Intriga-me
a onda de ufanismo que sopra Brasil a fora, constatada pelas manifestações que,
principalmente, nas redes sociais, estão sendo postadas, agora que chegou o
“dia D“, ou àquele, em que ocorrerá a tão merecida prisão dos tão conhecidos e
deplorados “mensaleiros”.
Ainda
falta gente, mas quem sabe, trata-se de pessoas, cuidadosamente blindadas e que
jamais serão alcançadas, pelos ainda débeis braços da justiça, pelo que, o
mesmo ânimo que leva a nação a ufanar-se nestes dias, deve animá-la a não
descuidar o cumprimento de sua parte: continuar bradando alto e em bom som
contra todo e qualquer tipo de desrespeito à coisa pública. Esteja movida pela esperança e certeza de que
assim propicia o estar sempre mais
próximo o dia em que não só de direito, mas também de fato: este seja um país
de todos os brasileiros e de quantos aqui habitam.
Mas
falava que intriga-me. O quê? Não pretendo desmerecer os esforços envidados
pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal que uma vez colocado como
propósito, não só rompendo grandes barreiras, como também a custa de muito
desgaste emocional, esforço em manter-se equidistantes de pressões diversas, levaram
a bom termo o julgamento esperado. Mas a
grande verdade é que, eles nada mais fizeram que cumprir o próprio dever.
Foram
guindados àqueles postos para vigiar o cumprimento da Carta Magna do pais,
interpretando-a quando necessário, e até julgar os que foram postos em cargos tais que
os recompensam com foro privilegiado. Acabam
sendo através das decisões que proferem espelhos nos quais se miram todos os
juízes do Brasil.
Por
outro lado, não é que se tenha tanto porque intrigar-se ou admirar, posto que,
como já diz de há muito e muito tempo, velho ditado: quem não está acostumado, estranha. Não estamos acostumados a ver
punição para deslizes maiores, para os tais denominados “colarinhos-brancos”,
para quem tem dinheiro para pagar a advogados águias, profundos conhecedores
das vísceras ou de pequeninas células do direito, que as leis permitem
encontrar e dai é que resulta, quando finalmente acontece uma hora como a
presente, ouvirem-se alvíssaras por toda parte.
A
tarefa do povo é ainda muito maior, porque somos mais, sem esquecer que entre
nós, aqueles outros também se incluem. Que os sentimentos presentes sejam
embrião prestes a explodir, saindo dali, aquele cuidado tão necessário na hora
de fazermos as escolhas que urgem ou de ser conscientes na hora de mediante o
voto, constituirmos nossos representantes.
Marlusse Pestana
Daher
Escritora e mestre
em direito.
14
de novembro de 2013 15:49