domingo, 26 de junho de 2016

CONFORMAR-SE É MORRER


        A vida sempre se encarrega de nos oferecer  oportunidades de voltarmos a nos surpreender, por exemplo, ao constatar que há quem seja capaz de partindo do absolutamente nada, dirigir acusações infundadas a outrem, infligir maus tratos,  pior ainda, torturar.

        Na Auditoria Militar, foi ouvido o depoimento de uma vítima, demonstrando o resultado deprimente do quanto pôde ser aniquilada e como conseqüência ter perdido todas as forças de ainda acreditar que haja esperança, de que possa ser diferente nesta terra. No final, não obstante sua infinita simplicidade e detenção de poucas letras, presenciamo-la se refugiar na certeza da existência de Deus e afirmar que Sua justiça sim, não falha!

        Revelou com minúcias tudo, mas recusou-se a assinar o termo, afirmou que de nada adiantaria.  Ante os argumentos que usava, quando foi tentado convencê-la de que o fizesse, vergaram-se todos, só restando  “engolir em seco”,  o seu protesto. Tem toda razão. Dois anos depois, seus algozes ainda não foram punidos.

        Terminada esta cena, (não sua lembrança), uma jovem advogada vem ter comigo e pedir apoio para resolver um problema sério. Impetrara um Mandado de Segurança em favor de um seu cliente e não obstante tê-la conseguido, mediante sentença, a autoridade coatora, recusa-se a cumprir a ordem. Já se dirigira a todos quantos é possível e atônita, vê os dias passarem sem que a solução que urge, venha.

        Como se diz frequentemente:  as coisas estão piorando  a cada  dia. E como é grave!

Fica muito difícil conviver num mundo em que a crise de autoridade se demonstra de tal forma sensível e palpável.  O suceder de tais fatos  somado à  leitura de um artigo de Nicolau Sevcenko, que acabou de publicar “A corrida para o Século 21”, me levou à busca do panfleto “A Desobediência Civil”, escrito de Henry D. Thoreau (1817-1862).

Nele, Thoreau, que inspirou a luta anticolonial do Mahatma (grande alma) Ghandi” “firmou seu pensamento político e resumiu sua proposta  de  “resistência não violenta”,  o anseio de “não se conformar nunca, porque conformar-se é morrer”. 

Conformar-se é morrer me vai repetindo uma voz lá dentro...

Já é bastante grave a situação em que nos encontramos. Mas é absolutamente certo que ainda podemos reconstruir. Disponhamo-nos a remover os destroços.

Uma grande iniciativa passa, por exemplo, pelo dar vida às universidades, motivando seus docentes. De tal forma, que o entusiasmo pelo que é o ambiente onde militam, retenha-os entre seus umbrais durante todo o tempo que for de trabalho.  Igual tratamento seja dispensado a todas as escolas indistintamente, desde a pré. 

Um povo educado será um povo mais esclarecido e  tangido por todas as veras da própria alma saberá responder ao convite feito pelo poeta à criança, mas  que se  pode  estender a todos os demais:  imita na grandeza, a terra em que nasceste!
       26/11/01

sábado, 25 de junho de 2016

COM SACRIFICIO DE DIREITOS


“Para preservar e proteger os direitos e as liberdades individuais, um povo democrático deve trabalhar em conjunto para modelar o governo que escolher. O meio são os partidos políticos”.

Partindo desse pressuposto, partidos se constituem em instrumento de cidadania, de levar um povo aos mais altos patamares da democracia. Dai que, em verdade, os eleitos correspondam à vontade da maioria, mediante exercício livre e soberano de votar, por acréscimo, de forma secreta.

Distanciamo-nos infinitamente de tal ideal.  A crença no marqueteiro e o olvidar da própria moral fazem com que a busca pelo poder o seja só pelo próprio poder. As chamadas pessoas de bem, porque sequer têm jeito de “entrar na onda”, não dispõem de somas impensadas para comprar votos, e assim, mesmo ungidas por algum elogio ao seu modo de ser, não se elegem.

Bem se sabe, acabamos por entregar os importantes cargos que compõem o mesmo poder, a pessoas, que até pelo fato de o terem comprado, ficam cegas, incapazes de entender a grandeza da Pátria que no fundo é mãe dos “filhos seus”, os quais também já não são educados para defendê-la até com o preço da vida, se necessário. E assim, avançamos por caminhos onde a proclamação do direito dos pobres enfeita discursos, mas na prática, não passa de retórica.

