domingo, 30 de setembro de 2012

SUBI ÀS ALTURAS E NÃO VI DEUS


Pe. Domingos Oliveira
*24.03.1942 + 22.08.2012
Escrito pelo Pe. Domingos, 40 dias antes de sua morte.

“Subi às alturas e não vi Deus...”.   Assim falou o astronauta russo.

Na ‘baixeza’ de minha dor eu também não vi o Todo-poderoso, o Velhinho de barba branca sentado no trono com o cetro na mão, nem Jesus sentado à direita do Pai, nem Jesus com barba de destemido profeta fazendo sermões, nem Jesus fazendo solenes liturgias com lindas vestes sacerdotais, nem o Espírito Santo em forma de pomba fazendo acrobacias sobre os ares, nem Maria nem os Apóstolos dando show. Não vi nada disso.

Em compensação, vi Jesus se debruçando sobre mim, me carregando para todos os lados que precisei... Vi Jesus na família que carinhosamente me acolheu... Vi Jesus sempre acordado e vigilante para despejar o xixi sem nunca precisar chamar. Vi Jesus disfarçado em faxineiras, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, doutores. Vi Jesus me anestesiando para não sentir dor. Vi Jesus no jovem médico que me operou e nos amigos... Vi Jesus me cuidando através de incontáveis mãos de anjos, fazendo curativos, dando banho, mãos solidárias, mãos amigas intercedendo e mostrando amizade e solidariedade. Assim eu pude dar o maior presente a minha irmã Naty e minha sobrinha Anita e, através delas, a todos os meus parentes em Portugal e na França: o presente da solidariedade brasileira.

Não, não via Deus nas alturas; não vi o Altíssimo cheio de majestade. No mais profundo de minha ‘baixeza’, vi o Baixíssimo me sustentando e carregando através das mãos de tantos anjos. Depois que o Altíssimo se esvaziou de tudo e se fez o Baixíssimo, inútil procurá-lo nas alturas; só na ‘baixura’. Como cantava P. Duval: “vós que procurais Deus sobre as nuvens, jamais encontrareis seu rosto humano”.

Vitória, 11 de julho de 2012.

 

sábado, 29 de setembro de 2012

UM FILÓSOFO




Nós o vemos por ai. Aqui, ali, acolá.  Poucos sabem o seu nome.
 
Quem conversou com ele afirma se tratar de um filósofo.
 
Um dia tirei da bolsa "um dinheirinho"  fui ao seu encontro.
 
Olhou-me com um olhar imenso, de quem não precisa de
 
nada. Agradeceu e não aceitou. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

APENAS GENTIS



Sempre reflito quando ouço ou até mesmo eu mesma digo certas frases. Por exemplo, você está no elevador do prédio onde mora, um vizinho ao sair primeiro que você, diz: até logo, prazer em vê-la.

Que não seja um dizer formal, um mero repetir de uma frase gentil. Você já ouviu falar em “turbinar o carro” para que ele fique mais diversas coisas, mais ágil, mais... barulhento, tem gente que gosta!

Pois bem, é preciso turbinar as frases gentis que dissermos para que não sejam ditas apenas por dizer, não será melhor que não sejamos apenas gentis?

Pois bem, turbinar dizeres é se predispor, preparar-se antes, com intenção de que todas as vezes em que forem usadas   expressões gentis, hão de estar revestidas primeiro, do amor que toda pessoa merece, (sem esquecer que amor é verdade) porque aos outros se faz, só o que quisermos para nós; que seja um cumprimento sincero, que brote do âmago da gente, que traduza o que queremos dizer, ou é melhor não usar tais expressões. Fingir não pode.

Ao dizer antes, quero dizer que fizemos propósito de ter para com as pessoas aquele cuidado ético que facilita a convivência, que não constranja ninguém ou como diz o apóstolo Paulo “estar animados dos mesmos sentimentos de Jesus Cristo”.

AO CONTRÁRIO

Nunca me deixa dúvida a saudação de pessoa que absolutamente consciente do valor que tem, é espontânea no trato, ao ver o outro, recepciona com a maior simplicidade. Sorri com o mesmo sorriso, tem a mesma expressão da face, o mesmo brilho no olhar.

