domingo, 31 de maio de 2015

SANTÍSSIMA TRINDADE


A festa da Santíssima Trindade se repete a cada ano, no domingo seguinte ao de Pentecostes. Refletir sobre a Santíssima Trindade é confessar o quanto Deus é grande, posto que, sendo Único e não teremos outro Deus ao qual adorar (Isaias. 44,8), na Sua onipotência, faz-se três pessoas iguais e realmente distintas: o Pai que nos criou, o Filho que nos salvou, o Espírito Santo que nos santifica.
Logo no início a carta de Paulo aos coríntios, associa-nos à indivisibilidade da Trindade. Diz o Apóstolo: Há diversidade de dons, mas é um mesmo o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas é um mesmo o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.
Mergulhemos na grandeza desse mistério, deixemo-nos envolver por ele, sejamos acessíveis a essa comunhão com a Santíssima Trindade e também entre nós. Cada um tem seus dons pra que se complete com os demais, para que os disponibilize suprindo a lacuna do outro ao mesmo tempo, recebendo o que o outro tem para nos doar.
Cada um de nós tem uma tarefa a cumprir, cada um de nós exerce uma profissão ou ofício, é fundamental que seja desempenhado em espírito de serviço, não atrase, não retarde porque tudo tem seu tempo certo debaixo do céu. Sobretudo, disponibilizemos nossos dons, exerçamos nossos misteres, convictos de que é Deus quem nos dirige, é Deus quem se serve de nós para estar presente na comunidade humana. Ele se vale de nós para fazer o que deve ser feito.
E tudo isto, para que tenhamos real percepção do mundo em que vivemos, entendamos que somos profetas e nos compete ajudar para que este mundo, ao menos um pouco, se torne melhor.
Temamos o Senhor que passa e pode não voltar mais. (S. Agostinho).

E como resgatados pelo Amor, professemos nossa fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos na unidade nosso Deus onipotente.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

GUARDA PARTILHADA

Daniel Sampaio
Em Portugal, nos últimos trinta anos, é inquestionável a mudança no quotidiano das famílias. Da esposa/mãe típica da primeira metade do século passado, evoluímos para uma maior colaboração do pai nas tarefas domésticas e uma acrescida cooperação na educação das crianças.
Estas mudanças, que se acentuaram sobretudo no Portugal democrático, traduziram-se também por uma muito maior responsabilização do pai em relação aos filhos. O pai distante e centrado na vida profissional, deu lugar a um pai mais próximo e interveniente, preocupado com o futuro dos filhos e atento ao seu desenvolvimento.
O conceito de guarda conjunta nasceu nos anos setenta, a partir de vários movimentos sociais que denunciaram os problemas da guarda monoparental, pelo risco de perda, por vezes definitiva, de um dos progenitores (quase sempre o pai). 
A guarda conjunta pressupõe a co-responsabilidade legal de ambos os progenitores em relação aos filhos, após a ruptura do seu casamento ou união de facto. Trata-se da modalidade de organização da vida familiar que mais se aproxima da realidade da família intacta, pelo que se justifica a sua prática, sempre que possível.

Se a guarda conjunta deve ser o princípio norteador fundamental, há situações em que pode não ser aconselhada. Quando existe patologia mental grave num dos progenitores (devidamente comprovada), negligência mantida, violência familiar ou conflito extremamente intenso na fase da rutura, outras formas de organização dos tempos da criança devem ser ponderadas.
Mais recentemente, utiliza-se o termo guarda partilhada como sinônimo de responsabilidade parental conjunta. No entanto, convém esclarecer que guarda partilhada não significa que haja necessariamente residência alternada. A lei portuguesa determina os pressupostos da regulação das responsabilidades parentais, podendo os pais solicitar ao tribunal a alternância da residência. O que está em causa na guarda partilhada é a partilha da autoridade parental sobre a criança, que passa a ser exercida por ambos os progenitores. 
A guarda partilhada constitui uma importante evolução no conceito da educação das crianças no pós-divórcio."
A guarda partilhada, sob a forma de residência alternada, tem a sua justificação no facto da criança passar a viver o seu quotidiano com ambos os pais. Se os progenitores forem capazes de ultrapassar as divergências e colocarem o bem-estar do filho em primeiro lugar, podem conseguir um bom equilíbrio relacional.
Do ponto de vista dos pais, a residência alternada também pode ter vantagens. Desfaz a ideia da educação das crianças estar apenas a cargo de só uma pessoa, crença frequente quando as responsabilidades parentais atribuem, a um dos pais, um contacto apenas quinzenal. Permite uma diferente organização da vida pessoal de cada adulto, com mais intensa dedicação ao filho no período em que coabitam.
A guarda partilhada constitui uma importante evolução no conceito da educação das crianças no pós-divórcio. 
De notar que a residência alternada nunca deverá ser proposta se os progenitores passarem a viver em zonas distantes, o que torna inviável a constante deslocação da criança entre cidades muito afastadas.
Quando é elevada a intensidade do conflito entre o casal no momento do divórcio, a guarda partilhada torna-se difícil. Nessas situações, é melhor aconselhar a mediação familiar, com vista a obter um acordo que possa ser cumprido.