É de se ver com muita restrição a propaganda política, os próprios candidatos se entregam à sanha das sugestões daqueles a quem pagam para elegê-los, esquecidos de que, passado o pleito, estes estarão de bolsos abarrotados sem mostrar a cara, sequiosos de enriquecer ainda mais, por meio de infindas maquiagens, tantas vezes com sacrifício da verdade, para que o eleito também eleja seu sucessor.

Ainda que principalmente na busca de audiência, tanto que a propalam em seguida, as emissoras propiciam debates entre os candidatos, excelente oportunidade para que demonstrem sua capacidade, sua determinação, sua vontade de servir, seus projetos de mudança, seu propósito de levar a Pátria a realizar seu destino e propiciar o bem de todos. Preferem agressões pessoais, a desconstituição da imagem do outro, como aconteceu em relação à então candidata Marina Silva, que parecia estar chegando pra valer.  

Essa guerra insana chega por extensão, às redes sociais, por exemplo, amigos digladiam enquanto deveriam discutir ideias, aceitar o contrário, saber cobrar o uso das moedas que entrega aos que elegem, posto que, numa democracia, a luta entre os partidos políticos não é pela sobrevivência, mas competição para bem servir ao povo.


 Vitória, 18 de outubro de 2014 11:45

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O PRECURSOR

A Igreja comemora hoje o nascimento de João Batista, o precursor do Messias, o filho tão desejado por Zacarias que era sacerdote no templo, e por sua esposa, Isabel, prima da Virgem Maria.

Este nascimento tem especial característica ou significado, ou mais
A cabeça de João.
precisamente, é prova de que os desígnios de Deus se cumprem independente até, da colaboração que nós possamos dar.

O casal passou praticamente a vida inteira, orando e pedindo a Deus um filho. O tempo passou e Isabel alcançada pelas consequências da senilidade conformara-se que não mais poderia engravidar.

No entanto aconteceu, depois de Zacarias ter passado por estranha experiência, enquanto servia no templo e um anjo lhe apareceu fazendo o feliz anúncio, ele duvidou e foi acometido de  mudez, até que a vontade de Deus por inteiro se cumprisse.

É que o filho de Isabel e Zacarias estava predestinado a ser o precursor do Messias, aquele que iria à frente preparando-lhe os caminhos. Como a plenitude dos tempos que assinalava o da chegada do mesmo Messias, o Salvador, ainda não havia chegado, Isabel não podia engravidar.

No projeto de Deus, certamente, os dois deveriam ter praticamente a mesma idade. Isabel se encontrava no sexto mês, quando o Anjo Gabriel anunciou a Maria tudo que sabemos segundo descrição maravilhosa de S. Lucas, no seu evangelho.


Penso que cada um de nós deve ser outro João Batista, compete-nos com a nossa vida, potencialmente bem vivida, ir aplainando caminhos para que a graça de Deus se evidencie em toda a parte onde com certeza, já se encontra, para que os homens saiam das angústias e das faltas de esperança em que vivem, tenham força de proclamar: JESUS CRISTO É O SENHOR ouvindo João que clama: PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR. 




No dia do aniversário de Herodes, sua mulher induziu a filha Salomé, a pedir como prêmio por ter dançado para ele, a cabeça de João. Ver Mateus 14.1-12.




1

segunda-feira, 20 de junho de 2016

FILHO DE DEUS BENDITO

Jesus se mostra verdadeiramente humano em muitas oportunidades, além de pela aparência ou pela imagem, ao se mostrar de certo modo curioso em querer saber o que é que os homens pensavam dele, (embora como Deus tal conhecimento não lhe faltasse). 

Foi assim que de forma descontraída aborda os apóstolo perguntando: Que dizem os homens do filho do homem? Certamente, os apóstolos foram surpreendidos com tal pergunta, se entreolham e deixam ao que já se projetava como líder do grupo, Pedro, responsável pela resposta. E Pedro diz: uns dizem que és Elias ou algum dos profetas  e Jesus insiste: mas e vocês que dizem de mim? A resposta ressoa forte: Tu és o Cristo o filho de Deus bendito. Certamente tal conhecimento derivou das luzes do Espírito Santo que ainda viria sobre os Apóstolos, mas que já os assistia a exemplo da forma com que Moisés outrora opusera sua gagueira à incapacidade de falar e ouviu do Senhor: isto é comigo, eu porei a palavra na sua boca”. 

