domingo, 6 de outubro de 2013

SENHORA, NÓS JÁ VAMOS

A praça de alimentação daquele shopping fervilhava neste sábado, por volta das 19 h 30 m, quando cheguei com Daniel que avesso a comidas, desejava somente sentar e poder ler as revistinhas que acabara de comprar.

Daniel
Uma das mesas, contudo, era ocupada somente por duas ainda quase adolescentes, muito lindinhas, bem vestidas, doçura pura. Uma lanchava a outra esperava, fazia companhia. Pela expressão dos seus semblantes, encorajaram-me a pedir permissão para ocupar as outras duas cadeiras com o que aquiesceram incontinenti, e não só, tinham estampados nos belos lábios, belíssimos sorrisos  com os quais nos acolheram. Maravilhosos dentes, como a natureza faz acontecer, porque se não o fizer, métodos eficientes se encarregam dos resultados.   

Daniel sequer as terá olhado, - ainda não é tempo, tem apenas seis anos - entretido que estava em ler Chico Bento, ouviu meu comando: senta e me  espera aqui. Sentou-se e pôs-se a ler. Elas o olhavam e sorriam com simpatia, compreendendo-lhe o comportamento e como que o achando (ele é) muito bonitinho.

Com intensa naturalidade, as duas conversavam, uma degustava tranquilamente, seu lanche, sem apagarem os sorrisos dos lábios e principalmente, sem em nenhum momento, ignorarem nossa presença, como costumeiramente acontece da parte de suas coetâneas, em momento igual.

Assim, sem palavras, mas com intensidade de olhares, troca de sorrisos, muita hospitalidade, estivemos lado a lado, por uns apenas 15 minutos talvez.

Findo o lanche, não sem me advertirem que estavam para se levantar: “senhora, nós já vamos”, foram-se deixando-me a deliciar o sabor daquela ainda que breve, intensa convivência, plena de hospitalidade.  

Hospitalidade, mas que palavrão! No bom sentido, tudo bem.

Só me ocupo de falar e até escrever sobre o momento, elogiar e degustar, porque lamentavelmente, deparamos com poucos assim. As gerações coexistem, mas pouco convivem e a  h o s p i t a l i d a d e  se torna ingrediente eficiente, mas ausente de nossas vidas, com graves consequências para o amor e a fraternidade.

De tudo resta uma certeza: daquelas menininhas, nunca mais me esquecerei.

Vitória, 6 de outubro de 2013

11:15