CURIOSIDADES SOBRE O VOTO FEMININO



Bem que os homens tentaram. Em 1890, durante a elaboração da primeira Constituição republicana, o constituinte baiano César Zama defendeu o sufrágio universal. No ano seguinte, 31 constituintes assinaram a emenda de Saldanha Marinho ao projeto de Constituição, estendendo às brasileiras o direito de votar. Mas em plenário as decisões foram desfavoráveis e, assim, o Brasil perdeu para a Nova Zelândia (em 1893) a primazia na concessão do voto às mulheres.

Homens e mulheres que se dedicaram à luta por esse direito estão tratados em pé de igualdade no trabalho A mulher e voto, realizado pelo advogado e pesquisador Antônio Sérgio Ribeiro, com a elaboração dos funcionários do Parlamento paulista Dainis Karepovs, Álvaro Weissheimer Carneiro, Caio Silveira Ramos e Naiara Reis de Almeida, além do professor Abel Cardoso Jr., da Academia Sorocabana de Letras, e de Maria Ema Melo Rabelo Silva, da Câmara dos Deputados.

A pesquisa, que relata a história do voto feminino no mundo, será publicada neste jornal em três edições. Ao tratar do Brasil, ela acompanha desde precursoras como Leolinda de Figueiredo Daltro e Bertha Lutz, até a época contemporânea

/N+/A mulher e o voto - II/N-/    

Antonio Sérgio Ribeiro

No Brasil, a emancipação feminina teve como precursora a educadora Leolinda de Figueiredo Daltro, natural da Bahia. Exerceu o magistério em Goiás, onde trabalhou na catequese dos silvícolas. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, se tornaria professora catedrática municipal e chegaria à direção da Escola Técnica Orsina da Fonseca. A fim de colaborar na campanha eleitoral para a presidência da República, fundou, em 1910, a Junta Feminina Pró-Hermes da Fonseca, de cuja família era amiga, apesar de as mulheres não terem direito do voto. Com a vitória de seu candidato, continuou sua campanha pela participação da mulher brasileira na vida política do país. Concorreu como candidata à Constituinte no ano de 1933.

Ao contrário de outros países, o movimento pelo voto feminino partiu de um homem, o constituinte, médico e intelectual baiano César Zama, que, na sessão de 30 de setembro de 1890, durante os trabalhos de elaboração da primeira Constituição Republicana, defendeu o sufrágio universal, a fim de que as mulheres pudessem participar efetivamente da vida política do país. No ano seguinte outro constituinte, Almeida Nogueira, defendeu a participação das mulheres como eleitoras, e lembrou, na sessão de 2 de janeiro de 1891, que não havia legislação que restringisse seus direitos e mesmo o projeto da nova Constituição não cerceava esse exercício cívico. No mesmo raciocínio, Lopes Trovão, ao discutir a Declaração de Deveres, usou da palavra para defender com afinco essa causa, que para ele era como uma reparação que vinha tardiamente. Suas palavras foram contestadas com apartes veementes dos adversários da idéia, mas a cada frase, ele contestava com idêntico vigor.    