Vivenciei isto hoje ao ver Marly De Prá, num supermercado pela manhã, minha colega de faculdade, trata-se de uma pessoa querida que vi sempre igual, sempre a mesma, sempre livre de quaisquer amarras. Que linda!

Pode não parecer, mas eu bem que tento ser tudo isto, se não dá, malgrado meu, é porque me faltam virtudes que ainda não adquiri.

Mas é bom é tentar, até porque, em todo recomeço há glória.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VIDA SE VIVE

Eis aqui uma conversa que não é raro ser ouvida.

- Como vai? Pergunta uma pessoa a outra.

- Vou levando...

Levando?  Levando a vida é como se traduz tal expressão e indo-se mais a fundo conclui-se: levando a vida significa prosseguir simplesmente a caminhada da existência por que não tem outro jeito, mas também não quer morrer. Ninguém quer morrer, mesmo os suicidas não é que queiram por termo à própria vida o que pensam é que deste modo acabam com as angústias pelas quais passam e são afligidos.
Arte da minha amiga Lu.
Ao contrário, tem gente que pensa diferente e até faz samba “retado” que contamina que é uma beleza! É o caso de Pagodinho, o Zeca: “Deixa a vida me levar, vida leva eu, deixa a vida me levar, vida leva eu... sou feliz e agradeço, por tudo que Deus me deu”.

Mas a vida é para levar? Partindo-se do significativo do termo levar, ou seja, é apanhar alguém ou algo que está em determinado ponto e transportar para um outro, não há ninguém que possa levar a vida. Vida é não se vê. Vida não é para ser levada, nem pode ser levada, vida é para viver. E viver é ser “eterno aprendiz”, aquele que capta cada ensinamento que lhe é oferecido e faz dele objeto do seu seguinte atuar, porque todo aprendizado só se concretiza mediante aplicação do que se aprende, projetando-se para o alto.

A vida é cheia de surpresas, alegrias, decepções, tanta coisa, e é claro, por exemplo,  que ninguém se alegra em ver num leito imóvel, inteiramente dependente, alguém que você sempre viu caminhando firme e com altivez (tenho em mente alguém). Nada mais que esperando a sua hora. Se se for elencar todos os casos semelhantes conhecidos, o caudal será deveras longo.

Todavia, importa viver. Viver sem fraquejar, sem deixar-se assaltar por maus sentimentos, perfídias, lembranças, saudades que causam mal estar e quase não dá para driblar.

Entregar-se significa criar hábito, do hábito se diz que sempre foi o principal moderador das ações humanas e uma vez consolidado haja capacidade para ao menos começar a superar.

Não levemos a vida, vivamo-la, mesmo quando demandar esforço desmedido, porque a felicidade que é direito mais que universal é de graça, não percamos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

DO PRINCÍPIO AO FIM


D o p r i n c í p i o...

Gentileza coisa boa

que pouca gente entende,

mas que tolice, ó gente,

ser gentil de pouco depende.

 

Pedi  ao vento que parasse,

ele me respondeu não posso,

mas um instantinho só.

Não me respondeu mais nada.

O que passava já não era

aquele que me ouviu.

 

Perguntei ao céu:

onde está  o silêncio?
 

E se fez bis...

Ainda mais intrigada repito:

céus, céus, onde estão?

De novo o silêncio fez bis.

 
Em corrida vertiginosa parti,

mais que pude corri.

Rocha me detém e me pergunta:

- onde pensa que pode chegar?

O peito dolorido aumenta ainda mais

a ânsia e tudo se apagou,

em mim, tudo silenciou.

 

Não sei por quanto tempo,

quando acordo me apercebo em supina.

Placidez imensa  me envolve.

O céu pelo qual clamei,

paira o mais azul possível sobre mim,

aconchego-me à relva sobre a qual tombei

sonho os mais belos sonhos,

canto os mais plangentes cantos,

sem dormir, passou-se muito  tempo,

até que acordei.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

É BOM E EU APRECIO

Nação é povo. Povo são famílias cujos direitos humanos nascem com cada pessoa, as que a integram. Observá-los é condição de dignidade e justiça e obriga todos.

