sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

CAFÉ DA MANHÃ DE NATAL



Eram mais que 10 h deste dia seguinte ao do Natal. Peguei meu livro recém-publicado “Magnificat”, autografei e fui cumprir propósito tomado, presentear minha vizinha do sétimo andar, a pernambucana Mércia e  Joca, seu marido. 

Chamá-lo de Joca é resultado do acordo que fizemos, ele não me trataria mais de doutora, em contrapartida eu o chamaria de Joca, ao invés de Josildo. 

Toquei a campainha, a porta da cozinha foi aberta e Joca me fazia entrar, cheguei a sentar-me no banco da mesa da cozinha, mas Mércia abriu a porta da sala e me fez entrar por ela, acrescentando, antes que de tanto eu me certificasse, que estava sendo servido um cafezinho. Eis que, quando ingresso na sala, vi uma mãe felicíssima, rodeada dos três filhos, genro e noras, dos netos. Nada faltava àquela mesa de café da manhã ainda em clima de natal: das castanhas, ao queijo de Minas com sabor de pimenta, pães, bolos, doces, e tudo que carinho de mãe sabe preparar e condimentar com amor invulgar. 

Após as saudações que se impunham, eu também fui servida de café e tive que comer um pedacinho daquele bolo. Imagine, se Mércia me deixaria fazer a menos, aliás, o café dela tem um sabor particular. 

Ao mesmo tempo, a conversa começou a girar em torno do livro que presenteei. Expliquei ser comemorativo aos 20 anos do meu programa de rádio e que todos os textos foram transmitidos. Mércia se lembrou do meu primeiro livro de poesias: “Os anjos não fazem arte”.

Um dos rapazes, aliás, deveras galante, ao cumprimentar-me, beijou-me a mão. Foi tirar da cama as filhinhas para que as conhecesse, muito lindas, de rostinhos delicados e narizes de princesa. Fiquei sabendo que a bisavó delas é poetisa e se dá aos haicais. 

Robson folheava meu livro enquanto fazia algumas perguntas. Ao lado estava sua Clarinha, uma moreninha linda, que com apenas 14 anos já atingiu boa altura. Cochichou-me a avó: está com um namoradinho... 

Cada um disse-me alguma coisa em particular, comuniquei-me com todos. Senti-me maravilhosamente bem entre aquela família, tudo transpirava amor e a experiência invulgar de estarem juntos o que é privilégio de tempo de natal. Os dois filhos moram um, no Rio de Janeiro, o outro, em Salvador na Bahia. 

Foi uma experiência bonita que vivi hoje e que com certeza coroa as orações de minha amiga que por falta de quem a acompanhasse, fez sozinha a novena de Natal. 

Que Deus os abençoe e proteja e já que as ocupações não lhes permite muitos encontros ficará em cada um, a intensidade com que se amavam hoje. Estarão abastecidos até o próximo encontro. 

                                                                Vitória, 26 de dezembro de 2014  20 horas