FELIZ ANO NOVO
Estou aqui pensando, porque fazemos
tanta festa com a chegada de um novo ano. Qual é de fato determinante ou a motivação que se tem.
O encerramento com celebração de
Santa Missa ou Culto para louvar a Deus, que é o Senhor, para agradecer as
graças recebidas é no mínimo ser educado, agir com ética e reconhecer que tudo
que recebemos vem Dele. O ano transcorrido é situação já vivenciada, trata-se assim,
de não poder deixar de admitir o inegável, testemunhamos e/ou protagonizamos.
Mas fazer tanta festa com a chegada
de um Ano Novo, verdadeira incógnita do que virá a ser, por que festejar?
Posso analisar os acontecimentos,
ante milhares de pessoas que acorrem às praias. É de se questionar se seria
para ombrear-se ao irmão Mar que com sua grandeza, ainda que inconscientemente,
nos proporciona complementação do que psicologicamente nos possa faltar?
A maioria se veste de branco. Ritual
ou crença de que a cor da roupa possa influenciar o curso dos acontecimentos
pelos quais passaremos ou circunstâncias que vivenciaremos. Alguns já terão ido
à Igreja do credo que professam e ali, na praia, quem sabe estejam prestes a fazer uma segunda
oferenda.
Despojam-se dos calçados, a maioria
simples sandálias. Caminhar na areia pode representar, conforme o ponto, em
alguma dificuldade. Podem ter flores nas mãos, muitas já bailam ao sabor das
ondas que pode levá-las mar adentro, ou deixar na areia, ou pela projeção
avançada da onda, ou pela falta de força com que a mesma onda, volta a integrar
o volume intenso das águas oceânicas.
Grande parte, meros curiosos, se
detém no calçadão contemplando embevecida o entusiasmo dos que caminham pra lá
e prá cá. Além é claro, daqueles que se postam nos umbrais de suas janelas ou
nas varandas envidraçadas dos apartamentos de luxo, ao longo da orla.
Em determinado ponto, é o frenesi
que impera. Em imensos palcos exibem-se intérpretes musicais, os que tocam, os
que cantam. Conforme os acordes da melodia que determinam ser projetada no ar,
embalsamam a massa, a enlevam, transportam ao infinito, identificam-na com as
próprias almas e lhe proporcionam intimidade com as essências das quais se
forma ou lhe provocam gestos e expressões enlouquecidas em que predomina o vale
tudo, onde a concentração se desfaz e o que importa é delirar.
E ali, de pé, passam horas a fio aos
gritos de saudação idólatra, festejando o que não sabem nem menos o quê. Não se
cansam, não veem o tempo passar e permaneceriam ainda mais tempo se as cortinas
dos palcos não se fechassem ocultando inclusive, o lucro proporcionado pelo
real de tantos – num gesto inverso ao da viúva que despojou-se da única moeda
que tinha – que constituiu mais uma vez a riqueza de alguns poucos.
E autorizo-me a dizer que o
paganismo ainda está por ai.
Feliz Ano Novo foi assim que
precedentemente as saudações foram feitas. E ao dizer Feliz Ano Novo cada lábio
estava cheio de amor, fora feito intérprete de augúrio profundo e sincero do
que se deseja para o próximo, ou seja, que se dê bem, que quem não tem,
encontre trabalho, que haja pão em cada mesa e que se tenha onde colocar a mesa
ou seja uma casa, mesmo que simples, que as pessoas se respeitem, que, em
síntese: viva-se em Paz.
E 1º de janeiro não é o Dia
Internacional da Paz? Pois bem!
Depois do sobredito, só posso concluir
que é preciso reinventar as comemorações da forma com que as fazemos. É preciso
colocar cada coisa em seu lugar. Nós mesmos no nosso lugar. Onde colocaremos
Deus?
Na liturgia da Missa de ontem, 31 de
dezembro, o Evangelho segundo João voltou a lembrar: No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus
... Encerro, não por já ter dito
tudo. Prefiro não apresentar formas, cada um tem a sua, mas com a mesma alma
que descrevi o momento em que dizemos Feliz Ano Novo, desejo que de nós não se
diga que Ele veio para os que eram seus e
os seus não o receberam.
Marlusse
Pestana Daher
1º de
janeiro de 2011 – 9 h 26 m