É assim, Deus não chama capacitados, capacita os que chama, vem ao nosso encontro com a dose certa da graça para que sempre façamos sua vontade,  em toda parte, seja como for. 

Meu querido ouvinte, o Evangelho é sem dúvida a fonte onde beber e saciar a nossa sede de Deus, é Palavra que nos alimenta. Se quisermos ter uma vida digna não podemos nos afastar do Evangelho, aliado a Eucaristia, porque sem esses dois dons Cristo não vive em nós.       

Que pena saber de pessoas que apesar de assistirem com assiduidade a Santa Missa, não recebem a Comunhão, porque veem dificuldade em se aproximar do sacramento da penitência mediante o qual se habilitam ao recebimento dos sacramentos. É preciso dizer a estas pessoas que o Papa Francisco enfatizou que os confessores devem facilitar a aproximação dos fiéis ao sacramento da confissão, que se devem abster de criar peso ao momento e ainda mais não fazer perguntas.                

A frequência aos sacramentos nos torna capazes de encontrar com Jesus em quem reconheceremos o Cristo, filho de Deus bendito. 

domingo, 19 de junho de 2016

SIMPLESMENTE QUERER


        Município é uma fração do estado. Compõe-se de um povo e um território delimitado. Pressupõe capacidade de sobrevivência independente dos circunvizinhos, aliás, só devem ser criados, quando houver prova de tal possibilidade. No Brasil, como em nenhuma outra parte do mundo, o município é de fato independente.

Sob a vigilância da Câmara de Vereadores é conduzido por um Prefeito Municipal, o qual pode e deve dirigir todos os departamentos que o compõem, deve coordenar todos os serviços que cumpre serem prestados: saúde, educação,  limpeza urbana, empreendimentos de toda sorte, quaisquer outras iniciativas  que promovam o desenvolvimento, norteando-se  para o bem de sua gente.

Para consecução de sua finalidade o município também está dotado da possibilidade de estabelecer suas metas, de elaborar suas leis, fazendo-as serem cumpridas.

        Por isto, o Chefe do Executivo seja da maior,  como da menor cidade brasileira, em reconhecimento da sua necessidade de sobreviver, é pago. Além de receber quanto lhe permite viver dignamente, assistindo sua família, o Prefeito conta com verbas para viagens, alimentação, para  toda e qualquer  exigência que decorre de sua função, sem que possa alegar sacrifício, até porque, trata-se de cargo que dá,  não apenas,  muita satisfação pessoal, “status” a quem dele estiver investido.

        Não precisa tirar de onde não deve, pagar o que não comprou, realizar conchavos e fazer “maracutaias”.

        Que somos um país que prima pelas desigualdades, ninguém duvida, mas é também verdade que  ninguém pode negar que as estruturas estão dotadas de meios que permitem, mediante uma administração sadia, colimar todas as metas, fazer tudo o que deve ser feito, no efetivo enfrentamento das questões sociais e a cada dia vir reduzindo a situação de indigência a que muitos estão relegados. 

         Não faltam verbas, falta honestidade no gerenciamento delas.

        É deveras lamentável o que além de passar de boca-em-boca, os jornais vêm noticiando: grande parte dos senhores prefeitos municipais que tomaram posse no primeiro dia do novo milênio depararam-se com verdadeiro caos instaurado nas respectivas prefeituras. Contas para pagar, principalmente salários atrasados, por vários meses, falta de absolutamente tudo, por exemplo, nem uma folha de papel, computadores quebrados, carros imprestáveis, cofres vazios...

        Assim, o dia seguinte ao da posse, constituído de inúmeros abraços, de gestos e manifestações várias, de cumprimentos, de pipocar infindável de fogos, de discursos eloquentes e de  aplausos calorosos, vem a dar vez, por mais que tenham sido feitos planos, à dura realidade de ter que escolher como solucionar  tantos problemas na falta do fundamental: verba.

