sábado, 25 de agosto de 2012

MEDALHA CORA CORALINA


Vitória, 10 de março de 2008                               QUATRO ANOS DEPOIS

Querida Maria José




Se eu usasse a palavra genuflexa, seria um exagero, vez que tal atitude representa adoração e como dizem as escrituras: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. (Lc 4,8) Mas estamos na Academia e na Academia pode, contanto que se explique o porquê.  

Então vamos lá: a Academia hoje se põe, nada menos que genuflexa em sua frente para homenageá-la, querida Maria José.  Há em cada coração de Acadêmica, a mais profunda e sincera alegria pela sua vida, pelos seus longos e bem vividos  95 anos. 

Alegria que se funde com gratidão a Deus, que a distinguiu com tantos dons entre eles o da palavra de cuja fonte, querida, você continua sabendo extrair expressões que traduzem os sentimentos que continuam lhe inundando a alma e transbordam em verso e prosa com os quais você continua nos brindando. 

Você merece que sua trajetória de vida seja aqui desfiada como contas de um rosário para deleitar quem nos ouve. Quantas coisas, quantas façanhas, quantas lutas protagonizadas e aquelas vezes em que, “dedo em riche” repeliu alguém ou algo quem sabe? Certamente, nem tudo foram flores, mas quem disse que existem rosas sem espinhos? Sobretudo, quanta vida, quantos amanheceres, quantos arrebóis, quantas tempestades foram atravessadas, mas igualmente, quantas vitórias e quantas possibilidades de ver do alto a paisagem que se descortina do cume depois de mais uma escalada... 

Se continuar neste tom, não acabo hoje... E depois, estamos aqui para condecorá-la, para adornar-lhe o peito pelo mérito que lhe foi reconhecido de receber uma medalha cuja patrona é uma mulher de fibra, valorosa e guerreira, em tempos que a mulher pouco contava, mas cujos olhos não cerraram sem ver a libertação e o reconhecimento e aplausos pela obra que produziu no curso de sua vida, Cora Coralina, de quem a Acadêmica Maria do Carmo já nos falou. 

A AFESL instituiu esta medalha para brindar a quem realmente mereça, quem tenha produzido obras semelhantes à da poetisa, que lhe empresta o nome.  

Todas nós temos certeza que você a merece e eu estou muito honrada por ter sido escolhida para perenizar em sua lembrança e na dos seus familiares principalmente, desta sua fantástica filha Rainha, mas também da sua legião de amigos, toda a expressividade deste momento.  

Esta é a primeira Medalha do Mérito CORA CORALINA que a AFESL outorga. Você, Maria José, a primeira a ser com ela agraciada. E eu? A primeira a fazer tal entrega, só porque tive a idéia de instituí-la?  Confesso que me sinto homenageada igualmente e agradeço seja à Presidente da AFESL, Ester Abreu Vieira de Oliveira, seja às colegas que com ela acordaram para tanto.

Cumpre, pois, que a força do Espírito de Deus me ajude a reunir todas as forças da alma, todo o amor que existir em mim, toda ternura de que eu possa ser capaz,  que minhas mãos estejam purificadas de modo que quando a Medalha do Mérito “Cora Coralina” tocar-lhe o peito, carregue-o da aura benfazeja que vai emanar das minhas mãos as quais se somam às mãos de todas as acadêmicas.

A vida me ensinou que se deve dar a cada um o que é seu. Por tudo que lhe disse sei que você levaria sua medalha hoje para casa, lembraria de mim, de todo carinho que foi sempre uma recíproca entre nós. Tenho certeza que jamais cogitaria de que este momento pudesse ser diferente e até, sem falsa modéstia o digo, não porque não gostasse de qualquer outra acadêmica, mas gostou desta escolha.
 

Mas, tem um mas. Eu penso diferente e dou-me o direito de pensar diferente. Todo bem, todo amor, todo carinho, tudo que de melhor há que eu lhe possa oferecer fica muito aquém da intensidade que existe de tudo isto, em outra pessoa. Eu a amo, mas não tenho dúvida, uma pessoa há que a ama muito, muito mais.
 

E por isto, querida Maria José, declino em favor dela o privilégio que me foi dado, para mim fica valendo como se o tivesse feito...  Neste mundo que  anda de justiça tão carente, ao menos a que se pode, que se  faça  já.

 
Regina, (a filha) por favor aponha você esta medalha no peito de sua querida mãe.