Mas os inimigos eram fortes e em maior número. Entre os que rejeitavam a idéia estavam Lauro Sodré e Barbosa Lima. Cabe citar que, no primeiro dia do ano de 1891, 31 constituintes assinaram uma emenda ao projeto de Constituição, de autoria de Saldanha Marinho, conferindo o voto à mulher brasileira.     

Apoio retirado   

A pressão, porém, foi tão grande que Epitácio Pessoa (posteriormente presidente da República, em 1919-1922), que havia subscrito a emenda, dez dias depois retirou o seu apoio. Entre aqueles que foram signatários da emenda constitucional estavam Nilo Peçanha , Érico Coelho, Índio do Brasil, César Zama, Lamounier Godofredo e Fonseca Hermes. Na sessão de 27 de janeiro de 1891, o deputado Pedro Américo assim falou:       

"A maioria do Congresso Constituinte, apesar da brilhante e vigorosa dialética exibida em prol da mulher-votante, não quis a responsabilidade de arrastar para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano."      

Outro parlamentar, Coelho Campos foi mais radical em seu pronunciamento:

"É assunto de que não cogito; o que afirmo é que minha mulher não irá votar."

O próprio Ruy Barbosa e o Barão Rio Branco se manifestaram em defesa da igualdade política dos sexos, mas o Brasil deixou de ser o primeiro país do mundo a conceder o direito do voto à mulher. Em 1893 a Nova Zelândia teria a primazia da concessão do voto feminino.  

O constituinte e defensor da cidadania para a mulher brasileira, César Zama, em discurso afirmou:   

"Bastará que qualquer país importante da Europa confira-lhes direitos políticos e nós o imitaremos. Temos o nosso fraco pela imitação."   

No ano de 1894, foi promulgada a "Constituição Política" da cidade de Santos. Entre as normas legais estava o artigo 42, que concedia a "capacidade política aos maiores de 21 anos e as mulheres sub juris, que exercessem profissão honesta, sabendo ler e escrever e residindo no município há mais de um ano, o direito de voto". Não concordando com esse diploma legal, um grupo de cidadãos entrou com recurso no Congresso Legislativo de São Paulo: o Projeto nº 120, de 1895, que solicitava a anulação de alguns artigos, entre eles o artigo 42. O relator acatou a solicitação, mas o deputado Eugênio Égas foi mais "prático": apresentou um projeto de resolução com apenas dois artigos, o primeiro declarava nula a "constituição santista" e o segundo artigo revogava as disposições em contrário...

Em Minas Gerais, no ano de 1905, três mulheres se alistaram e votaram, mas foi um caso isolado.    

Somente em 1917, o deputado Maurício de Lacerda apresentou a emenda nº. 47, de 12 de março daquele ano, que alterava a lei eleitoral de 1916, e incluía o alistamento das mulheres maiores de 21 anos. Essa emenda seria rejeitada pela Comissão de Justiça, cujo relator Afrânio de Mello Franco a julgou inconstitucional e ainda afirmou: 

"As próprias mulheres brasileiras, em sua grande maioria, recusariam o exercício do direito de voto político, se este lhes fosse concedido."    

Seu autor não desistiria da idéia e, em 29 de outubro de 1920, na legislatura seguinte, novamente apresentou uma emenda, que recebeu o nº. 8. Dessa vez iria para votação no plenário da Câmara Federal, sendo mais uma vez rejeitada. No ano seguinte um projeto de lei seria apresentado - de autoria de três deputados: Octavio Rocha, Bethencourt da Silva Filho e Nogueira Penido - e receberia parecer favorável do relator deputado Juvenal Lamartine de Faria. Mais uma vez não lograria êxito a iniciativa. Em 1º de dezembro de 1924, é apresentado pelo deputado Basílio de Magalhães o Projeto de Lei nº. 247, que pleiteava a concessão do voto à mulher brasileira. 