Em reportagem desse jornal (25/08/2012), professor da rede pública revelou sua impotência com o nível de indisciplina dos alunos. Suas atitudes são denotativas de já terem sido acoplados pela “dinastia do tráfico” onde o respeito pelo outro é zero.  Nesta semana, mais um fato: um aluno arrancou a unha da professora.
A lei 12.594/2012 “regulamenta a execução das medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracional”. Projeto de Lei em trâmite no Congresso diz: “na condição de estudante, é dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes”. Parágrafo único: “o descumprimento do disposto no caput sujeitará a criança ou adolescente à suspensão por prazo determinado pela instituição de ensino e, na hipótese de reincidência grave, ao seu encaminhamento à autoridade judiciária competente”.

Tudo, em virtude de ideia dominante de que é com leis que se resolvem problemas.

De ordem do Conselho Nacional de Justiça, duas juízas de direito percorrem o Brasil, aferindo se as estruturas existentes nos Estados favorecem a obtenção de resultados, na aplicação das medidas correspondentes ao adolescente infrator. As constatações não surpreenderam.

O que resolvem medidas ou leis?  ou não teríamos problema nenhum. Nem se pense que ao povo passa despercebido as leis que dizem o óbvio, que por ser óbvio pode-se prescindir delas. Não é a “condição de estudante” que obriga todos de qualquer gênero, idade ou raça a respeitar o outro, muito menos a reincidência precisa ser “grave”.

Na escola, certas verbosidades em relação ao mestre, ao colega ou a quem for pode ser injúria; ofender a integridade física ou moral é lesões corporais; quebrar móveis é destruição do patrimônio público, todas são condutas que correspondem a crimes tipificados no Código Penal e portanto, sujeita o autor à representação e consequente aplicação de medida socioeducativa. Já existe a lei ponha-se em prática.

O de que precisamos são políticas públicas preventivas eficazes que acompanhem os brasileiros em cada fase da vida, assistindo sua formação.

Não precisamos de leis, precisamos desde o berço aprender a ser éticos, a saber, como diziam os antigos e repitamos os modernos: “respeito é bom e eu aprecio”.

 
 

domingo, 23 de setembro de 2012

UM QUASE DIÁRIO NO URUGUAI


Praça da República

Ontem, (25/08/2012) eram aproximadamente 23 h, mesma do Brasil, quando fazia controle de passaporte, no aeroporto de Montevidéu. Sai de casa às 10 h. Imagine-se quanto tempo de espera. De voos mesmo não chegaram a quatro.

No primeiro dia, optei por um “city tour” e gostei muito de tudo que vi. É uma capital muito bonita e sua gente – ela é que me faz escrever agora, - é muito gentil, prestativa, educada.

Logo que sai do apartamento a camareira me ofereceu um café no quarto, em antecipação ao desjejum. A cada pessoa a quem disse obrigada, ouvi de volta “de nada”, com uma pronúncia bem aberta, diferente do nosso “di nada”, acrescentado de um, “por favor”.

Esse por favor, como faz a diferença! É igual a dizer não fiz nada, não tem de que, por favor, não é o caso de agradecer.


Casa Carlos Paes Vilaro
Coincidentemente, no Brasil acompanhamos uma campanha pró-gentileza, tomara que pegue: “gentileza gera gentileza”.

Daniel, meu neto, quem me conhece sabe quem é, aprendeu e desde pequenino, agradece o que lhe é dado e ainda o ouço acrescentar meu nome: obrigado, Usse! Aprendi com ele agradecer com mais frequência, passei a dizer mais vezes, obrigada.

Pura verdade, uma palavra diz muito mais do que significa, contrariamente àquelas respostas com simples olhares, que simplesmente desconsertam quem os vê.

Ser gentil é hábito e hábitos são resultados de repetições, vou fazer como os uruguaios, doravante, a quem me agradecer alguma coisa, vou responder não só de nada, mas o acréscimo, por favor, ah vai!

NO DIA SEGUINTE

Não é que apenas “dormiquei”, mas dormi mesmo até o meio dia, descansei. Arrumei-me e sai, não tinha fome, rumei ao shopping, sem saber que era o mesmo, onde a guia turística nos deixou – quem quis, - depois do “tour” de ontem.

Fui de ônibus de linha, é ótimo para ver melhor a cidade estando entre pessoas de vários estilos, entre paradas e tudo mais que todos conhecem. Em meia hora estava lá.