 

 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


REVITALIZAÇÃO DA AMALETRAS 


POSSE DE NOVOS ACADÊMICOS
 
Eliezer Ortolani Nardoto, Marlusse Pestana Daher, Antonio Eduardo Barbosa,
Jonas Bonomo, Sebastião Pereira, Iluzinilda Neves Martins, Beatriz Barbosa Pirola, Eliane Queiroz Auer e Luiz Costa 
 
No dia 22 de agosto, como previsto, entre familiares e alguns amigos,  ocorreu a solenidade de revitalização da Academia Mateense de Letras e posse de seis novos acadêmicos.

Eliezer, Marlusse,Antonio Eduardo
A mesa foi composta pela Presidente e fundadora da Academia Mateense de Letras, Acadêmica Marlusse Pestana Daher, pelos Acadêmicos Fundadores Antonio Eduardo Barbosa e Eliezer Ortolani Nardoto. Presente a mesa ainda, o Vereador Carlos Alberto Barbosa  Alves, presidente da Câmara Municipal,  o advogado, José Antonio de Souza Mathias e a oradora oficial da solenidade, Acadêmica  Karina de Rezende Tavares Fleury, da Academia Feminina Espirito-santense de Letras.

Composta a mesa, acompanhados dos Acadêmicos Fundadores Antonio Eduardo Barbosa e Eliezer Ortolani Nardoto os empossandos foram trazidos aos lugares a eles destinados.


Os acadêmicos fundadores recebem as insígnias respectivas.

Iniciou-se a cerimônia de posse dos novos Acadêmicos. A Presidente convidou-os a se colocarem a frente: Poetisa, Beatriz Barbosa Pirola, poetisa Eliane Queiroz Auer; poetisa e declamadora Iluzinilda Neves Martins; escritor e teatrólogo Jonas Bonomo; poeta e ator Luiz Costa e o romancista, escritor Sebastião Pereira, interrogando-os:

1. As senhoras e os senhores pretendem pertencer  como membros efetivos da Academia Mateense de Letras. Foi-lhes dado a conhecer as finalidades que estão postas no Estatuto da AMALETRAS, para sua vitalidade e o serviço que deve prestar à sociedade.

2. Vossas Senhorias declaram conhecer o Estatuto da AMALETRAS E SUAS FINALIDADES?

 3. Vossas Senhorias prometem cumprir com fidelidade o Estatuto envidando todo esforço possível  no sentido que se cumpram?

Concluiu: ante suas respostas afirmativas, na condição de Presidente da Academia Mateense de Letras, declaro-os empossados como membros efetivos e no sentido que nas academias é dado ao termo, declaro-os também imortais.

O empossados receberam suas insígnias das pessoas pelos mesmos escolhidas, receberam o diploma e assinaram o termo de posse

Cadeira nº  3  -   Luiz Costa                   -    Graciano Santos Neves

Cadeira nº  4 -   Iluzinilda  Neves Martins -    Elza Cunha

Cadeira nº  5 -   Eliane Queiroz Auer            -               Mesquita Neto

Cadeira nº  7  -   Sebastião Pereira         -    Clarice Lispector

Cadeira nº  8 -  Beatriz Barbosa Pirola   -       Bartolomeu Campos Queirós

Cadeira nº   9 -  Jonas Bonomo              -      Castro Alves

Feita a leitura do currículo da Acadêmica Karina de Rezende Tavares Fleury pronunciou-se com extrema propriedade ao momento.

O terceiro momento foi marcado por entrega de títulos como membros honorários, segundo o art. 15 do Estatuto da AMALETRAS: receberam seus títulos: Iosana Fundão Azevedo, professora e diretora de escola, pessoa comprometida com os problemas sociais do município, atualmente alegrando o grupo da melhor idade; o advogado José Antonio de Souza Mathias, pelo seu compromisso com sua cidade, sendo pessoa prestigiada e querida pela sociedade; Karina de Rezende Tavares Fleury, sendo pouco, pelo muito que trouxe ao momento; o Professor da UFES, Renato Pirola, que dirigiu a entidade em São Mateus, finalizando sua carreira com o legado de uma magnífica biblioteca; a  Professora Vera Fundão Maciel Altoé, cujo entusiasmo e apoio a AMALETRAS cumpre ser reconhecido, o Vereador e Presidente da Câmara Municipal, Carlos Alberto Barbosa Alves que   ostentava seu título de Membro Honorário,  deixando  palavra de gratidão e apoio a toda iniciativa de igual porte. Outros agraciados não compareceram.

