quinta-feira, 20 de junho de 2013

INDIGNAÇÃO

O Estado, que se sustenta com elevados impostos, pagos pelo povo (sem o devido retorno), deve promover (nos três níveis de poder) o seu bem-estar, não violentar-lhe a dignidade, alijando-o ou oprimindo-o, como, em regra, ocorre, pois a dignidade da pessoa humana - um dos fundamentos da nossa República - é o mais importante princípio constitucional (CF, art. 1º, III).  

Dentre tantas situações idênticas, a dignidade do povo é lesionada, quando o Estado se corrompe, ao invés de combater, efetivamente, a impunidade e zerar a morosidade da Justiça, que estimulam a violência, já intolerável: “O poder corrompe. O poder corrompido corrompe absolutamente”.  

A dignidade do povo é, ainda, espancada, quando o Estado gasta R$ 33 bilhões com obras da Copa|2014, em detrimento da sua Educação, Saúde e Segurança.

A dignidade do povo continua violentada, quando se criam 39 Ministérios, com mais de 50% de cargos comissionados (moedas de troca!), quando cria 31 Partidos Políticos (moedas de troca!) e institui Emendas Parlamentares individuais e de bancadas (moedas de troca!).

A ineficiência do Poder Público (nos três níveis), resultante de desonestidade, incompetência e omissão de gestores públicos, que se sucedem nas chefias, são as causas básicas dos atos de indignação popular, que se alastra e se repete pelo País.

Logo, urge que, sobretudo as autoridades atentem, não só para os diversos conteúdos das manifestações, mas, também, para as novas formas nelas adotadas, para serem ouvidos, dentre as quais se divisam as seguintes: 1ª) - ausência dos intermediários tradicionais (Partidos Políticos, UNE, CUT, etc.); 2ª) – uso de comunicação direta (redes sociais); 3ª) – pautas amplas; 4ª) - ânimo pacifista; 5ª) – relativa tolerância da Polícia.

As citadas pautas denunciam os problemas do País: 1ª) – quem deve executar, não executa a contento; 2ª) – quem deve fiscalizar, omite-se; 3ª) – quem deve investigar, apura minimamente; 4ª) – quem deve denunciar, não o faz em tempo hábil; 5ª) – que deve julgar, não o faz tempestivamente; etc. etc. Daí emergirem ineficiência, incompetência, morosidade, desonestidade, enfim, injustiças em geral, cujas denúncias são um contundente recado, que deve ser bem analisado pelos agentes públicos.

Concluindo, continuamos a pregar que não basta sermos honestos e dizermos que somos honestos; é preciso, também, combatermos a desonestidade, sob pena de sermos coniventes com os ilícitos que ocorrem em torno de nós!

Salvador Bonomo.

Ex-Deputado Estadual e Promotor de Justiça aposentado.

Vitória, ES, 20.06.2013.