segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

FESTA DOS REIS MAGOS

Adoração dos Magos, por Boticelli (Florença).

O dia de hoje é rico em versões, das folclóricas às religiosas e até as de caráter comercial. Imagine-se, se o comércio perde alguma oportunidade de vender. Mesmo que comprar e vender seja a principal forma de fazer a economia circular, no fundo, é sempre com um misto de certa repulsa que divisamos a cobiça que insiste em fazer-se pano de fundo de todas as ações humanas.

Consta que em seguida ao nascimento de Jesus, Reis do Oriente divisaram no céu uma estrela cujo brilho tinha mais que um certo significado e entenderam que se tratava do anúncio de que o Salvador aguardado havia milênios, nascera.

Acordam suas vontades, recolhem presentes, ouro, incenso e mirra e montam seus camelos, seguem a estrela que os guiava.

A escolha de tais presentes se deu, porque foram prodigiosamente inspirados sobre a natureza do personagem a cujo encontro partiram. Escolheram o ouro, porque se tratava de presentear um Rei, incenso, símbolo de oração e perfume, iriam adorar Deus e a mirra, usada como forma de suavizar o odor fétido do corpo morto que se decompõe, quem buscavam era Deus, mas verdadeiramente homem também.

Os reis magos, (mago vem do antigo idioma persa e serviu para indicar o país de suas origens: a Pérsia. Chamados reis, Belchior, Gaspar e Baltasar, porque é um dos sinônimos daquela palavra, também usada para nomear os sábios discípulos de uma seita que cultuava um só Deus. Não eram astrólogos nem bruxos, ao contrário, eram inimigos destas enganosas artes mágicas e misteriosas) foram destinatários da manifestação do Deus que veio ao mundo aos povos distantes dos quais faziam parte, num sinal de que sua pátria e seu reino se estende a todo o orbe.

A Befana.
Países europeus ao invés de presentear no Natal, presenteiam as crianças boazinhas neste dia. Encarregada da tarefa é uma simpática velhinha. A Befana.
Mas com o nome Folia de Reis por conta do folclore temos uma riqueza cultural invulgar. Pena que vai desaparecendo em alguns lugares, norte do Estado do Espírito Santo, em São Mateus, por exemplo. Ainda se encontra em Conceição da Barra. No sul, Muqui conserva a tradição.

Folia de Reis ou Terno de Reis é um grupo formado por músicos, cantores, dançarinos. Roupas e instrumentos, tambores, reco-reco, flauta, rabeca (espécie de violino rústico) a tradicional viola caipira, em alguns casos, um acordeão. Quase sempre de forma artesanal, tudo  é feito pelos próprios integrantes.

Dançando e cantando, saem visitando as casas do lugar onde são recepcionados com bebida ou café, vai do final de dezembro até 6 de janeiro, mas pode estender-se um pouco mais.

As canções que entoam versam sobre temas religiosos ou ligados ao nascimento de Jesus, o tom de voz e a precariedade do som torna ininteligível a audição, mas isto pouco importa, porque o que importa mesmo é oque acontece.

Cheguei até aqui sem ter assistido “ao vivo e a cores” uma dessas apresentações, porque entre os medos que minha mãe nos inculcou fazia parte: o boi do “rei de boi”, a besta... mesmo que ambos não tenham sido nunca, mais que uma pessoa vestida que corria atrás das pessoas que também se divertiam tanto quanto, ao correrem delas. Faz parte da festa.

Que pena nunca ter assistido? me aguardem. Onde eu estiver e que acontecer folia de reis,  saibam, não serei mera espectadora, vou cair na dança.

Vitória, 06 de janeiro de 2014

11:39