        Último ano de um mandato  não pode ser tão diferente dos anteriores. Há um orçamento que tudo prevê ao qual  foi dado um valor que vem sempre sendo alcançado por antecipação, autorizando a crer que foi superado. Alguém deveria explicar o que aconteceu, mas não acontece. Enquanto isto, o que se sabe é que muitos mandatários municipais engordaram suas fortunas e suas contas, tornaram-se ricos, se eram pobres, milionários, se já eram ricos.

        Está na hora de o povo de fato vigiar o que fazem aqueles que constituíram seus representantes, participar da vida pública dizendo presente à cidadania. Não se crer insignificante, até porque em uma pequena cabine, sua mão se torna potencialmente dotada, a ponto de executar um gesto que por ser  breve, não exclui   suficiência  para  constituir um mandatário.

        Tomara que os prefeitos e vereadores do novo milênio queiram municípios sarados. O resgate social é possível. Os tributos que logram arrecadar, outros recursos que chegam,  bem usados, podem promover verdadeira redenção.

E que ninguém pense que para realizar isto seja necessário muito mais do que: simplesmente querer.






 Publicado em A GAZETA  de 15 de janeiro de 2001. com o título: SIMPLESMENTE QUERER.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

QUE SEUS ESPERNEIOS O FAÇAM REFLETIR


“Nunca antes neste país” sofremos como atualmente, vítimas de tantos desmandos, de tanta roubalheira, de tanto cinismo, de tanta zombaria do direito e da justiça, de tanto contar com a impunidade.

É verdade que os fatos não são recentes, nem inéditos, mas pela proporção que assumiram se tornaram de tal forma visíveis que agora não vão escapar das cominações legais, correspondentes  aos diversos tipos penais infringidos. Todos os dias somos bombardeados com cifras impensadas subtraídas do leite das crianças, das classes que não ocupam o poder, dos mais pobres.

Presidente da República afastada e em breve alijada de uma vez do cargo ao qual foi guindada por milhões  que acreditaram em mentiras deslavadas, que é possível a um partido que nasceu das bases ostentar tanto poderio econômico e desafiar tudo em todos, inclusive, com ameaças de que nós outros não sabíamos do que eram capazes. É, tem razão o auto declarado “homem mais honesto do mundo” essa sua virtude se traduz em enriquecimento sem precedente, como mediante recebimento de presentes que equivalem a belo e aprazível sítio,  a apartamento triplex  e o que mais, só Deus sabe. 

Presidente da Câmara, multi milionário, um espertalhão que a Justiça ainda retarda em colocar onde há muito tempo deveria estar, que usa para fins espúrios de sua inteligência, em verdade prodigiosa.  Havia (e há) melhor uso a ser feito dela. Retirado da sedia presidencial da Câmara dos Deputados, no entanto, diuturnamente e mais do que nunca, mina nos bastidores do poder. Como se não bastasse,  por acréscimo continua morando ao custo de mais de R$ 500.000,00 por mês numa residência oficial.

Um Presidente do Senado de passado obscuro, posando de honesto,  capaz de driblar as mais diferentes situações em que se possa enredar e ainda sair “cantando de galo” que a seu respeito, enquanto delinquente, todos mentem. Onze investigações em curso. Um pedido de prisão fora tudo que ainda está debaixo do pano e que ainda há de vir a luz. Como veio ontem, de recebimento de propina equivalente a  R$ 32.000.000,00 de reais, além de uma régia bolsa-cobiça equivalente a R$ 300.000,00  mensais.

Do outro lado, 11.000.000 de desempregados, pessoas que estão desesperadas porque sem salário falta o pão na mesa. Quem não trabalha tem seus direitos ultrajados, vilipendiados, é diminuído na sua dignidade de pessoas e de cidadão.
Ao mínimo aceno ou qualquer notícia de emprego, filas e mais filas se formam, correrias para chegar na frente. Quanta luta sem glória e eles só querem trabalhar.

Então não é verdade que o sol nasceu para todos? Por que foi escrito e a tanto não se dá garantia de que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos? Por que se despendeu tanto tempo e tanto dinheiro para escrever uma Constituição que ao ser promulgada invocando nada menos que o Nome de Deus, recebeu o honroso título de Cidadã, inserindo-se nela direito a alimentação saúde, educação, trabalho, moradia, lazer, previdência social, proteção à maternidade (art. 6°) e não se criam as políticas sociais que assegurem tudo isto ou não deixem nada disto faltar?

