quarta-feira, 22 de junho de 2011

MÃE INDIA

            Ganhei um calendário deste ano, pequeno, desses que vai-se virando as páginas à medida que os meses passam.  Tem sempre uma figura ilustrativa e abaixo, o mês que transcorre.
Cada figura representativa de mulher vai demonstrando a grandeza dessa espécie do gênero humano. Todas muito lindas, mas a que mais me impressionou, tocou, silenciou, fez refletir, foi a que representa uma índia despida, agachada, na coxa esquerda o filho de meses que ela segura; com a outra mão, a direita, segura com carinho um pequeno animal que avidamente lhe suga o peito.
Não há qualquer indicação de quem fotografou ou pintou em tela aquele momento mágico, mas que importa, se o que importa é a certeza de que alguém tendo estampado tal momento o fez com uma índia, não com qualquer mulher branca, ou de outra raça diversa da sua. Só ela por sua natureza de tal gesto é capaz.
Sinto sempre uma grande pena dos índios que se deixaram civilizar, daqueles que se tornaram milionários e como outro empresário qualquer, precisa de viver em casa com muros altos, cachorros bravios soltos circulam em volta, além de também bem alta cerca elétrica, para que ninguém ouse penetrar onde guarda um tesouro.
Cacique Seattle
A perda de identidade desses povos significa perda irreparável para a raça humana, para a vida, para a biodiversidade, para a sustentabilidade. Dificilmente, se encontrará um outro autor que crie um outro Cacique Seatlle que seja suficientemente audaz diante de um Presidente egoísta que lhe quis comprar floresta, terras, espaço a quem respondeu: Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.        
É essa identidade com a terra o sentir-se parte dela que faz a mãe índia repartir do próprio peito o leite com que alimenta o próprio filho. É a certeza de que      a terra é dom de Deus e os frutos que ela produz são de todos.     
Ao menos tivéssemos colhido os tesouros da identidade índia perdida, a terra não estaria em agonia.

                                                                 (Nova postagem por ter sido cancelado por engano).