 
Pronunciou-se também o Dr. José A. S. Mathias que se demonstrou entusiasmado pelo que ouvira e exortou os jovens a seguirem os passos dos acadêmicos.

Encerrada a solenidade os presentes se dirigiram a um salão local para a comemoração de estilo.
 

  Saudação da Acadêmica Karina de Rezende Tavares Fleury

 UM PAUZINHO, DOIS ‘PAUZINHO’ 

Acadêmica Karina Fleury
De acordo com a tese aristotélica, “O homem é um animal social”. Ele tem a absoluta necessidade de agrupar-se, de unir-se a seus semelhantes não só para satisfazer aos seus desejos, mas também para satisfazer as suas necessidades materiais e de cultura, buscando, assim, alcançar a realização de um bem melhor.
Daí a constituição das comunidades em geral que compõem a estrutura de toda sociedade, tais como: as famílias, as igrejas, as escolas, as ONGs, as polícias, as redes sociais e, como não poderia deixar de ser, as Academias, sejam elas “mistas” (de Letras e de Artes, de Letras e de Música) ou “categorizadas” (de Médicos, de Maçons, de Letras Jurídicas).

O termo Academia remonta ao ano 387 a.C.. É que Platão fundou aquela que consideramos a primeira Academia da história: tratava-se de uma escola filosófica situada junto das muralhas de Atenas, no bosque Heros AKademos (daí o nome Academia). Naquela época, academia era, segundo o conceito dicionarizado, o “lugar aprazível e solitário em que Platão ensinava filosofia”, onde se buscava o conhecimento e o saber, pelo questionamento e pelo debate. Esse, como se sabe, é objetivo que movimenta os homens em todo tempo e lugar.

Ainda hoje, embora o formato da Academia, e aqui, por razões obvias, refiro-me às Academias de Letras, tenha se modificado ao longo dos séculos, tais objetivos não só não se perderam, mas também a eles foram somados outros tantos, como: incentivar, propor e desenvolver projetos e programas que despertem o gosto pelas letras, o aprimoramento da língua portuguesa e a elevação à cultura; pugnar pelo incentivo à literatura, principalmente no âmbito de sua atuação, em todo o território nacional e no exterior; promover cursos e concursos, seminários e conferências, debates e recitais; promover, desenvolver e divulgar a pesquisa nos diversos campos culturais. Como se pode perceber, não é pouco o trabalho, nem é inconsistente a responsabilidade de quem se propõe a ocupar um lugar no panteão da história. Filiar-se a uma Academia de Letras requer, acima de tudo, comprometimento.

Antes mesmo da fundação da matriarca de todas as agremiações literárias como conhecemos hoje, L’Académie Francaise, organizada pelo Cardeal Richelieu, em 1635, muitas surgiram e desapareceram; outras se reestruturaram e se renovaram. No Brasil, no fim do século XIX, alguns intelectuais começaram a se manifestar a favor da criação de uma academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa. O movimento tomou corpo e, em 20 de julho de 1897, realizou-se, no Rio de Janeiro, a sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, tendo como presidente Machado de Assis.

No Espírito Santo, o Bispo Dom Benedito foi quem primeiro presidiu a Academia Espírito-Santense de Letras, que é a nossa segunda entidade cultural mais antiga, antecedida pelo Instituto Histórico e Geográfico do ES e precedida pela Academia Feminina Espírito-Santense de Letras. Fundada em 04 de setembro de 1921, a AESL manteve, durante cerca de 60 anos, as suas portas fechadas para as mulheres intelectuais do Estado, sendo Judith Leão Castello Ribeiro a primeira mulher a tomar posse em 10 de setembro de 1981 (na ABL, Raquel de Queiroz foi a pioneira, eleita em 1977. E na Academia Francesa? Ah, lá a escritora belga Marguerite Yourcenar foi quem conseguiu transpor a barreira, em 1980, 345 anos depois da fundação da entidade). Porém, somente em 2002 é que veio o reconhecimento e a valorização da participação ativa da mulher escritora capixaba no espaço público: foi quando Maria Helena Teixeira de Siqueira sagrou-se a presidente da AESL (na ABL, foi Nélida Piñon, a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a referida Academia).

Talvez vocês estejam se perguntando por que eu abri tantos parênteses em minha fala, nesse último parágrafo; por que acentuei as informações sobre a presença da mulher nas Academias. Afinal, não estamos aqui hoje testemunhando a revitalização de uma Academia Feminina, não é mesmo? Sendo assim, seguem minhas explicações.