Teria sido sobreposto o indicador sobre o dedo anular no ato de proferir o juramento que investe o eleito no mandato político para o qual foi eleito? É mesmo necessário salário que somados a tantos penduricalhos atingem montantes de mais de R$ 100.000,00 reais por mês?

Não se pode brincar com coisa séria. Povão, tomara que os seus esperneios o façam refletir, seu município precisa de Prefeito e Vereadores comprometidos com as transformações que só acontecerão se você quiser, como você quer, se escolher bem na hora de votar.

Lembre-se disto e escolha melhor seus candidatos, no próximo outubro. Já está quase chegando.

     

                                                                        Vitória, 15 de junho de 2016 - 18:56

segunda-feira, 13 de junho de 2016

O SANTO CASAMENTEIRO

Santo Antônio
Cresci ouvindo dizer que Santo Antônio é um santo casamenteiro, ou seja, que moças desejosas de se casar rogam a ele que as faça encontrar um marido.  Opa! acho que devo colocar os verbos no passado. Penso que nos dias que correm tal prática caiu em desuso. Ou não?

Mas voltando àquele tempo, coitado do Santo, se não realizasse o prodígio, levava castigo. É que as donzelas que sempre tinham uma imagem dele, diante da qual faziam seus rogos e até acendiam velas, quando não eram atendidas, colocavam Toninho de cabeça para baixo.

Não dava em nada, porque afinal de contas, se Santo Antônio santo já é, goza da plenitude dos que deram a vida por Jesus, não se afeta com as vendetas contra seu silêncio ou inação, mas as “santicidas” sentiam-se vingadas.

O dia 13 de junho sempre foi comemorado. Por exemplo, seguindo uma devoção do pai, S. Djalma Gonçalves, um vizinho (lá da Rua do Alecrim onde morávamos) todos os anos, realizava em sua casa a Ladainha de Santo Antônio. Fazia uma grande fogueira, comiam-se bolos e batata assada na brasa da mesma fogueira, e, claro, rezava-se a ladainha.

Podia-se fazer promessa de ser comadre/compadre. O ritual consistia em rodar a fogueira três vezes, a cada encontro estendia-se a mão para o outro e se dizia:

- Bom dia, comadre!

- Bom dia, compadre,

- Santo Antônio mandou dizer para nós sermos compadres pro resto da vida.

Já sequer me lembro de quem me tornei comadre, mas era uma promessa que se  levava a sério. O costume, ao menos pelas bandas da Rainha do Cricaré se perdeu, talvez lá pelo Nordeste, algum lugarejo conserve essa e outras belíssimas práticas lúdico-juninas.

Arca de Santo Antonio
Mas Santo Antônio não é só folclore. Foi tão bom pregador da Palavra de Deus, que os Céus permitem que sua língua, não obstante os anos que distam de sua morte (1231), permaneça viva, muito bem custodiada no santuário erigido em seu nome, na cidade de Pádua, na Itália, dai porque, apesar de ser português, nascido em Lisboa, é chamado Santo Antônio de Pádua. E contendam por isto, paduanos e lisboetas.

O Papa Pio XII elevou Santo Antônio à dignidade de Doutor (Doutor(a) da Igreja são homens e mulheres cujos pensamentos, pregações, escritos e forma de vida enalteceram o cristianismo). Na oportunidade, disse: Santo Antônio ensinou não só com palavras, mas também pelo exemplo de uma vida santíssima.

Vale pensar: santos e santas chegados à glória dos altares, foram gente como a gente, de carne e osso. Suas vidas são exemplo, se chegaram a ser santos, nós também podemos, até porque, segundo diz o Apóstolo Paulo, a vontade de Deus é nossa santificação (1 Tess 4:1-13).

Casamentos à parte, Santo Antônio é reconhecido como auxiliador para encontrar coisas perdidas, do “pão dos pobres”, em sua honra também se faz a trezena: rezando-se durante treze dias.

Notaram? “dia 13 não é dia do azar, é dia de Santo Antônio”.