Peregrino pelas lojas e me estarreço com tanta coisa bonita em liquidação de inverno das quais pouco precisamos, quase tudo “made in China”. Lá pelas 16 h me aconselho almoçar, não tinha comido nada até então. Foi difícil escolher, aquele “toletão de carne assada” que me provocou o gosto ao inverso. E dai, toquei só de salada mesmo, berinjela cozida e uma espécie de bolinho não sei de que lá, enfeitado com uma cereja fisgada num palito, mas que não era doce.

A esta altura já me havia rendido a algumas compras, poucas, mas fez volume e ainda tive que despir o casaco, dito de pele de camelo, será? porque tinha outros adereços que me esquentavam.

Quando vou saindo, vejo ao lado uma Igreja, Nossa Senhora do Salvador, se não tivesse a cabeça inclinada para a direita, seria Nossa Senhora Auxiliadora, aquela de cuja coroação participei, (quando era criancinha pequena lá em São Mateus).

Entrei, o Santíssimo estava exposto e havia adoradores. Conversamos um pouco, Ele e eu, depois sai à procura de um taxi. Um finalmente para, eu entro e vejo que o taxímetro começa com o n° 1, o de ontem, começou com 13,20.

Embora sendo chegante, tive certeza de que ele passou por caminhos desnecessários, acrescentando o velocímetro que deu 95 pesos, mas ele disse que eram 97. Paguei.

Mas o de hoje? Dê a nota você. O velocímetro marcava 35 pesos e ele disse: são cem pesos. Mas ontem paguei menos, retruquei, ele repetiu forte: ”são cem pesos”. (Equivale a 10 reais e aqui nenhuma corrida se paga mais isto) Paguei. Ao fechar a porta por onde sai, verificando que ainda ficara aberta, repeti o gesto, não bati e por isto a porta não fechou. Ele então gritou, gritou mesmo, comigo. Ai, dei-lhe as costas me dizendo: feche sua porta. Não é que confirmando que “toda regra tem exceção”, um uruguaio me mandou para a “pqp”?

Mas a camareira voltou a ser gentil e me ofereceu chá, a recepcionista continuou gentil e solicita, protestando alegrar-se por eu ter gostado do passeio que fiz.

Não se pode empanar o brilho de todos com a falta de educação de alguns.


Sacramento - Patrimônio da Humanidade


E pelo que meus leitores já notaram, escrevi bastante por lá. E conto outra: estamos no tempo dos tabletes, dos fones, seus congêneres e ainda se veem bastante os not books. Porque acho que pesa não levo o meu. Como escrevo? Aquelas folhas usadas que têm o verso em branco? Faço bloco com elas e ali é que entre as modernidades, posso ser vista a escrever a mão. O único problema é ter que passar a limpo depois.

sábado, 22 de setembro de 2012


Há quatro anos, enquanto a primavera chegava, você partia...
O pranto ainda jorra abundante dos nossos olhos e rola pela face...
Tudo que se faz é inútil, são vãs todas as tentativas de aplacar a dor imensa que sua ausência nos causa, a saudade sem tréguas que sentimos de você.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ELEIÇÕES MUNICIPAIS E A LEI 9.840/99


LEI 9.840.99 - ELEIÇÕES MUNICIPAIS E COMBATE
 À CORRUPÇÃO ELEITORAL

ESTE ARTIGO FOI PUBLICADO NO ANO DE 2000

 Depois de muitas articulações, coligações e outras iniciativas necessárias, foi deflagrado o processo sucessório, pode ser reeleição, dos atuais detentores do poder nos municípios da terra do Brasil.

 Neste ano, com particular característica, já que, agora, dispomos de uma lei capaz de coibir os abusos e absurdos que invariavelmente, vinham acontecendo em tempo de eleição, favorecidos pela falta de um meio eficaz e inibidor de tais desatinos.

Para que a lei valha, faz-se necessário que o milhão de signatários do projeto que a fez surgir, continue mobilizado, sentindo-se enriquecido pelas adesões posteriores e pela efetiva vontade que a todos nos possui de por um basta àqueles desmandos, facilitados pelo dinheiro, nem sempre limpo, de quem tem, o que possibilita o assalto ou a chegada ao poder, por parte de pessoas desqualificadas, despreparadas e que nunca deveriam conquistá-lo, porque no seu exercício, jamais se lembram que exercer um mandato político não é sobrepor-se aos concidadãos, mas estar a serviço deles. Não pode ser ensejo de auto promoção.