Como vimos, as Academias de Letras que até agora citei neste breve estudo foram idealizadas e fundadas pelos homens. As mulheres só foram aceitas décadas, ou mesmo, séculos depois. Valeram-se das mais diversas estratégias para escapar das amarras falocêntricas e, assim, ascender em sua condição social, econômica e cultural. Já vai longe o tempo em que as mulheres escritoras eram mal vistas e que seus escritos, constantemente desprestigiados. Quando muito, eram tidos como “literatura de moça”, inofensiva, inocente e sem qualidade literária.

No entanto, e graças a Deus por isso, já vai longe este tempo amargo. E a comprovação dessa minha assertiva está na história da Academia Mateense de Letras e na realização deste evento. A AMALETRAS, desde a sua fundação, em 16 de fevereiro de 2001, sob a presidência de Marlusse Pestana Daher, mostrou-se moderna no seu modo de ver, de pensar, de estar no mundo. Mesmo tendo passado por um período de inatividade, a AMALETRAS tem em sua gênese a voz da mulher ecoando entre a voz de seus pares. O que estamos presenciando aqui, nesta noite, é a reorganização e a posse de sete novos membros de uma instituição cultural que, agregando os mais nobres valores humanos universais, recupera o lema dos ideais iluministas que visa a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Isso é o bastante para me fazer lembrar uma das histórias contadas por Clarissa Pinkola Éstes, em Mulheres que correm com lobos (Rocco, 1994). O tema é a transmissão ancestral de valores. Um costume dos antigos reis africanos, escreve a autora. Chama-se “Um pauzinho, dois pauzinho” (p. 154) que aqui cito um excerto:

Na história, um velho está à morte, e chama a família para perto de si. Ele dá um pauzinho curto e resistente a cada um dos seus muitos rebentos, esposas e parentes. “Quebrem o pauzinho”, determina ele. Com algum esforço, todos conseguem quebrar seus pauzinhos ao meio.

“É isso o que acontece quando uma pessoa está só e sem ninguém. Ela pode ser quebrada com facilidade”.

Em seguida, o velho dá a cada parente mais um pauzinho.

“É assim que eu gostaria que vocês vivessem depois que eu me for. Juntem seus pauzinhos em feixes de dois ou três. Agora, partam esses feixes ao meio”.

Ninguém consegue quebrar os pauzinhos quando eles estão em feixes de dois ou mais. O velho sorri.

“Temos força quando nos juntamos a outra pessoa. Quando estamos juntos, não podemos ser quebrados” (ÉSTES, 1994, p. 154).

A lição de vida que o moribundo africano nos dá é aquela que, no senso comum, dizemos: a união faz a força! No entanto, chamo a atenção para o caráter antissexista, uma vez que as esposas são parte ativa do grupo (vale lembrar que, neste caso, o plural desse substantivo tem conotações culturais que não serão discutidas neste ensaio), e não segregário no que se refere à inclusão das crianças (“rebentos”) e às demais pessoas que fazem parte da “família” (“parentes”).

Juntos, todos são igualmente importantes para a manutenção da harmonia e do sucesso em prol de um bem comum. Reparemos que o título da história é “um pauzinho, dois pauzinho”, assim mesmo, no diminutivo. O desfecho da narrativa nos leva a entender que para se alcançar o sucesso, a coletividade (“dois”) tem de se perceber como um só corpo (“pauzinho”). Ressoa novamente a máxima de Platão de que o homem, este ser político, social, ancora-se em grupos para viver melhor: “Quando estamos juntos, não podemos ser quebrados”. É nesse sentido que justifico minhas reflexões sobre a AMALETRAS que, nesta noite, ao reinscreve seu nome na história da sociedade mateense, é por esta acolhida como parte fundamental de um todo que trabalha pela elevação da tradição literária e cultural da cidade de São Mateus.

E para finalizar, dedico-lhes, caros Acadêmicos da AMALETRAS, um trecho da mensagem proferida por Machado de Assis, na abertura da memorável sessão de fundação da ABL: “Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles o transmitam aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira”.


