domingo, 23 de setembro de 2012

UM QUASE DIÁRIO NO URUGUAI


Praça da República

Ontem, (25/08/2012) eram aproximadamente 23 h, mesma do Brasil, quando fazia controle de passaporte, no aeroporto de Montevidéu. Sai de casa às 10 h. Imagine-se quanto tempo de espera. De voos mesmo não chegaram a quatro.

No primeiro dia, optei por um “city tour” e gostei muito de tudo que vi. É uma capital muito bonita e sua gente – ela é que me faz escrever agora, - é muito gentil, prestativa, educada.

Logo que sai do apartamento a camareira me ofereceu um café no quarto, em antecipação ao desjejum. A cada pessoa a quem disse obrigada, ouvi de volta “de nada”, com uma pronúncia bem aberta, diferente do nosso “di nada”, acrescentado de um, “por favor”.

Esse por favor, como faz a diferença! É igual a dizer não fiz nada, não tem de que, por favor, não é o caso de agradecer.


Casa Carlos Paes Vilaro
Coincidentemente, no Brasil acompanhamos uma campanha pró-gentileza, tomara que pegue: “gentileza gera gentileza”.

Daniel, meu neto, quem me conhece sabe quem é, aprendeu e desde pequenino, agradece o que lhe é dado e ainda o ouço acrescentar meu nome: obrigado, Usse! Aprendi com ele agradecer com mais frequência, passei a dizer mais vezes, obrigada.

Pura verdade, uma palavra diz muito mais do que significa, contrariamente àquelas respostas com simples olhares, que simplesmente desconsertam quem os vê.

Ser gentil é hábito e hábitos são resultados de repetições, vou fazer como os uruguaios, doravante, a quem me agradecer alguma coisa, vou responder não só de nada, mas o acréscimo, por favor, ah vai!

NO DIA SEGUINTE

Não é que apenas “dormiquei”, mas dormi mesmo até o meio dia, descansei. Arrumei-me e sai, não tinha fome, rumei ao shopping, sem saber que era o mesmo, onde a guia turística nos deixou – quem quis, - depois do “tour” de ontem.

Fui de ônibus de linha, é ótimo para ver melhor a cidade estando entre pessoas de vários estilos, entre paradas e tudo mais que todos conhecem. Em meia hora estava lá.

Peregrino pelas lojas e me estarreço com tanta coisa bonita em liquidação de inverno das quais pouco precisamos, quase tudo “made in China”. Lá pelas 16 h me aconselho almoçar, não tinha comido nada até então. Foi difícil escolher, aquele “toletão de carne assada” que me provocou o gosto ao inverso. E dai, toquei só de salada mesmo, berinjela cozida e uma espécie de bolinho não sei de que lá, enfeitado com uma cereja fisgada num palito, mas que não era doce.

A esta altura já me havia rendido a algumas compras, poucas, mas fez volume e ainda tive que despir o casaco, dito de pele de camelo, será? porque tinha outros adereços que me esquentavam.

Quando vou saindo, vejo ao lado uma Igreja, Nossa Senhora do Salvador, se não tivesse a cabeça inclinada para a direita, seria Nossa Senhora Auxiliadora, aquela de cuja coroação participei, (quando era criancinha pequena lá em São Mateus).

Entrei, o Santíssimo estava exposto e havia adoradores. Conversamos um pouco, Ele e eu, depois sai à procura de um taxi. Um finalmente para, eu entro e vejo que o taxímetro começa com o n° 1, o de ontem, começou com 13,20.

Embora sendo chegante, tive certeza de que ele passou por caminhos desnecessários, acrescentando o velocímetro que deu 95 pesos, mas ele disse que eram 97. Paguei.

Mas o de hoje? Dê a nota você. O velocímetro marcava 35 pesos e ele disse: são cem pesos. Mas ontem paguei menos, retruquei, ele repetiu forte: ”são cem pesos”. (Equivale a 10 reais e aqui nenhuma corrida se paga mais isto) Paguei. Ao fechar a porta por onde sai, verificando que ainda ficara aberta, repeti o gesto, não bati e por isto a porta não fechou. Ele então gritou, gritou mesmo, comigo. Ai, dei-lhe as costas me dizendo: feche sua porta. Não é que confirmando que “toda regra tem exceção”, um uruguaio me mandou para a “pqp”?

Mas a camareira voltou a ser gentil e me ofereceu chá, a recepcionista continuou gentil e solicita, protestando alegrar-se por eu ter gostado do passeio que fiz.

Não se pode empanar o brilho de todos com a falta de educação de alguns.


Sacramento - Patrimônio da Humanidade


E pelo que meus leitores já notaram, escrevi bastante por lá. E conto outra: estamos no tempo dos tabletes, dos fones, seus congêneres e ainda se veem bastante os not books. Porque acho que pesa não levo o meu. Como escrevo? Aquelas folhas usadas que têm o verso em branco? Faço bloco com elas e ali é que entre as modernidades, posso ser vista a escrever a mão. O único problema é ter que passar a limpo depois.