sábado, 26 de abril de 2014

CORRUPÇÃO, QUE CASO SÉRIO.

Observe-se a data. 
PERNAS PRA QUE “TE” QUERO

        Os lamentáveis acontecimentos de corrupção da mais negra, envolvendo gente de quem ao menos, longe se estaria de imaginar que pudesse estar tão envolvida, deixa-nos a todos perplexos e conscientes de que se dilatou em muito, a distância do dia em que vamos poder dormir tranquilos ou certos de que aquela outra parcela da liberdade a qual renunciamos para poder desfrutar da restante em paz, esteja efetivamente assegurada.

        Se os governantes são dotados de todo poder que detêm, há uma finalidade bem específica para tanto, uma meta bem delineada: que no exercício do mandato, não estejam sobrepostos aos governados,  antes, totalmente consagrados a servi-los.

        Agora é fácil entender o porque de tanta necessidade de corte dos gastos, as agruras pelas quais passam principalmente, a educação e a saúde, a tristeza dos profissionais mau pagos, que não obstante todos os esforços envidados, constatam que muito pouca coisa ou nada muda.

        Sempre se soube, agora está provado: nunca houve necessidade do desumano contingenciamento salarial, antes, uma gulodice sem medida lá pelas bandas de uma parcela do primeiro escalão.        Onde quer que se vá, ouve-se ser contada alguma coisa escabrosa. O inexplicável milagre econômico na vida de alguns.

        Ora, ai meu São Benedito, / tão querido por estas terras, / estaria vosmicê protegendo alguns / esquecendo todos os demais? / que fez a professora, / para continuar ganhando tão pouco, / por que a escola pública / não merece melhor acomodação, / será que só esses poucos merecem / e nós de cá, nada não?  / Dá um jeito, querido santo, / de melhorar a situação /e nem é pedir tanto, / pois a gente só está precisando / de que na próxima eleição / não deixe o povo votar mal não. 

        Felizmente, a CPI desta vez não acabou em “pizza” ao menos em parte e já deu os nomes de quem julgou imputável, de modo que, o Poder Legislativo já estará transferindo para o âmbito do Ministério Público o conjunto das provas coletadas que somadas às fartas, obtidas pelo mesmo MP se constituem em sólido suporte para deflagrar as competentes ações penais.
        Deferindo os pedidos de prisão temporária e preventiva que lhe foram formulados o Poder Judiciário também deu mostras de que está disposto a conhecer das denúncias e mediante processo legal, dar curso à instrução, com observância de todas as fases, principalmente, satisfazendo amplamente o contraditório constitucionalmente recomendado,  até que, mediante o convencimento a que chegar, vir a prolatar uma sentença que seja efetivamente justa, condenando nas iras da lei, ou mesmo absolvendo, se for o caso.
        Há possibilidade de muita água passar antes que se veja o final. Há muitos artifícios jurídicos capazes de empurrar sempre mais para lá o desfecho. Que qualquer retardamento não seja imputado ao Ministério Público, autor, ou ao Judiciário, para que não venha a ser alegado excesso de prazo na instrução, via de consequência, existência de constrangimento ilegal pelas prisões e possibilidade de os culpados  “caírem na rua”, porque para pegá-los depois, não vai ser fácil.

        Cadeia, contudo é muito pouco, se permanecerem com os bolsos cheios. É preciso tomar os bens -  sequestrar, arrestar -   secar as contas gordas que estiverem nos bancos, enfim,  devolver ao povo o que dele foi tirado.

        Mas ainda não acabou, tem mais gente cuja fortuna não se justifica. “Pernas pra que te quero?” Ao encalço deles agora!

Marlusse Pestana Daher
mpdaher@ig.com.br
A GAZETA 03/09/2001