terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

AMALETRAS 13 ANOS COM SOLENIDADE E POSSES








No dia 22 de fevereiro, 13° aniversário de fundação, tomam posse novos 

integrantes da ACADEMIA MATEENSE DE LETRAS – AMALETRAS.

Acadêmicos:

Na Cadeira n° 10, César Domiciano que tem como Patrono, Rodolfo Carvalho Cavalcante, na cadeira n° 11, Elza Lima, cadeira n° 12, Marcos Nicodemus Cysne.
 
Correspondentes:

Isabela Zon, ocupará a cadeira n° 4, como patrono, João Felício dos Santos.

Laury Esteves Barbosa Almeida, cadeira n°07

Heliana Mara Soares, cadeira n° 9, Patrono: Mario Quintana

Shila Francisco, cadeira 14, Patrona: Patricia Rehder Galvão.

Lea Brígida de Alvarenga Rosa, cadeira 15, Patrono: Nelson Abel de Almeida.

Marcus Vinicius Rios, cadeira 16.

Weber Muller, cadeira 17. Patrona: Vilma Paraiso Ferreira de Almada.

João Andrade, cadeira 18.

Angela Lino Veríssimo, cadeira 19.


Aguardamos confirmação de dois nomes. 

PATRICIA REHDER GALVÃO


Patrícia Rehder Galvão será patrona da Cadeira 14 de Correspondente da AMALETRAS a ser ocupada por Shila Joaquim.  

Conhecida pelo pseudônimo de Pagu, (São João da Boa Vista, 9 de junho de 1910Santos, 12 de dezembro de 19622 ) foi uma escritora, poeta, diretora de teatro, tradutora, desenhista e jornalista brasileira. Teve grande destaque no movimento modernista iniciado em 1922, embora não tivesse participado da Semana de Arte Moderna, tendo na época apenas doze anos de idade.

Bem antes de se tornar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas “extravagâncias” como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Seu comportamento não era compatível com sua origem familiar, proveniente de uma família conservadora e tradicional.

Em 1925, com quinze anos, passou a colaborar no Brás Jornal, assinando Patsy.

Embora tenha se tornado musa dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha apenas 12 anos em 1922, quando a Semana se realizou. Entretanto, com 18 anos, mal completara o curso na Escola Normal da Capital (São Paulo, 1928) se integra ao movimento antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. O apelido Pagu surgiu de um erro do poeta modernista Raul Bopp, autor de Cobra Norato. Bopp inventou este apelido ao dedicar-lhe um poema, porque imaginou que seu nome fosse Patrícia Goulart e por isso fez uma brincadeira com as primeiras sílabas do nome.

Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald separa-se de Tarsila e casa-se com Pagu. Especula-se que eles eram amantes desde a época em que Oswald era casado. No mesmo ano nasceu Rudá de Andrade, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornaram militantes do Partido Comunista Brasileiro.

Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos, Pagu foi presa pela polícia política de Getúlio Vargas. Foi a primeira de uma série de 23 prisões ao longo da vida. Logo depois de ser solta, em 1933, partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido e o filho. No mesmo ano publicou o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Em 1935 foi presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, sendo repatriada para o Brasil. Separou-se definitivamente de Oswald, após muitas brigas e ciúmes. Retomou sua atividade jornalística, sendo novamente presa e torturada pelas forças da ditadura de Getúlio Vargas, ficando na cadeia por cinco anos. Nesses cinco anos, seu filho foi criado por Oswald.

Ao sair da prisão, em 1940, rompeu com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Integrou a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Geraldo Ferraz, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz.

Casou novamente com Geraldo Ferraz, e desta união nasceu seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941. Passou a morar com os dois filhos e o marido.

Nesta mesma época viaja à China, obtendo as primeiras sementes de soja que foram introduzidas no Brasil.

Em 1945 lançou novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com o marido Geraldo Ferraz. Tentou, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.

Em 1952 frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda, apresentou sua tradução de A Cantora Careca de Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Fernando Arrabal, numa montagem amadora onde estreava o jovem artista Plínio Marcos.

Conhecida como grande animadora cultural em Santos, passou a residir com o marido e os dois filhos. Conviveu e incentivou jovens talentos santistas que apenas começavam suas carreiras, como o ator e dramaturgo Plínio Marcos e o compositor Gilberto Mendes. Dedicou-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores.

Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um câncer. Viajou a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Decepcionada e desesperada por estar doente, Patrícia tentou o suicídio, o que não se concretizou. Sobre o episódio, escreveu no panfleto "Verdade e Liberdade": "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas". Voltou ao Brasil e morreu em 12 de dezembro de 1962, em decorrência da doença.

Em 2004 a catadora de papel Selma Morgana Sarti, em Santos, encontrou no lixo uma grande quantidade de fotos e documentos da escritora e do jornalista Geraldo Ferraz, seu último companheiro. Estes fazem parte atualmente do arquivo da UNICAMP.

Em 2005, a cidade de São Paulo comemorou os 95 anos de nascimento de Pagu com uma vasta programação, que incluiu lançamento de livros, exposição de fotos, desenhos e textos da homenageada, apresentação de um espetáculo teatral sobre sua vida e inauguração de uma página na Internet. No dia exato de seu nascimento, convidados compareceram com trajes de época a uma festa Pagu, realizada no Museu da Imagem e do Som.

Outra faceta de Pagu é como desenhista e ilustradora. Participou da Revista de Antropofagia, publicada entre 1928 e 1929, entre outras. Recentemente foi publicado o livro Caderno de Croquis de Pagu, com uma coletânea de trabalhos da artista, bem como foi realizada uma exposição de alguns de seus desenhos na Galeria Hermitage.


TORTURA POR OMISSÃO

Um artigo de dezembro de 2002

        Em mais que boa hora, a CPI da Tortura adota diligências  há muito reclamadas pela sociedade. Tortura é crime hediondo, terrivelmente perverso! Data de outras eras, quando com requintes de crueldade, de desrespeito pelo ser humano, pela sua origem, pela sua dignidade, foi praticado largamente.    
Em outro contexto, mas como naqueles outros tempos, a prática de torturar continua em vigor. Não obstante a repulsa que causa, pode-se dizer que não há punição. Entre outros motivos, se inclui a omissão da parte dos que devem apurá-los.  Outras, porque na ausência de perquirição do iter criminis, de tudo, acabam restando simples lesões corporais que retêm a atenção de quem examina o inquérito, não sendo diferente na ocorrência de  lesões graves.
        Felizmente a ênfase dada aos direitos humanos mudou a ótica daqueles a quem compete agir. Uma observação mais aguçada passa a ter vez e já se pode contar com  um  número, se não considerável de denúncias, ao menos que evidencia a chegada de novos tempos.
A lei que trata deles é clara, bem lida será melhor assimilada.
        A conduta no ato de torturar pode-se dar por ato comissivo isto é, pela prática tal e qual de violência ou ameaça que causa sofrimento físico ou moral, ou por omissão. Fixo-me nesse segundo caso, traduz a inércia, o não agir  da parte de quem está obrigado por ofício e ao invés se queda complacente, em face dela. Deveria evitá-la. Daí, incorrer no § 2º do art. 1º  da lei: - “Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos”.
Pode ser  caso do secretário de segurança pública, do chefe de polícia civil, do comandante geral da polícia militar ou do corregedor geral, do delegado de polícia civil, do garante ou quem por determinação legal ou regulamentar tiver obrigação de apurar sempre que tomar conhecimento da ocorrência de  tortura.
A Lei é enérgica, prevê penas altas, veda o direito de graça ou indulto, o crime se inclui entre os considerados  hediondos.
O destaque não significa esquecimento de que a pena na sua origem, não se destina à aflição de qualquer sorte, antes se constitua em fator que iniba a prática do crime.  Mas não havendo apuração, como haverá ação e  quanto mais pena!?
        Crime como toda ação humana é resultado de um complexo de precedentes que se desenvolvem pelo caráter do indivíduo. Bons ou maus os sentimentos, as tendências, enfim, qualquer modelador do caráter terá um momento de plenitude em que se manifesta e o faz de  acordo com a forma com que tiver sido a seu tempo,  progressivamente modelado.     
        Na sua encantadora sabedoria, os antigos diziam “é preciso cortar o mal pela raiz”. Penso que ainda não se conheça caso em que tenha sido apurada a responsabilidade dos torturadores por omissão.
        Esta se pode configurar na melhor forma para começar a reduzir a ocorrência do crime, via de consequência, de termos que pagar um preço tão alto pelas suas consequências.

Marlusse Pestana Daher