Primeira prefeita

No Senado coube ao representante do Pará, Justo Leite Chermont, em 1919, a iniciativa pela concessão do voto feminino, quando apresentou o projeto de lei nº. 102, que seria aprovado em primeira discussão no ano de 1921. Em fins de 1927, o presidente Washington Luís, em conversa no Palácio do Catete, manifestou-se a favor do voto às mulheres. O presidente da Comissão de Justiça do Senado, Adolpho Gordo, localizou no arquivo o antigo PL nº. 102 (seu autor, o senador Chermont havia falecido em 1926) e o colocou em pauta novamente. Foi designado relator o senador Aristides Rocha, que em parecer se pronunciou favoravelmente ao projeto original. Havia, porém, outros posicionamentos, notadamente do senador Thomaz Rodrigues, que em 10 de setembro de 1925, quando relator do referido projeto, assim se pronunciou:       

"Apesar de entendermos que é cedo, muito cedo, para conceder um direito tão amplo à mulher brasileira, que, em sua grande maioria ainda o não reclama..." A segunda votação necessária à aprovação não se realizaria. Thomaz Rodrigues solicitou vista no projeto, para ganhar tempo, e ele não pôde ser votado naquela legislatura.

A mulher brasileira teve que esperar mais alguns anos. Nesse período são fundadas várias entidades congregando as militantes feministas. No Brasil, na primeira vez que as mulheres conseguiram o direito de votar, os seus votos foram anulados. A Comissão de Poderes do Senado Federal, no ano de 1928, ao analisar as eleições realizadas no Rio de Grande do Norte naquela ocasião, requereu em seu relatório a anulação de todos os votos que haviam sido dados as mulheres, sob alegação da necessidade de uma lei especial a respeito. O projeto que concedia esse direito à mulher norte-rio-grandense era de autoria do deputado Juvenal Lamartine de Faria, o mesmo que, como relator do projeto de 1921 na Câmara Federal, havia dado parecer favorável ao pleito, que fora aprovado pelo Legislativo Estadual e sancionado pelo governador José Augusto Bezerra de Medeiros. O Rio Grande do Norte portanto foi primeiro Estado brasileiro a conceder o voto à mulher. As duas primeiras mulheres alistadas como eleitoras no Brasil foram as professoras Júlia Barbosa, de Natal, e Celina Vianna, de Mossoró, ambas do Rio Grande do Norte. Também seria potiguar a primeira prefeita do Brasil, Alzira Teixeira Soriano, eleita no município de Lages, em 1928, pelo Partido Republicano Federal.


domingo, 24 de maio de 2015

O IMPULSO CRIATIVO NA PRODUÇÃO POÉTICA

II FESTIVAL LITERÁRIO CAPIXABA
Vitoria, 23 de maio de 2015 – sábado
O IMPULSO CRIATIVO NA PRODUÇÃO POÉTICA

A palavra impulso[1]
X
Estampido de um tiro.

Anotações para o desenvolvimento da fala. 


A ideia de impulso, no contexto em que a examinamos, logicamente, associa sua exteriorização à do objeto contido. No caso da poesia _ nosso casso _ se trata daqueles sentimentos que se foram acumulando não se sabe bem por quanto tempo, em alguém-poeta.
Ou se pode dizer da presunção de um impulso que se origina num momento interior do poeta e que uma vez brotado não pode ser contido ou só resta externar. Exemplo prático nos foi revelado pelo poeta Horácio Xavier. Ele publicou no facebook:

Horácio Xavier  - 15 de maio às 21:33 · E não é que quando ia me recolher e preparar, a danada da Poesia me pegou?

INSTROSPECÇÃO

Sozinho / É o canto do menino  /  Solitário /  É o estar sem companhia  Vazio /  É o sentimento lascivo /  Assim como a tarde sem guia  /  Assim como o dia que alucina  /  Calado /  É o coração deixado de lado  /  Emudecido  /  É o corpo largado e partido  /  Sofrido  /  É o desprazer estampado nas frontes  /  Esquecido de todos e de tudo  / Esquecido de muitos e de montes  /  O jorro do medo  / Faz o inverso das fontes

Ser poeta é um dom.

Quanto me esforço par definir poesia a primeira coisa que faço e passar a mão direita sobre o braço esquerdo (não inventei, é a representação  clássica de traduzir o arrepiar-se.

Acrescento poesia é aquela sensação de beleza que embarga sua voz e deixa em êxtase ou em estado de contemplação.


Quis fazer dessa fala algo muito perto, e assim, de poetas com quem convivemos é que me vali.

