Eram
mais que 10 h deste dia seguinte ao do Natal. Peguei meu livro recém-publicado “Magnificat”,
autografei e fui cumprir propósito tomado, presentear minha vizinha do sétimo
andar, a pernambucana Mércia e Joca, seu
marido.
Chamá-lo
de Joca é resultado do acordo que fizemos, ele não me trataria mais de doutora,
em contrapartida eu o chamaria de Joca, ao invés de Josildo.
Toquei
a campainha, a porta da cozinha foi aberta e Joca me fazia entrar, cheguei a
sentar-me no banco da mesa da cozinha, mas Mércia abriu a porta da sala e me
fez entrar por ela, acrescentando, antes que de tanto eu me certificasse, que
estava sendo servido um cafezinho. Eis que, quando ingresso na sala, vi uma mãe
felicíssima, rodeada dos três filhos, genro e noras, dos netos. Nada faltava
àquela mesa de café da manhã ainda em clima de natal: das castanhas, ao queijo
de Minas com sabor de pimenta, pães, bolos, doces, e tudo que carinho de mãe
sabe preparar e condimentar com amor invulgar.
Após
as saudações que se impunham, eu também fui servida de café e tive que comer um
pedacinho daquele bolo. Imagine, se Mércia me deixaria fazer a menos, aliás, o
café dela tem um sabor particular.
Ao
mesmo tempo, a conversa começou a girar em torno do livro que presenteei. Expliquei
ser comemorativo aos 20 anos do meu programa de rádio e que todos os textos
foram transmitidos. Mércia se lembrou do meu primeiro livro de poesias: “Os
anjos não fazem arte”.
Um
dos rapazes, aliás, deveras galante, ao cumprimentar-me, beijou-me a mão. Foi
tirar da cama as filhinhas para que as conhecesse, muito lindas, de rostinhos
delicados e narizes de princesa. Fiquei sabendo que a bisavó delas é poetisa e
se dá aos haicais.
Robson
folheava meu livro enquanto fazia algumas perguntas. Ao lado estava sua
Clarinha, uma moreninha linda, que com apenas 14 anos já atingiu boa altura. Cochichou-me
a avó: está com um namoradinho...
Cada
um disse-me alguma coisa em particular, comuniquei-me com todos. Senti-me
maravilhosamente bem entre aquela família, tudo transpirava amor e a
experiência invulgar de estarem juntos o que é privilégio de tempo de natal. Os
dois filhos moram um, no Rio de Janeiro, o outro, em Salvador na Bahia.
Foi
uma experiência bonita que vivi hoje e que com certeza coroa as orações de
minha amiga que por falta de quem a acompanhasse, fez sozinha a novena de
Natal.
Que
Deus os abençoe e proteja e já que as ocupações não lhes permite muitos encontros
ficará em cada um, a intensidade com que se amavam hoje. Estarão abastecidos até o próximo encontro.
Vitória, 26 de dezembro de 2014 20 horas