Que a terra me perdoe, pois, sempre
evidencio todos os dias especiais quando caem na segunda-feira ou por
perto. Segunda passada, 22 de
abril, foi DIA DA TERRA e não me dei conta.
E conta não me dei exatamente porque apesar de
à terra todos devermos muito em atenção e carinho, não retribuímos pelo
quase tudo que dela nos vem.
Temos tudo a aprender com quem ainda a
cultua de forma radical, os povos indígenas que ainda vivem das próprias
tradições e culturas.
Vale a pena ler alguns trechos da carta
do Pele Vermelha ao Grande Chefe dos EEUU, (1854), quando este quis
comprar-lhes uma grande extensão do próprio território.
"Como se pode comprar ou vender o
firmamento ou ainda o calor da terra? Tal idéia para nós é desconhecida”.
“Se não somos donos da frescura do ar,
nem do fulgor das águas, como poderão vocês comprá-los? Cada parcela desta terra é sagrada para o meu
povo”.
“Cada
brilhante mata de pinheiros, cada grão de areia nas praias, cada gota de
orvalho nos escuros bosques, cada outeiro e até cada zumbido de cada inseto é
sagrado para a memória e para o passado do meu povo. A seiva que circula nas
veias das árvores leva consigo a memória dos peles vermelhas”.
“Os mortos do homem branco esquecem-se
do seu país de origem, quando empreendem as suas viagens no meio das estrelas;
ao contrário, os nossos mortos nunca se podem esquecer desta bondosa terra, ela
é a mãe dos peles vermelhas”.
“Somos parte da terra e do mesmo modo,
ela é parte de nós próprios. As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o
cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os úmidos
prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencemos à mesma
família”.
Se alguém não tiver capacidade de se arrepiar com essa carta,
ainda não descobriu ou se esqueceu da extensão da importância da terra.
É preciso falar da terra, falar com as
crianças. E se falarmos, elas vão entender. Letícia Barletta tem 8 anos e
acompanhava seu pai, numa oportunidade em que este dirigiu-se a certo gabinete
oficial. Pelo aspecto do ambiente, entendeu que se tratava de alguma
autoridade. Aboletou-se em uma das poltronas e com toda simplicidade que
grandes olhos azuis emolduram, foi logo dizendo: Tenho uma reclamação a fazer.
Pois não, fala, Letícia! O senhor manda tirar o lixo por ai a fora, limpa os
rios e o mar, porque minha professora disse que no ano 2016, a água vai
acabar”.
Criança entende tudo, não as deixemos
desinformadas.
Salvemos a terra, compete a nós e só nós
o poderemos fazer. Para isto é que, por exemplo, o Instituto “TERRA DA GENTE”
patrocinado pela CST, CESAN,
ARACRUZ E BELGOMINEIRA realizará nos dias 5, 6 e 7 de junho próximos, o “1º Simpósio Nacional do Meio Ambiente em
Vitória”. Todos que estiverem interessados são convidados a participar
gratuitamente. Com certeza, vão perceber que terão sido capacitados para enfrentar a luta, por uma terra sem males!.
Marlusse
Pestana Daher
Publicado em 29/04/02 A GAZETA