E de tanto me encantar com as poesias reunidas em um livro que já tinha, de me encantar com as trovas que ele publica no fb, perguntei ao poeta Matusalém Dias de Moura:

- Desde quando poeta?

 Ao ler minha pergunta, enviada via mensagem, para não esquecer, improvisamente, ele me respondeu: Desde muito cedo, menino ainda, escrevo meus poeminhas. E até hoje sinto uma necessidade imensa de continuar escrevendo. Do poeta Jorge Elias, aqui ao lado, ouvi exatamente o mesmo. Escrever é uma necessidade,

Continuou Matusalém: Penso que o que me faz poeta é a minha maneira de olhar o mundo, não é a maneira de olhar o mundo que o faz poeta, é o ser poeta que o faz olhar o mundo como olha, de pensar e refletir sobre a beleza da vida e, ao mesmo tempo, me inconformar com as maldades mundanas, destruidoras do ser humano, "imagem e semelhança do Criador", o Poeta das poetas.

Por isto sempre se disse que o poeta é um sofredor.

Sinto-me bem e feliz ao assumir e dizer, em voz alta, dessa minha sensibilidade. Embeveço-me, com facilidade com a beleza que encontro pelos caminhos. Às vezes, chego mesmo ao ponto de, chorando, esquecer de mim próprio, indiferente às minhas responsabilidades sociais e profissionais, para ficar ali, diante de uma flor, minutos e mais minutos, distraído, em estado de contemplação, alimentando-me da poesia da vida.

Ante a dor alheia, sinto-me pequeno, sofro as mesmas dores os sofredores e me dirijo a Deus, em prece e poesia, clamando misericórdia.
HUMILDADE: Sei que nada me pertence aqui na terra, que nem sequer o meu próprio corpo é meu: a morte tira-me dele a qualquer tempo e eu tenho que partir.
Mas gostaria de que a minha passagem por este planeta servisse para minorar o sofrimento de meu semelhante. Sou inconformado om as impiedades do mundo.

Quando a técnica, creio que não tenho nenhuma especial. como poesia é arte, procurei ao longo da vida me aperfeiçoar na composição de meus poemas.
E como fiz isso? Lendo os outros poetas. [2]

DESTACANDO TRÊS POETAS


Com o subsidio generosamente partilhado por Matusalém selecionei três poetas e me permiti analisar o impulso poético de cada um.



Matusalém Dias de Moura que consegue transpor para a poesia a transparência de sua alma poeta forjada no eito, no cabo de uma enxada e que depois sem nenhum desprezo pelo que se ocupava aceita carona nas nuvens que passam e vai galgando as alturas que a sua frente descortinam.
Lendo sejam poesias, ou crônicas de Matusalém provei verdadeira sensação de quem faz um passeio de bicicleta, sorvendo o ar fresco de uma manhã cheia de sol.[3]
Escritor, poeta, Matusalém é referência na literatura  capixaba.


O convívio com a simplicidade de Beatriz Monjardim Faria Santos Rabelo, elegi-a também para o mesmo fim. Deparei com sua  alma poética de quem os anos não roubaram o encanto progressivo das descobertas que continua fazendo delas os ais que constituem  seus impulsos poético.
Na evocação:     da família poesia p. 5  Sementes de  Sonhos do esposo amado;     dos filhos

Facilitando minha tarefa fomo emprestados versos do poema que lhe dedicou Nelson Monjardim Faria Santos  p. 13 Semente de Sonhos.
                        É tangida pela saudade  p. 19    saudade / dor maior da perda / sofrimento
                        Dor profunda e profunda religiosidade – A ti Jesus p. 22

 
Maria Antonieta Tatagiba 1694          13/3/1928
Foi a primeira mulher a publicar um livro no Espírito                                        Santo “FRAUTA AGRESTE” (POESIAS)
Como escreveu Karina Flleury: Maria Antonieta Tatagiba  foi uma poetisa de produção intensa que apesar de 
ser aclamada por seus pares, em sua época, o silêncio
da história insistia em se fazer viva sobre sua voz de tempos
em tempos.

Deixo à curiosidade de quem ainda não a conhece vir a conhecê-la. A Amaletras se encarregou de reeditar seu livro Frauta Agreste, acrescido de outras poesias, do seu único conto encontrado em pesquisa de sua estudiosa K F.

