viva, muito bem custodiada no santuário erigido em seu nome, na cidade de Pádua, na Itália, dai porque, apesar de ser português, nascido em Lisboa, é chamado Santo Antônio de Pádua. E contendam por isto, paduanos e lisboetas.

O Papa Pio XII elevou Santo Antônio à dignidade de Doutor (Doutor(a) da Igreja são homens e mulheres cujos pensamentos, pregações, escritos e forma de vida enalteceram o cristianismo). Na oportunidade, disse: Santo Antônio ensinou não só com palavras, mas também pelo exemplo de uma vida santíssima.

Vale pensar: santos e santas chegados à glória dos altares, foram gente como a gente, de carne e osso. Suas vidas são exemplo, se chegaram a ser santos, nós também podemos, até porque, segundo diz o Apóstolo Paulo, a vontade de Deus é nossa santificação (1 Tess 4:1-13).

Casamentos à parte, Santo Antônio é reconhecido como auxiliador para encontrar coisas perdidas, do “pão dos pobres”, em sua honra também se faz a trezena: rezando-se durante treze dias.

Notaram? “dia 13 não é dia do azar, é dia de Santo Antônio”.