Pela Constituição cidadã, é reconhecido aos cidadãos brasileiros, o direito de apresentarem tanto em âmbito nacional, como municipal, projeto de iniciativa popular, um direito político, ao lado do plebiscito e do referendo. É exercido na forma da lei, mediante apresentação à Câmara dos Deputados com subscrição mínima, de um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

 Passaram-se quase onze anos da promulgação constitucional para surgir a Lei 9.840 de 28 de setembro de 1999, como resultado do primeiro projeto de iniciativa popular em nosso país, apresentado ao Congresso Nacional em 10 de agosto do mesmo ano. Modifica alguns dispositivos da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997 que disciplina sobre as eleições para os diferentes mandatos políticos de Vereador a de Presidente da República e fixa o primeiro domingo de outubro do ano respectivo para sua realização. Altera dispositivos do Código Eleitoral, a lei 4.737 de 15 de julho de 1965.

Com algumas emendas impressas pelos congressistas, as quais contudo não chegaram a desnortear os objetivos iniciais propostos, foi votado em tempo recorde. Apresentar emendas é faculdade que lhes assiste.

O Estado do Espírito Santo participou com 53.144 assinaturas, ficou atrás apenas de Minas Gerais, do Paraná e de São Paulo, o que nos autoriza a dizer que proporcionalmente ao número de eleitores, ficamos em primeiro lugar.

Foi a Comissão Brasileira de Justiça e Paz que considerando que dois terços da nossa população vive em absoluta carência, quanto mais de consciência política; que nesta faixa, por tais razões a compra de votos é facilitada, chegando a ser decisiva numa eleição, o que é nefasto e prejudicial à democracia; que depois de pesquisa a nível nacional, de audiências públicas e outras mobilizações, sentiu ainda mais, a gravidade do fato.

Por isto em fevereiro de 1997, fez lançamento de um projeto: "Combatendo a corrupção eleitoral" e de certa forma, dava continuidade a Campanha da Fraternidade de 1996, cujo tema foi "Fraternidade e Política".

E como forma concreta de alcançar um meio do qual se valer em tal combate, pela expressividade e pela força de que se revestiria, pensou no projeto de iniciativa popular. Não tardou para que a idéia atraísse muitas atenções. Compreendia-se que algo de muita importância estava por acontecer. Nem é que a corrupção eleitoral já não fosse tipificada como crime no seu Código. Mas é que a famosa lentidão da Justiça, decorrente até das manhas a que está sujeita uma tramitação processual, facilitava a impunidade. Impunha-se por conseguinte o surgimento de uma nova lei que agisse de imediato.

Para a redação do respectivo projeto foi formado um Grupo de Trabalho que veio a ser presidido pelo Dr Aristides Junqueira Alvarenga, ex-Procurador Geral da República, que foi quem o apresentou na Assembléia Geral dos Bispos Brasileiros. Era formado ainda pelo Dr. Dyrceu Aguiar Dias Cintra Jr., ex-juiz Eleitoral em São Paulo e pelo Dr. José Gerim Cavalcanti, Procurador Regional Eleitoral do Estado do Ceará.

Com a conquista da Lei, empenha-se a Comissão Brasileira de Justiça e Paz apoiada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em fazer valer o que nela está previsto. Neste sentido, nos dias que correm, há uma grande mobilização nacional, envolvendo as Comissões de Justiça e Paz em cada Estado, nas Arquidioceses e Dioceses. Como instrumento de divulgação, foi editado um livreto – publicado pelas Edições Paulinas, cujo título é VAMOS ACABAR COM A CORRUPÇÃO ELEITORAL, mediante um lema: VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM CONSEQUÊNCIAS. Redigido com clareza e precisão contém inclusive modelos das iniciativas que podem ser tomadas por quem a lei faculta. Além disto, disponibilizou muitas outras informações na sua página na internet (www.cbpj.org.br).