A poesia de Tatagiba é um consoante diálogo com o criado, com as pessoas com o amor. Os seus impulsos foram os mesmos.

Poetou sobre tardes  chuvosas, fez bom uso de onomatopeias mas sem dúvida extravasa toda sua emoção de poeta no poema  Ruyzinho de cuja morte nunca se curou, o pranto nunca cessou, chegando a ser dito que a tuberculoso que lhe ceifou a vida aos 32 anos de idade foi colhida nas manhãs frias de São Pedro de Itabapoana   ao levar flores a sepultura do filhinho.

Alguém me insinuou sobre a não oportunidade de reedição de sua obra pela linguagem que os jovens não adotam

Tive que responder com a estupefação que causo, quando digo: eu também não gosto de Drumond.

A linguagem de Antonieta é sim rebuscada sabendo mesmo a preciosismo não a justificasse o tempo em que os bons poetas não dispensavam o uso de palavras difíceis, de  uso não comum.

Mas não foge ao impulso poético que se constitui em escolha do tema  abordado nesta II Flica.

RUYZINHO     

Maio... Ressoam no ar as harmonias
Dos bronzes e das longas litanias...
Foi em maio... há um ano que partiste...
E este mesmo sino que risonho, agora,
Tange, na tarde em que foste embora
Soava num dobre compassado e triste.

Tudo revive com o dulçor do outono...
Só tu jamais te acordas desde sono...
Há um frescor de verduras orvalhadas,
Pelos campos de um lindo verde-gaio,
O mais suave azul no céu de maio,
Lírios se abrindo á beira das estradas...

Maio voltou florindo os matagais,
Só tu partiste para nunca mais!
Quando entardece para a ermida à pino
No alto do outeiro, vejo rumorosas
Ledas crianças carregando rosas...
É vazio o teu berço pequenino...

Quanta alegria!... O sino lembra um monge
Rezando a missa nova... E tu... ai! Longe...
Tudo vibrando alegre como um guizo...
E em meio deste rir que no ar espoca
Visse eu sorrindo a flor da tua boca
Que a terra me seria um paraíso!

Maio... cantam os sinos... não despertas!
As faces brancas; de livor cobertas,
Adormeceste lindo, um rubro manto
Recamado de estrelas cor de ouro,
Um diadema no cabelo louro
Entre círios e flores qual um santo!

Não tens saudade do teu doce lar,
Quando na terra tudo anda a cantar?
Dessa existência de horas passageiras
Que tiveste? Da casa onde era um fio
De música o teu leve balbucio,
E onde os lírios te olhavam das floreiras?

De quem te acalentava com carinho,
Quando o luar descia, cor de linho,
E estrelas de ouro lá no céu de bruços,
Dormir te viam cheias de meiguice?
Daquela voz tão doce que te disse
O ultimo adeus cortada de soluços?

Tudo revive com o dulçor do outono...
Só tu não deixas este longo sono...
Maio voltou florindo os matagais
E enquanto expira a tarde azul e pura,
De rosas cubro a tua sepultura,
Porque partiste para nunca mais!


Para sentir impulso poético é preciso ser poeta. 








[1] Mas não se pode falar em impulso que não esteja em alguém.

[2] Comecei lendo Bilac, Álvares de Azevedo, Guilherme de Almeida, Raimundo Correia; depois, os modernos, principalmente Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, J. G. de Araújo Jorge, dentre muitos outros brasileiros.
Também li (e releio vez ou outra) os grandes mestres da poesia universal: Petrarca, Dante, Virgílio, Homero, Camões, São João da Cruz, Fernando Pessoa, T.S. Eliot, Walt Whtman, Bashô e muitos outros... E continuo lendo e aprendendo, tentando melhorar minha produção poética.
Também leio poetas ruins: com eles aprendo como não se deve escrever um poema.
 Ouvir música também me ajuda muito e, às vezes, me inspira alguns versos. Gosto muito da música clássica, tanto instrumental quanto operística. Mas também gosto de música caipira: ouvindo uma canção sertaneja, reencontro-me, pois minha origem é camponesa. Saí do campo aos 16 anos de idade.
De tudo que escrevo, tenho um pouco mais de afeição pelos poemas que escrevo em homenagem à minha mãe. Sempre me comovo ao falar dela. Certo é - não posso negar - que gosto mais de uns que dos outros, mas me é impossível enumerá-los aqui, neste instante.

