domingo, 17 de novembro de 2013

ALVÍSSARAS POR TODA PARTE

Intriga-me a onda de ufanismo que sopra Brasil a fora, constatada pelas manifestações que, principalmente, nas redes sociais, estão sendo postadas, agora que chegou o “dia D“, ou àquele, em que ocorrerá a tão merecida prisão dos tão conhecidos e deplorados “mensaleiros”.

Ainda falta gente, mas quem sabe, trata-se de pessoas, cuidadosamente blindadas e que jamais serão alcançadas, pelos ainda débeis braços da justiça, pelo que, o mesmo ânimo que leva a nação a ufanar-se nestes dias, deve animá-la a não descuidar o cumprimento de sua parte: continuar bradando alto e em bom som contra todo e qualquer tipo de desrespeito à coisa pública.  Esteja movida pela esperança e certeza de que assim propicia o estar  sempre mais próximo o dia em que não só de direito, mas também de fato: este seja um país de todos os brasileiros e de quantos aqui habitam.

Mas falava que intriga-me. O quê? Não pretendo desmerecer os esforços envidados pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal que uma vez colocado como propósito, não só rompendo grandes barreiras, como também a custa de muito desgaste emocional, esforço em manter-se equidistantes de pressões diversas, levaram a bom termo o julgamento esperado.  Mas a grande verdade é que, eles nada mais fizeram que cumprir o próprio dever.

Foram guindados àqueles postos para vigiar o cumprimento da Carta Magna do pais, interpretando-a quando necessário, e até  julgar os que foram postos em cargos tais que os recompensam com foro privilegiado.  Acabam sendo através das decisões que proferem espelhos nos quais se miram todos os juízes do Brasil.

Por outro lado, não é que se tenha tanto porque intrigar-se ou admirar, posto que, como já diz de há muito e muito tempo, velho ditado: quem não está acostumado, estranha. Não estamos acostumados a ver punição para deslizes maiores, para os tais denominados “colarinhos-brancos”, para quem tem dinheiro para pagar a advogados águias, profundos conhecedores das vísceras ou de pequeninas células do direito, que as leis permitem encontrar e dai é que resulta, quando finalmente acontece uma hora como a presente, ouvirem-se alvíssaras por toda parte.

A tarefa do povo é ainda muito maior, porque somos mais, sem esquecer que entre nós, aqueles outros também se incluem. Que os sentimentos presentes sejam embrião prestes a explodir, saindo dali, aquele cuidado tão necessário na hora de fazermos as escolhas que urgem ou de ser conscientes na hora de mediante o voto, constituirmos nossos representantes.


Marlusse Pestana Daher
Escritora e mestre em direito.

14 de novembro de 2013 15:49