 

QUADRAS


havia mais que poesia,
havia sonho,
havia amor e havia
alegria como condimento.

o tempo não passava
congelara-se
quem disse que o tempo para,
tempo como vento sempre vai.

da vida que se leva,
é o que se leva da vida.
não se deixe levar pela vida.
leve a vida, você.

nem aos trancos e barrancos,
nem menos entre tapas e beijos
aprume-se olhar pra frente
é assim a vida da gente.

há enorme diferença
entre quem diz e não faz
entre quem cala e não consente
e te desconserta. simplesmente.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

AMIGOS/AS


Eu sempre achei que amigo é coisa para se guardar dentro do peito, debaixo de sete chaves, fui refletindo e encontrei exatamente o que me disse, quando se pensa que perdeu algum, é porque este nunca se teve.
A foto veio no fc de Liz Elisabeth Amâncio Pereira - Procuradora de Justiça - ES.

1ª  REUNIÃO ESTE ANO PARA REVITALIZAR A AMALETRAS CUJO GRANDE DIA ACONTECE AMANHÃ COM A PREENÇA DE FAMILIARES  E  AMIGOS.

Sebastião, Beatriz, Jonas, Marlusse, Luiz, Célia e Barbara

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CANDIDATÔMETRO

CANDIDATÔMETRO: USE PARA ESCOLHER SEU CANDIDATO

Eleitores conscientes ante o dilema em quem votar? No menos pior, mas quem é o menos pior? Discurso pelo avesso não se pergunta: qual é o melhor? Outro diz: "vou votar em Fulano, ele fez uma boa administração". A este ponto chega-se onde se quer chegar. Em que consiste uma boa administração? Só pode ser a que muda paradigmas. Uma administração que não se faça de aparências, mas que tenha descido ao mais profundo das necessidades dos cidadãos e tenha envidado o melhor esforço no sentido de dar a eles condição de vida melhor da que tinha antes, representada antes de tudo, por notáveis melhoramentos na educação.
Educação inclusiva, onde a escola seja todos os dias frequentada por todos os seus alunos, onde não se ensine apenas as disciplinas do currículo comum, as tais matérias: língua, ciências, inclusive religião e civismo, mas que desperte as aptidões que serão desperdiçadas, se cada um não for posto no seu pedestal para recebimento dos aplausos que bem merece. É imprescindível que o corpo docente seja visto motivado, bem vestido, alegre, recompensado pelos esforços que despende para construir a Nação.
Entra e sai ano, revezam-se os administradores, os partidos, mas o descaso com a questão continua, muitas vezes, credenciado pelas poucas letras de expressibilíssima parcela dos que galgam o cargo público e, com ele, o poder; que se veem tendo chegado lá, sem jamais terem aprendido o essencial, portanto prescindem de dar valor ao que importa.
Ao invés, ouviu "serem gabados" aqueles que constroem praças, asfaltam ruas, pintam postes, reformam algum prédio ou outro, fachadas e mais fachadas e o povo ainda que alforriado da ditadura dos coronéis se encanta com as cores e sentencia: temos um ótimo prefeito.

Como se vê, não é tão difícil quanto parece escolher o menos ruim (ou melhor), meça-se sua capacidade de derrubar barreiras, a primeira constituída de seu ego, optar pela dignidade da pessoa e crer que em suas mãos está o poder que é apenas para ser exercido como mandatário, jamais sobrepondo-se aos verdadeiros detentores dele, o povo.
Nota: este artigo foi escrito antes da divulgação de que o Estado ganhou mais uma medalha que ninguém quer, a dos piores índices em educação.


domingo, 19 de agosto de 2012

REDE DE ESCRITORES


REDE ESPIRITO-SANTENSE DE ESCRITORES

O estado do espírito santo está precisado de umA rede DE ESCRITORES.

UMA ASSOCIAÇÃO CIVIL, SEM FINS LUCRATIVOS COM A FINALIDADE DE REUNIR OS ESCRITORES DO ESTADO PROPICIANDO A TODOS MOSTRAREM SEUS TALENTOS E CONTIBUIREM PARA PROMOÇÃO DA LITERATURA por aqui.

Pode ser nos moldes da REDE INTERNACIONAL DE ESCRITORES, REDE BRASILEIRA DE ESCRITORAS E OUTRAS JÁ EXISTENTES.

TODOS OS QUE ESCREVEM SÃO CONVIDADOS A TOMAREM ASSENTO.

OS ATOS CONSTITUTIVOS surgIRÃO EM MOMENTO CERTO DEPOIS DE OBTIDAS ADESÕES.

É também para DAR RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS:

- POR QUE TANTA DIFICULDADE EM PUBLICAR E MAIS QUE ISTO DIVULGAR UMA OBRA?