[3] Comecei lendo Bilac, Álvares de Azevedo, Guilherme de Almeida, Raimundo Correia; depois, os modernos, principalmente Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, J. G. de Araújo Jorge, dentre muitos outros brasileiros.
Também li (e releio vez ou outra) os grandes mestres da poesia universal: Petrarca, Dante, Virgílio, Homero, Camões, São João da Cruz, Fernando Pessoa, T.S. Eliot, Walt Whtman, Bashô e muitos outros... E continuo lendo e aprendendo, tentando melhorar minha produção poética.
Também leio poetas ruins: com eles aprendo como não se deve escrever um poema.
 Ouvir música também me ajuda muito e, às vezes, me inspira alguns versos. Gosto muito da música clássica, tanto instrumental quanto operística. Mas também gosto de música caipira: ouvindo uma canção sertaneja, reencontro-me, pois minha origem é camponesa. Saí do campo aos 16 anos de idade.
De tudo que escrevo, tenho um pouco mais de afeição pelos poemas que escrevo em homenagem à minha mãe. Sempre me comovo ao falar dela. Certo é - não posso negar - que gosto mais de uns que dos outros, mas me é impossível enumerá-los aqui, neste instante.

[4] Ib p. 17, 37, 39

segunda-feira, 18 de maio de 2015

MULHER DE CEM ANOS

"MULHER DE CEM ANOS"
Maria Lucia Zunti sua mãe. 

O olhar é apenas vago,
mas não é triste, só parece
porque nessa época 
só enxergava sombras,
mas olhe a foto de novo
há um quê de sorriso nos lábios
e, se olhar bem, pode ver
na face pela vida curtida
generosidade
serenidade
compreensão, alegria de viver
suas quatro mais expressivas virtudes.
Mulher, mãe, avó, bisavó!
A noite cobriu agora este olhar
e este nobre rosto
mas sua luz haverá de brilhar
e essa chama não vai se apagar
enquanto sua descendência durar.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

APARIÇÃO DE FÁTIMA





A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. 

Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco. 

A Senhora disse aos três pastorzinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição se deu no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém. 

Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Anos depois sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

O LIVRO DE MAGDALENA PISA


        O livro “Maria Magdalena Pisa – do prazer e aprender à paixão de ensinar”, de autoria de Professora e Acadêmica da AFESL, Maria do Carmo Marino Schneider, é fruto de pesquisa histórica e documental sobre essa  eminente educadora que trabalhou até o fim de seus dias, merecendo ser apontada às gerações de mestras como um capítulo de seriedade e de grandeza na história do magistério no Espírito Santo.

      A obra resgata sua trajetória no magistério desde 1922 até os seus últimos dias, quando lecionou na “Escola Normal Pedro”, no “Instituto de Educação Professor Fernando Duarte Rabelo e no “Colégio São Vicente de Paula”.

      Em 1934, o Interventor João Punaro Bley inaugura o “Grupo Escolar Padre Anchieta”, nomeando-a sua primeira diretora, função que exerceu durante 14 anos, com extremado zelo e dedicação, tornando-a uma escola modelo no Espírito Santo, formado uma geração de jovens que hoje são homens e mulheres que se destacam nas áreas políticas, educacionais e sociais do nosso Estado.

      Na década de 50, no governo do Dr. Jones dos Santos Neves, exerceu o cargo de Secretária de Estado da Educação, período em que lutou pela valorização do magistério, pleiteando melhores condições de trabalho e uma remuneração mais justa aos professores e aos docentes de emergência.

      Exerceu vários cargos na Secretaria de Educação, vencendo à custa de decisão e esforço próprios, aceitando o desafio do destino e enfrentando um mundo hostil que não dava à mulher uma posição de destaque no comando de posições políticas e técnicas à época.

      Acreditava no poder da educação de transformar o homem embrutecido por sua natureza animal no homem humanizado, sensível, com uma natureza espiritual que o aproxima do divino.


                                      Maria do Carmo Marino Schneider