quinta-feira, 13 de junho de 2013

O SANTO CASAMENTEIRO


Santo Antônio
Cresci ouvindo dizer que Santo Antônio é um santo casamenteiro, ou seja, que moças desejosas de se casar rogam a ele que as faça encontrar um marido.  Opa! acho que devo colocar os verbos no passado. Penso que nos dias que correm tal prática caiu em desuso. Ou não?

Mas voltando àquele tempo, coitado do Santo, se não realizasse o prodígio, levava castigo. É que as donzelas que sempre tinham uma imagem dele, diante da qual faziam seus rogos e até acendiam velas, quando não eram atendidas, colocavam Toninho de cabeça para baixo.

Não dava em nada, porque afinal de contas, se Santo Antônio santo já é, goza da plenitude dos que deram a vida por Jesus, não se afeta com as vendetas contra seu silêncio ou inação, mas as “santicidas” sentiam-se vingadas.

O dia 13 de junho sempre foi comemorado. Por exemplo, seguindo uma devoção do pai, S. Djalma Gonçalves, um vizinho (lá da Rua do Alecrim onde morávamos) todos os anos, realizava em sua casa a Ladainha de Santo Antônio. Fazia uma grande fogueira, comiam-se bolos e batata assada na brasa da mesma fogueira, e, claro, rezava-se a ladainha.

Podia-se fazer promessa de ser comadre/compadre. O ritual consistia em rodar a fogueira três vezes, a cada encontro estendia-se a mão para o outro e se dizia:

- Bom dia, comadre!

- Bom dia, compadre,

- Santo Antônio mandou dizer para nós sermos compadres pro resto da vida.

Já sequer me lembro de quem me tornei comadre, mas era uma promessa que se  levava a sério. O costume, ao menos pelas bandas da Rainha do Cricaré se perdeu, talvez lá pelo Nordeste, algum lugarejo conserve essa e outras belíssimas práticas lúdico-juninas.

Arca de Santo Antonio
Mas Santo Antônio não é só folclore. Foi tão bom pregador da Palavra de Deus, que os Céus permitem que sua língua, não obstante os anos que distam de sua morte (1231), permaneça viva, muito bem custodiada no santuário erigido em seu nome, na cidade de Pádua, na Itália, dai porque, apesar de ser português, nascido em Lisboa, é chamado Santo Antônio de Pádua. E contendam por isto, paduanos e lisboetas.

O Papa Pio XII elevou Santo Antônio à dignidade de Doutor (Doutor(a) da Igreja são homens e mulheres cujos pensamentos, pregações, escritos e forma de vida enalteceram o cristianismo). Na oportunidade, disse: Santo Antônio ensinou não só com palavras, mas também pelo exemplo de uma vida santíssima.

Vale pensar: santos e santas chegados à glória dos altares, foram gente como a gente, de carne e osso. Suas vidas são exemplo, se chegaram a ser santos, nós também podemos, até porque, segundo diz o Apóstolo Paulo, a vontade de Deus é nossa santificação (1 Tess 4:1-13).

Casamentos à parte, Santo Antônio é reconhecido como auxiliador para encontrar coisas perdidas, do “pão dos pobres”, em sua honra também se faz a trezena: rezando-se durante treze dias.

Notaram? “dia 13 não é dia do azar, é dia de Santo Antônio”.

Marlusse 13/06/2013

____________________________________________________________________________________________________________________________

"Santo Antônio e a devoção Popular", segundo Cadernos Franciscanos de autoria do de Frei Adelino Pilonetto, Ofm.cap).

Santo casamenteiro

Assim é invocado pelas pessoas que desejam se casar e lembrado pelo nosso folclore. Não se sabe qual a origem dessa devoção. Talvez esteja ligada a algum milagre feito pelo santo em favor das mulheres, por exemplo, quando fez um recém-nascido falar para defender a mãe acusada injustamente de infidelidade pelo pai.