Pela nova Lei ocorreram duas inovações, a primeira é no sentido de que o candidato que de qualquer forma ou usando de qualquer artifício estiver comprando votos, além de receber a pena já prevista no código, com a tramitação do processo penal tradicional, terá mediante um procedimento sumário, seu registro cassado e ainda pagará uma multa. A outra, inibe o uso da máquina administrativa em favor da própria candidatura o que vai suceder com prefeitos candidatos à reeleição principalmente, pelo fato de poderem concorrer, sem ter que deixar o cargo.

Temos dito que mais do que de Democracia, importa falar em Cidadãos. Se existirem estes, aquela virá como consequência.

Qualquer cidadão brasileiro, qualificando-se, mencionando o número do seu título de eleitor, poderá proceder à representação da conduta do candidato ao Promotor Eleitoral da respectiva zona. Ao Promotor, compete representar o infrator junto à Justiça Eleitoral, mais precisamente ao Juiz Eleitoral, cujas funções na respectiva circunscrição correspondem as do Corregedor-Geral ou Regional mencionado na lei. Assim que tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, o Juiz deve reduzi-las a termo e determinar as providências que cada caso exigir.

Além do Promotor podem exercer a mesma faculdade, os partidos políticos, as coligações e mesmo quem for candidato.

Caso o Juiz retarde a decisão poderá haver representação direta ao Tribunal Regional Eleitoral que resolverá em 24 (vinte e quatro) horas.

Se quisermos, podemos mudar o curso da história que vem sendo escrita no período que antecede as eleições no Brasil, suas consequências se estendem além dos quatro anos dos mandatos dos que os conquistam desonestamente.

Que decidamos extirpar do cenário político os que galgam tais mandatos, valendo-se da carência dos milhares de eleitores sem condição de bem discernir, até pela fome, mediante compra do seu voto.

Tomara que não retardemos por mais quatro anos os resultados e as conquistas que o advento dessa lei nos traz, que ninguém venda seu voto, que ninguém se cale a vista do uso da máquina administrativa e não só denuncie, mas acompanhe a efetiva punição do transgressor.

Estaremos encurtando o tempo que nos separa da aurora de um dia com menos exclusão, com menos excluídos.




domingo, 16 de setembro de 2012

PORQUE ELAS MERECEM

LENDO A VIDA:  É tarde de domingo faço a opção que bom número de pessoas faz. Fui ao Shopping. Circulando, reparei que o que não faltam são crianças, criancinhas e todas as mais lindinhas. Não me contenho cumprimento as que posso, apenas acenando, ou dizendo uma palavra, apenas uma consolei. Estava com sono.



Eram muitas e surgiam de todos os lados,
crianças que com seus papais

vão passear no shopping

mesmo sem saberem o que seja.

São levadas, vão.

Notei mesmo, a maioria é toda bonitinha,

chamam papá ou pedem dá

acenam com pé ou mãozinha.

Mas eram muitos mesmo,

brinquei com alguns e fui

unanimemente correspondia.

Recebi até sorrisos que sequer solicitei,

mas é claro que correspondi. 
Diante dessas criaturinhas

inocentes e boazinhas,

não vi nenhuma chorar?

e dai como pois não se perguntar:

Por que ainda há quem ousa,

poluir céu, terra e mar,

destruir florestas, extinguir espécies

uma riqueza inteira mudar.

Adultos, por favor,

 tenhamos mais sensatez,

não destruamos plantas benfazejas,

culivemos o que pode faltar.

 As futuras gerações

não podem sofrer ou pagar

por desatinos que não cometeram

e um mundo carente ter que aturar.

sábado, 15 de setembro de 2012

ELE E ELA


LENDO A VIDA. É tarde, supus que faz parte da rotina deles,  enquanto o sol se põe, fazer um a caminhada à margem do Prata.  Atravessam rapidamente a grande avenida, aproveitando a parada dos carros ordenada pelo farol. No calçadão, a caminhada se inicia em bom e bem cadenciado passo,  mas não sem antes, ela ter o cuidado de dar o braço a ele e lá se foram até que se esgotou minha contemplação.

Montevidéu, 31 de agosto de 2012 – por volta das 17.

 

ELE E ELA

No princípio era ele

quem  dava o braço a ela.

Se estavam de mãos dadas,

quase um passo a frente,

Era ele quem a guiava.