- POR QUE NÃO SE VEEM OBRAS DE AUTORES CAPIXABAS NAS LIVRARIAS LOCAIS E MESMO EM BANCAS OU SUPErmercados?


Contato:  mpdaher@ig.com.br mpEntrar no Office.com

Comece a trabalhar na nuvem







sábado, 18 de agosto de 2012

UM GRANDE MOMENTO

Acadêmica Karina Fleury
A Professora, Mestra e Doutoranda em Letras Karina de Rezende Tavares Fleury, acadêmica da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, será oradora oficial na reabertura da AMALETRAS, dia 22 do corrente mês de agosto em São Mateus - ES.

Ela falará do momento, fará a saudação alusiva e de boas vindas aos novos acadêmicos.

Sua oração integrará os anais da Academia. Olhei pelo buraquinho da fechadura e gostei do que vi. Entre mais ela diz:

... Éstes, em Mulheres que correm com lobos (Rocco, 1994). O tema é a transmissão ancestral de valores. Um costume dos antigos reis africanos, escreve a autora. Chama-se “Um pauzinho,dois pauzinho” (p. 154) que aqui cito um excerto:

Na história, um velho está à morte, e chama a família para perto de si. Ele dá um pauzinho curto e resistente a cada um dos seus muitos rebentos, esposas e parentes. “Quebrem o pauzinho”, determina ele. Com algum esforço, todos conseguem quebrar seus pauzinhos ao meio.

“É isso o que acontece quando uma pessoa está só e sem ninguém. Ela pode ser quebrada com facilidade”.

Em seguida, o velho dá a cada parente mais um pauzinho.

“É assim que eu gostaria que vocês vivessem depois que eu me for. Juntem seus pauzinhos em feixes de dois ou três. Agora, partam esses feixes ao meio”.

Ninguém consegue quebrar os pauzinhos quando eles estão em feixes de dois ou mais. O velho sorri.

“Temos força quando nos juntamos a outra pessoa. Quando estamos juntos, não podemos ser quebrados”(ÉSTES, 1994, p. 154).

A lição de vida que o moribundo africano nos dá é aquela que, no senso comum, dizemos: a união faz a força!

E para finalizar, dedico-lhes, caros Acadêmicos da AMALETRAS, um trecho da mensagem proferida por Machado de Assis, na abertura da memorável sessão de fundação da ABL: “Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles o transmitam aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira”.

Dá para perceber que a fala será realmente magistral. E de quanto é importante que juntemos as forças por uma boa literatura.

Na oportunidade, serão outorgados a pessoas que se destacaram por algum fato, títulos de Membro Honorário da AMALETRAS, é uma faculdade do art. 15 do Estatuto. Muitas outras pessoas são merecedoras e a seu tempo serão lembradas.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


Há 62 anos, 15 de agosto de 1950, o Papa Pio XII proclamou solenemente a assunção de Maria ao céu. Maria foi assunta, não tinha poder de ascender isto é, por si mesma, o que aconteceu foi obra do Criador.

Desde os tempos pós-morte, ressurreição e ascensão de Jesus, sempre foi dito que sua mãe, o corpo virginal em que se fez homem o Filho de Deus, não provou o peso da terra, mas foi levada ao céu em corpo e alma, sendo recebida pelos anjos e coroada pelo divino Filho como Rainha.

Maria foi uma mulher como qualquer outra. Assistiu a paixão do Filho e o viu morrer, sofreu a mesma dor que sentem todas as mães diante de tal acontecimento. Ela sabia que embora trágica e da pior forma, era um momento que chegaria: uma espada de dor atravessaria o seu coração, como naquele dia em que ainda bebê ela o apresentou ao templo e o velho Simeão a avisou.

Todos ressuscitaremos com Cristo no último dia. Maria ressuscitou em seguida ao seu morrer e foi levada ao céu.

Ninguém jamais questionou abertamente, (é... há quem duvide, ou negue). A assunção de Maria em corpo e alma sempre foi crença pacífica, ainda que a Igreja porque age com cautela, não se pronunciou senão mil novecentos e cinquenta anos depois de Cristo sobre tal verdade.

Coube ao Papa Pio XII como sobredito, depois de muita oração e observância de muitos fundamentos – como a Igreja age sempre – a proclamar o dogma. Dogma é uma verdade de fé proclamada, não se discute mais. Escrevi: verdade de fé.  