Mas há outro episódio com explicação mais direta. Certa senhora, no desespero da miséria a que fora reduzida, decidiu valer-se da filha, prostituindo-a, para sair do atoleiro. Mas a jovem, bonita e decidida, não aceitou de forma alguma. Como a mãe não parava de insistir, a moça resolveu recorrer à ajuda de Santo Antônio. Rezava com grande confiança e muitas lágrimas diante da imagem quando, das mãos do Santo, caiu um bilhete que foi parar nas mãos da moça. Estava endereçado a um comerciante da cidade e dizia: "Senhor N..., queira obsequiar esta jovem que lhe entrega este bilhete com tantas moedas de prata quanto o peso do mesmo papel. Deus o guarde! Assinado: Antônio".

A jovem não duvidou e correu com o bilhete na mão à loja do comerciante. Este achou graça. Mas, vendo a atitude modesta e digna da moça, colocou o bilhete num dos pratos da balança e no outro deixou cair uma moedinha de prata. O bilhete pesava mais! Intrigado e sem entender o que se passava, o comerciante foi colocando mais uma moeda e outras mais, só conseguindo equilibrar os pratos da balança quando as moedas chegaram a somar 400 escudos. O episódio tornou-se logo conhecido e a moça começou a ser procurada por bons rapazes propondo-lhe casamento, o que não tardou a acontecer, e o casamento foi muito feliz. Daí por diante, as moças começaram a recorrer a Santo Antônio sempre que se tratava de casamento.

Santo das coisas perdidas

Esta tradição é antiquíssima, encontrando-se menção dela no famoso responsório "Si quaeris miracula", extraído do ofício rimado de Juliano de Espira. Popularmente, o "Siquaeris" é mencionado como uma oração para encontrar objetos perdidos. A crença pode estar ligada a episódios da vida de Santo Antônio como este: Quando ensinava teologia aos frades em Montpeilier, na França, um noviço fugiu da Ordem levando consigo o Saltério de Frei Antônio, com preciosas anotações pessoais que utilizava nas suas lições. Antônio rezou pedindo a Deus para dar jeito de reaver o livro e foi atendido deste modo: enquanto o fugitivo ia passando por uma ponte, foi subitamente tomado pelo pavor, parecendo-lhe ver o demônio na sua frente que o intimava: "Ou você devolve o Saltério ao Frei Antônio ou vou jogá-lo da ponte para o rio!" Assustado e arrependido, o jovem voltou ao convento com o saltério e confessou ao santo a culpa.

O "pão dos pobres"

Essa prática consiste em doações para prover de pão os pobres, honrando assim o "protetor dos pobres" que é Santo Antônio. Uma tradição liga essa obra ao episódio de uma mãe cujo filho se afogou dentro de um tanque, mas recuperou a vida graças a Santo Antônio. A mulher prometera que, se o filho recuperasse a vida, daria uma porção de trigo igual ao peso do menino. Por isso, no começo, esta obra foi conhecida como a obra do "pondus pueri" (peso do menino). Outra tradição relaciona a obra do pão dos pobres com uma senhora de Tbulon, chamada Luísa Bouffier. A porta do seu armazém tinha enguiçado de tal modo que não havia outro remédio senão arrombar a porta. Fez, então, uma promessa ao santo: se conseguisse abrir a porta sem arrombá-la, doaria aos pobres uma quantia de pães. E deu certo. Daí por diante, as petições ao santo foram se multiplicando em diferentes necessidades. Toda vez que alguém era atendido, oferecia certa quantia de dinheiro para o pão dos pobres. A pequena mercearia de Luísa Bouffier tornou-se uma espécie de oratório ou centro social. A benéfica obra do "pão dos pobres" teve extraordinário desenvolvimento, com diferentes modalidades, e hoje é conhecida em toda parte.

Trezena

É uma "novena" de 13 dias, lembrando a data da morte de Santo Antônio. Também se lembra o dia 13 de cada mês, porque "dia 13 não é dia de azar, é dia de Santo Antônio". Outros lembram Santo Antônio nas quartas-feiras, dia em que foi sepultado.