 

Foi ele quem determinou

onde a família foi morar

de onde seria natural a prole

de quase tudo cuidava.

 

Depois, um a um os filhos

tomavam seus destinos

e se repetia com pequenas mudanças

a velha história.

 

Hoje, ambos têm

Significativamente, diminuídas as forças.

Ele está menos vigoroso,

diversamente, não se dirá dela.

 

Mas é ela que como se o tempo não tivesse passado,

mãos ao leme, conduz o barco.

Gerencia a casa, as contas, os negócios,

as próprias vidas dos dois.

 

Finalmente, e ainda,

contrariamente, a como era no princípio,

quando caminham,

quem dá o braço a ele é ela.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O VALOR DA TOLERÂNCIA


Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar.

E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um  lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro.

Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai.

Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato.

Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.

E eu nunca esquecerei o que ele disse: "Adorei a torrada queimada..."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.

Ele me envolveu em seus braços e me disse:

"- Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada...

Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. 

A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas.

E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias!

O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir as falhas do outro.

Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. 

Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. 

Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. 

Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar. 

A soma de nós dois montam o mundo que você recebeu e que te apoia, eu e ela nos completamos.

Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes."

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.
Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, a você e ao próximo.

Mensagem enviada por Anna Célia Dias Curtinhas,
a cronista em síntese.

domingo, 9 de setembro de 2012

UNIÃO ESTÁVEL, ALGUNS ENFOQUES

        Apesar da clareza com que penso que escrevi os diversos artigos já publicados sobre união estável, não me cessam de chegar e-mails de pessoas que os lêm, mas continuam com interrogações. Certamente, por detalhes particulares que guardam particular aspecto com a própria situação em que se encontram e que muitas vezes afligem.   

        Isto só consagra a certeza de que em se tratando de gente, mesmo que as aparências possam levar a crer que esse e aquele são o mesmo caso, pode não ser, ou não é. Gente é assim, cada pessoa é indivíduo.                
 
Voltemos a considerar o que diz a Constiuição e a Lei. A primeira diz que: - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (§ 3º). Proteção do Estado quer dizer se aplica a união estável e lhe são estendidos direitos e obrigações inerentes à sociedade conjugal com faculdade do respectivo exercício igualmente pelo homem e pela mulher. (§ 5º).
 
 Ambos segundo o art  226 que prevê: a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
 
A união estável se dá entre um homem e uma mulher, portanto é uma sociedade hetero sexual, é entidade familiar, está sob a proteção do Estado e deve ser facilitada sua conversão em casamento, é evidente que implica em os conviventes poderem-se casar.
 
A viúva e o viúvo que contrairem novas núpcias não perdem eventual pensão que recebam uma vez que esta, uma vez obtida, se integra como valor indispensável à sua sobrevivência. E mesmo que o outro tenha posses bastante, o direito não é retirado, é também patrimômino que o(a) beneficiado(a) levará, até como forma asseguratória às vezes somente como uma certa independência financeira, sempre tão útil em qualquer fase da vida.
 
Conviventes que depois de anos decidem casar, apenas transformam em de direito uma circunstância de fato em verdade. “Os anos de casa” que antecedem as núpcias não se apagam como se o casamento acrescentasse obrigações ou expurgasse um passado.
 
Por analogia, pode ser dito que o regime de comunhão de bens, anterior à lei é o universal, ao passo que depois dela, certamente, importa em ser interpretado como parcial, isto é, no caso de separação só será partilhado o que tiver sido adquirido pelo esforço comum dos dois. A herança que se constitui em expectativa de direito, se reserva igualmente, exclusivamente a quem for herdeiro(a).
 
Em todos os casos de litígio ou resolução não pacífica de partilha é necessário aferir pormenorizadamente as diversas circunstâncias. União estável como já foi dito é como no casamento, comunhão que se dá desde o afeto aos bens materiais, pelo que, quem se tiver acomodado deixando o peso do provimento da família somente a cargo de uma das partes não poderá arguir direitos.
 
Ai não se deve olvidar que a faina doméstica continuará a ser forma de concurso para os fins familiares. 
 
Mantenho o sobredito, escrito antes da decisão do Supremo Tribunal Federal  e mantenho, apesar dela.