sexta-feira, 1 de março de 2013

NÓS PODEMOS


Dia desses, parte da assembleia dos paroquianos estava reunida para a celebração da Santa Missa na matriz de Jardim da Penha, quando, de repente, pés descalços, saco nas costas, entra igreja adentro, um homem. Era visível que não goza de boas faculdades mentais.

Pelo menos aparentemente, ninguém se sobressaltou. Deus estava ali. Passo firme, bem próximo ao altar, sem subir os degraus, aquele homem fez profunda reverência, voltou-se e foi-se retirando, enquanto conservava a mão erguida, como se a todos nos abençoasse. Não me impediu de ver que na camisa branca, certamente ganha recentemente, ainda limpa, estava escrito: Professor!

Deus sabe extrair de qualquer tipo de baú, “coisas novas e velhas”. Aquele pobre homem inconsciente, a todos deixou uma lição: vai-se ao altar para dele recavar coisas boas, bênçãos e depois distribuir com todos os irmãos. Seria essa a motivação que nos faz participar da Santa Missa? Rezamos para todos, colhemos os dons do sacrifício de Jesus para reparti-los com quem não tem?

Um dia pródigo, pois, não foi só esse professor que me ensinou grandes lições neste dia. Uma baianinha que vive sorridente, não tem casa, paga aluguel com seu salário mínimo, contou-me que foi visitar a mãe depois de 11 anos de ausência, voltou impressionada com a pobreza e a fome.  A mesma que a fez partir.

Pobreza? é a dela, o que viu onde sua mãe continua morando é miséria extrema. O irmão que tem família, trabalha numa fazenda e ganha 20 reais por quinzena! O que é isto minha gente?

Minha amiga melhorou ao menos um pouco de vida. Caprichosa, como se diz, sabe atenuar as penúrias pelas quais passa e até dribla algumas delas.  Mas a realidade descrita é ainda muito forte por ai. E não se diga que é vontade de  Deus.

Deus quer que sejamos livres e tenhamos vida em abundância. Chegou o tempo de começarmos a entender melhor o que acontece a nossa volta. Pobreza é resultado de má distribuição dos bens da terra, etc. Injustiça social é egoísmo, exploração brava, etc.

Vamos acabar com isto. Nós podemos.