Neste mundo tecnológico, onde
o tempo é raro,
onde a chegada é dos que
correm melhor,
eu sou um convite à perfeição
do amor.
Mãe, se nos desertos até dos
cactos
brotam flores nas manhãs
primaveris,
quanto mais eu, diante da tua
aceitação, diante do teu amor,
neste mundo materialista, onde
a beleza exterior
é o começo de toda felicidade,
de todo sucesso, de toda paixão...
Eu nasci para ensinar aos
homens a se entregarem
simplesmente por amor.
Eu nasci para que os homens
cresçam.
O anormal é aquele que
Anormal é aquele que segue
qual saco vazio,
folha branca evitando ser
escrita,
folha seca que se arrasta pelo
chão.
Porque eu, apesar das minhas
deficiências,
ainda caminho, mãe, ainda sei
dar as mãos.
É incrível, mas, apesar de
tudo, eu sei sorrir.
Vim para mostrar à sociedade
que as rosas são belas,
mas, se não houvesse os
espinhos para aperfeiçoá-las,
não passariam de botões.
Mãe, é difícil entenderes
que jamais serei algo de concreto,
um intelectual, um doutor;
jamais serei teu sonho realizado.
Mas os poemas idealizados
também são imperfeitos,
e, no entanto, conseguem
construir vidas.
Aceite-me como um poema de
amor,
um poema inacabado.
Heliana Mara Soares é presidente da Academia Gauaçuiense de Letras e Cultura, membro da Academia Marataizense de Letras, conta com vasta publicação dos seus belos poemas como este que acima se lê.