Eu quero pensar Maria no céu, rodeada de anjos e ocupada em atender nossos pedidos intercedendo junto ao seu Filho por nós. Gosto até das coisas simples contadas por ai, como aquela história de que um dia, São Pedro sai do portão do céu e se depara com uma escada no muro e muita gente subindo e pulando para dentro do Jardim do Edem. Foi ver do que se tratava, era Maria facilitando a entrada daquela gente esquivando-se do controle enérgico do porteiro do céu.

Mas gosto ainda mais de pensá-la inquebrantável, sem gemido, aos pés da cruz, porque não obstante a tempestade do calvário, Maria nunca duvidou de que Deus é amor.

Esta Senhora me ensina muitas coisas todos os dias, por isto eu canto a Maria, como minha mãe!



Trecho da definição apostólica do dogma da

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA EM CORPO E ALMA AO CÉU

3. De fato, Deus, que desde toda a eternidade olhou para a virgem Maria com particular e pleníssima complacência, quando chegou a plenitude dos tempos (Gl 4,4) atuou o plano da sua providência de forma que refulgissem com perfeitíssima harmonia os privilégios e prerrogativas que lhe concedera com sua liberalidade. A Igreja sempre reconheceu esta grande liberalidade e a perfeita harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos sempre procurou estudá-la melhor. Nestes nossos tempos refulgiu com luz mais clara o privilégio da assunção corpórea da Mãe de Deus.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AMALETRAS
ACADEMIA MATEENSE DE LETRAS



Segundo seu Estatuto:



Art. 1º A ACADEMIA MATEENSE DE LETRAS é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de caráter lítero cultural, fundada no dia 16 de fevereiro de 2001, com sede no Sítio Histórico do Porto da cidade de São Mateus - Espírito Santo, onde também tem foro.

Parágrafo único: A Academia Mateense de Letras poderá ser nomeada pela sua sigla AMALETRAS.

Art. 2º A AMALETRAS tem como finalidades:

I - Reunir escritores cuja produção tenha valor humano, cívico e religioso, em qualquer dos gêneros de composição;

II - Despertar e incentivar talentos que possam contribuir para o alcance dos objetivos retro citados;

III - Promover iniciativas que divulguem as letras em todas as suas expressões e incentivem a produção literária;

IV - Patrocinar concursos literários em todas as áreas;

V - Colocar-se à disposição de todos quantos tenham iniciativas educativas, pedagógicas, humanas e culturais;

VI - Promover eventos de caráter cultural de qualquer expressão;

VII - Buscar apoios para intensificar a publicação de obras literárias;

VIII - Irmanar-se com toda e qualquer iniciativa que se relacione com ações em favor do meio ambiente como dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil.


Acadêmicos Fundadores:

Cadeira nº 1      Antônio Eduardo Barbosa

Cadeira nº 2      Eliezer Ortolani Nardoto

Cadeira n° 6      Marlusse Pestana Daher

Serão empossados:

Cadeira n° 3      Luís Costa

Cadeira n° 4      Iluzinilda Neves Martins

Cadeira n° 5      Eliane Queiroz Auer

Cadeira n° 7      Sebastião Pereira

Cadeira nº 8      Beatriz Barbosa Pirola

Cadeira n° 9 Jonas Bonomo


sábado, 11 de agosto de 2012

AMALETRAS EM CLIMA DE LEMBRANÇAS


Estou em São Mateus, onde ontem ficou definido quem efetivamente tomará posse na AMALETRAS – Academia Mateense de Letras, no próximo dia 22 deste mês de agosto, no Salão São Benedito, Praça do mesmo nome, a partir das 20 h: Beatriz Barbosa Pirola, Eliane Queiroz Auer, Iluzinilda Neves Martins, Jonas Bonomo, Luiz Costa e Sebastião Pereira. Outros, por motivos particulares adiaram suas respectivas posses.
Serão concedidos títulos de sócio honorários a autoridades locais, a todos os atuais Vereadores, no dizer do Acadêmico Fundador Eliezer Ortolani Nardoto, como merecedores a partir de vencerem difícil eleição e exercerem a função democrática mais perto da população.
Precisava encontrar o violonista Sozigenes. E sem querer, me vi na frente de sua relojoaria. Ele primeiro me confundiu com minha irmã Rachid, depois quando me reconheceu, ganhei um grande abraço.
Falei-lhe do meu propósito de voltarmos a apresentar-nos juntos com o que ele concordou entrando logo em contato com Lorinho, o bom de violão, e marcamos “um tom” para o dia da posse da Academia.
A saudade que anda rondando Sozigenes o fez ir procurar numa pasta, fotografias antigas que “só empresetou porque era a mim”, mediante promessa que cumprirei fielmente de devolver na próxima semana. Para tanto, já escaneei as quatro com as quais ilustro esta nota.
Necessitamos resgatar valores da nossa terra e fazer com que, quem tem dons tenha oportunidade de exercitá-los, mostrar e receber aplausos.

