quinta-feira, 2 de julho de 2015

O CENTRO MORREU?




Av. Jerônimo Monteiro
Na última quarta-feira, ontem, 1 de julho,  decidi fazer uma caminhada a pé, pelo centro de Vitória. Tinha o propósito de rever aquelas pequenas multidões as quais nos habituamos encontrar o que sempre me propiciou uma visão ou aspecto do que é a vida, de como caminha a humanidade. Uns, imersos nos seus pensamentos caminham com passos mais céleres, têm onde devem chegar e no horário aprazado. 

Outros, não caminham simplesmente, estão ocupados, mas não premidos pelo tempo até chegam a parar para uma conversinha com algum conhecido encontrado.  Outros caminham sem direção, não têm destino definido, a procura de emprego, quem sabe.
Não tive dificuldade para chegar ao outro lado da rua, caminhava pela calçada da Fafi, o sinal fechou e fiz calmamente a travessia, ninguém disputou comigo chegar primeiro do lado de lá.

Na  Jerônimo Monteiro, eram poucos os carros e muito menos a gente. Perto da escadaria, um vendedor me oferece água-de-coco, natural ou gelada, recuso, não me pareceu bastante limpo seu equipamento, apesar de ter sede.
Em frente ao Palácio Anchieta
Adentro a Barão de Itapemirim, toda para mim e mais umas duas ou três pessoas que passavam por lá. Quase perto da Livraria Paulinas reparei que a loja do lado, estava fechada e então volto alguns passos para ter certeza: naquele correr, onde havia lojas de móveis, eletrodomésticos, de enxovais e móveis para bebê todas cerraram suas portas. Curioso que exatamente no mesmo momento, tendo compreendido a constatação que eu fazia, um senhor comenta comigo o fechamento do comércio.

Entrei na livraria, esta mantém-se arrumada e atraente. A loja seguinte também está fechada, exibindo uma vidraça cheia de poeira e móveis jogados de qualquer jeito no seu interior. A sapataria da esquina faz ofertas, mas ninguém estava lá dentro para comprar.

Meu Deus, a calçada do imponente Teatro Carlos Gomes, aumentou seu ser galeria de ambulantes. É a imagem perfeita de uma feira popular. A doceira faz ali mesmo as cocadas que vende. Acrescenta-lhe propriedade, a predominância do amarelo ouro que exibe a mexerica polcam cuja produção tudo indica foi abundante este ano.  

Os bancos da praça estão vazios, seus frequentadores ou provavelmente, já empreenderam volta à casa do Pai, ou já não sentem nenhum atrativo pelo espaço, embora a brisa do mar continue soprando, tangendo as folhas das preservadas árvores seculares. Até na calçada, onde geralmente se posiciona a viatura policial já tem camelô que só fala português, por monossílabos...

Ninguém sobe nem desce pela escada que chega atrás da Catedral.

Está lá a Escelsa e ao invés, dentro dela, filas e mais filas. Ai a coisa  fica feia para a pobre principalmente ou gente usuária da cada dia mais cara energia elétrica.
Escadaria Maria Ortiz
O casarão antigo ao lado, início da subida pela Duque de Caxias, continua abandonado, não se tornou sede do Patrimônio Histórico Nacional, como alguém me informou que viria a ser, quando o pleiteei para sede da ‘Academia Feminina espírito-santense de Letras’. E olha que já se passaram mais de dez anos.

Estou novamente na Jerônimo Monteiro, agora mais ao centro. Não vi mais o ponto de ônibus, não é preciso caminhar em “zig zag” desviando-se de quem vai e de quem vem, a calçada está vazia. Nossa... as lojas estão horríveis. As roupas quase amontoadas na amostra, os calçados de qualquer jeito, tudo revela péssima qualidade. Não há arrumação. Ainda existem as vitrines, mas muito deterioradas, sem luzes... Até aquela loja (de grande cadeia) em frente ao correio (no sinal) tem estoque reduzido e está em liquidação.

Conferi, o relógio da Praça Oito trabalha com precisão marcando o tempo. Atravesso a rua e empreendo volta pela Princesa Isabel, onde a  desolação é a mesma. Única imponência era daquele homem fardado de campanha, com o amigo fiel que o acompanha onde quer que vá, já o vi outras vezes por ai.

O Banco do Brasil da Praça Pio XII parece que fazendo mais uma das tantas reformas... Sigo até o AMES, onde deixei meu carro, que pego e volto para casa, carregando esses pensamentos e outros que não entraram neste enredo.

No norte do Estado, existe uma cidade e nela um bairro na parte da baixa onde por perto corre um rio de águas mansas... Teve seu apogeu, mas agora virou motivo de constantes protestos de moradores nostálgicos que reivindicam o que contextualmente se sabe que nos termos que pensam, é impossível dar. Recuso-me admitir, mas pode ser o que acabará acontecendo, guardadas as devidas proporções, com o centro da cidade sol, de um céu sempre azul. É uma pena.

  Vitória, 2 de julho de 2015 - 14:51