quinta-feira, 21 de abril de 2011

ALVÍSSARAS MARIA HELENA!

Maria Helena Teixeira de Siqueira voltará a ser foco de homenagens na Academia Feminina Espírito-santense  de Letras, depois de o seu nome ter sido dado à Cadeira 40, pois, além de ficar imortalizado, como literariamente se diz, significa que toda mulher que vier a ocupá-la como Acadêmica titular a terá como Patrona. Desta feita, por ocasião do II Encontro Capixaba de Escritoras (12 a 14 de maio deste ano), quando o jovem Acadêmico Anaximandro Amorim apresentará faces de Maria Helena discorrendo sobre o tema que intitulou: As várias frentes de Maria Helena Teixeira de Siqueira: Escritora, Mãe, Mulher.
Não tive oportunidade de conhecer Maria Helena mais a fundo. É verdade que tivemos uma convivência acadêmica em que nunca lhe neguei o que foi merecendo: estive em sua posse como Presidente da Academia Espírito-Santense de Letras a qual ela pertencia também, inclusive elogiei o seu discurso de posse com o que se demonstrou lisonjeada. Compareci ao lançamento do seu último livro “Janelas Abertas”. Sempre comentei, quando gostava, seus artigos publicados semanalmente no jornal A GAZETA. Mandei-lhe mensagens de aniversário e por ocasião do Natal. Dela recebi um cartão de bons augúrios quando assumi função particular na AFESL.
De colegas-amigas mais próximas dela, ouvi maravilhas a respeito de sua generosidade, mas Maria Helena não tinha a mesma facilidade de permitir à maioria ter igual sorte, podendo melhor conhecê-la e ainda mais amá-la.
Aqueles olhos verdes cintilantes podiam passar do derretimento em ternura que testemunhei diante de uma sua neta, à improvisa incógnita mesmo de como abordá-la.
Não tenho dúvidas, se tratava de uma mulher virtuosa e sensível como expressam seus versos, a cadência melódica de sua prosa, a capacidade de fotografar com palavras o frescor de sua terra de nascimento, os Pampas e sua terra de eleição, a Capixaba.
Como na última reunião da Academia falamos do II Encontro, falamos dos temas que seriam abordados e de Maria Helena. Diversas Acadêmicas tiveram palavras elogiosas em homenagem à sua lembrança, coisas que para ela não teem mais nenhuma importância. Poderiam tê-la feito sentir-se amada e dar-lhe até mais desenvoltura no estar entre nós e outras gentes, se tivessem sido ditas enquanto ela ainda estava aqui.
Não digo que não é válido prestar homenagens póstumas, mas por que calamos elogios aos vivos? Por que não homenageamos em vida, quem merece? Por que não adotamos a moderna “terapia do elogio” que deve ser praticada de um forma muito sincera, jamais se nossos motivos se traduzem no alcance de uma meta pessoal, algum título, um certo status...
Por outro lado quem recebe o elogio, não é para emproar-se ou se colocar num pedestal, acima de tudo e de todos, pensar que é mais. Há muita gente inteligente, ótima. Cada um tem um pouco e nos completamos. Depois, como bem diziam os antigos, “o fim de todos são iguais sete palmos”.
O elogio constrói, o elogio ajuda a produzir, o elogio anima a caminhada, auxilia na obtenção de forças. É aplauso. O elogio chama para perto.  Curiosamente, as pessoas calam. Talvez até reconheçam o brilho, o mérito, o arrojo do seu semelhante, mas não dizem. Seria medo de perder? O quê? Seria obstinação de não ser o primeiro, ter a iniciativa, dar o primeiro passo? Que pena!
Já li muitas coisas ditas e sobre a Madre Teresa de Calcutá, mas de tudo que li “guardo e sei de cor” um trecho de uma sua fala numa oportunidade de recebimento de uma das tantas homenagens que lhe foram prestadas: “Durante todo esse tempo em que trabalho com os mais pobres, tenho entendido sempre mais que o pior dos males, não é a lepra, nem a tuberculose, mas a sensação de não ser querido, de não ser amado”.
É o amor: “love is a many splendored thing”, “que mexe com a minha cabeça e me deixa assim”, “o amor é tudo que eu sonhei”, etc.
E viva Maria Helena! E vivam todas as Marias Helenas! E se preste homenagem a Maria Helena Teixeira de Siqueira, seus filhos talvez venham a conhecer na oportunidade, um aspecto de sua vida que só quem perscrutou descobriu e dirão: obrigado.
Eis o que pensei dizer quando escrevi “Maria Helena”. Comecei, tive que fazer outras abordagens, preferi deixar essa parte para depois, quando disse: voltarei ao tema. Ele aqui está.
Finalizando, formulo votos, antes a mim mesma e só depois a quem espontaneamente, quiser ser destinatário: façamos ao outro, tudo o que quisermos que a nós seja feito, em síntese: amemos o outro, como amamos nós mesmos. (JC).