Nas fotos, Sozigenes entre músicos entre os quais, o imortal Bené e o cantor Jorge Afonso.
 Banda Marcial

O CHAFARIZ
Os acadêmicos aprovaram o Chafariz do Porto como logomarca da AMALETRAS. São seis os acadêmicos fundadores: Antonio Eduardo Barbosa, Eduardo Durão Cunha, Eliezer  Ortolani Nardoto, Herineia Lima Oliveira, Marlusse Pestana Daher e Roberto de Souza Lê. Eram seis as nascentes que formavam a “Biquinha” que fornecia água ao chafariz, onde a população pegava água. Assim como das seis nascentes corria água boa e dessedentava a população de nossa terra, que os seis fundadores sejam como elas, nascentes de boas letras e os que vierem depois continuem a ser fonte generosa de leituras que registrem a história e produzam em prosa e verso o que houver de melhor nesta terra do Cricaré e alhures.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

BOITATÁ

O Boitatá ocupou minha imaginação de menina como um ser extranormal sem nada a ver com o que depois consegui e resolvi publicar. Gosto de lendas, pretendo escrever mais algumas. Quem me quiser subsidiar, far-me-á grande prazer.

De origem tupi-guarani, o termo Boitatá (Baitatá, Biatatá, Bitatá ou Batatão), é usado para designar, em todo o Brasil, o fenômeno do fogo-fátuo e deste
derivando algumas entidades míticas, um dos primeiros registrados no país.

O termo mais difundido é boitatá. O termo seria a junção das palavras tupis boi e tatá, significandocobra e fogo, respectivamente - ou ainda de mboi - a coisaou o agente. Significa, assim, cobra de fogo, fogo da cobra,em forma de cobra ou coisa de fogo.

Sobre a etimologia, escreveu Couto de Magalhães que "como a palavra o diz, mboitatá é cobra-de-fogo'" (in: O Selvagem, Rio de Janeiro, 1876).

No Centro-Sul é chamado de baitatá ou batatá e até mesmo de mboitatá. Na Bahia aparece como biatatá. Em Minas Gerais chamam-no de batatal. No Nordeste é comum o termo batatão. Nos estados de Sergipe e Alagoas recebem os nomes de Jean de la foice ou Jean Delafosse.[2]

Em 1560 registrou o Padre José de Anchieta:

"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza." (in: Cartas, Informações, Framentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio de Janeiro, 1933)

No folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas.

A causa desse mito pode ser explicada com uma reação química, ossos de animais, como bois, cavalos etc. que são ricos em fósforo branco, que é um material inflamável(diferente do fósforo vermelho que é usado como medicamento), se aglomeram em um lugar, o osso começa a se decompor, e sobra apenas o fósforo. Quando um raio ou faisca, entra em contato com os ossos semi-decompostos causa uma enorme chama.

A palavra, de origem indígena como a lenda, tem o significado de cobra (mboi) de fogo (tata), sendo Mbãetata em sua lingua original. Pensaram entao, em juntar as duas palavras (mboi e tata) para transforma-las neste mito: Boitatá.

Na obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com este nome que descreve bem o que seja a lenda. Há registro de que a primeira versão da história foi feita pelo padre José de Anchieta, que o denominou com o termo tupi Mbaetatá - coisa de fogo. A idéia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, "Veio a imagem da marcha ondulada da serpente". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura aparece da seguinte maneira: um touro de "pata como a dos gigantes e com um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".

A versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa região, narra a lenda que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar. e de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.

Ainda hoje, esta lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada, inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”, de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio Boitatá. A serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá com a Mula-sem-cabeça”, onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários seres do nosso folclore. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão, "Uaná, um curumim entre muitas lendas" [5], em que a serpente, também comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações divertidas como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo, conseguiu colocar uma foto sua na internet. Apesar do tamanho gigante, a serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”. Também José Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no gênero feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens, quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.